Não é de hoje que os ritmos brasileiros fazem sucesso no exterior. Quem mora fora do Brasil sabe o quanto os gringos amam a nossa música. Tanto que muitos artistas, seja nas américas ou na Europa, acabam sendo influenciados e até incorporam algum estilo brasileiro em seus trabalhos.

Este é o caso do Zuco103, um conjunto musical holandês que se influenciou tanto pelos ritmos brasileiros, que acabou criando um estilo próprio, o Brazilectro, uma mistura de música eletrônica com ritmos brasileiros.

Contudo, no Zuco103, a influência da música brasileira veio de dentro do próprio grupo. A co-fundadora e vocalista da banda é Lilian Vieira, uma nativa de Teresópolis, região serrana do Rio de Janeiro, que se mudou para a Holanda com 23 anos e, durante estudos no conservatório de música de Rotterdam, conheceu os colegas que mais tarde a convidaram para formar um grupo, inicialmente chamado de Rec.a. O trio, formado pelo tecladista Stefan Schmid e o baterista Stefan Kruger, começou a trabalhar junto, explorando sobretudo o repertório musical da terra natal de Lilian.

“A gente é um grupo teimoso. Escolhemos um caminho que não é o mais fácil, mas sim que dá mais prazer. É fazer o que a gente gosta. E quando a gente vive fora por tantos anos, a gente fica mais brasileiro do que nunca”, diz Lilian referindo-se ao estilo musical do grupo.

“A gente misturava drumbase, ritmo eletrônico, com música brasileira, principalmente maracatu. E deu certo. O Stefan (o tecladista) falou que era uma música brasileira elétrica”, conta a vocalista.

A fusão livre de música brasileira, eletrônica, funk e jazz os aclamaram como pioneiros do Brazilectro, nome criado pelo tecladista para descrever o som da banda. Ele acabou criando um conceito que ficou conhecido internacionalmente.

Eles lançaram o primeiro álbum em 2000, e o primeiro álbum completo em 2006, “Whaa!”, que alcançou a 11ª posição nas paradas da Billboard World Music dos Estados Unidos. Um artigo sobre o grupo na Billboard era o que eles precisavam para despontar de vez.

“Depois que a Billboard escreveu um artigo sobre a banda as portas se abriram não somente na Europa, mas no mundo todo. Tocamos no Japão, na África, sempre em eventos soltos, festivais. Nos Estados Unidos, tocamos uma vez no SOB’s, em Nova York”, lembra Lilian.

A vocalista é também autora de todas as letras do Zuco 103, que canta em português. O lírico fica por conta do restante da banda, que hoje tem na sua composição, além do tecladista e baterista, um guitarrista, percussionista e baixista.

Telenova, o nono álbum

Zuco 103 acaba de lançar o seu nono álbum, “Telenova”. Embora o grupo seja considerado veterano dada as mais de duas décadas tocando juntos e a longa discografia, esse novo álbum é, segundo Lilian, quase que um recomeço.

“Telenova é um produto da pandemia. Trabalhamos juntos virtualmente e quando deu para voltar a se encontrar gravamos. Levamos dois anos para gravar esse álbum. Eu não imaginei que fosse sair”, conta ela.

A pandemia do Covid-19 deu à banda um momento para fazer uma pausa em sua agenda lotada de turnês e voltar ao básico. O resultado é uma coleção de canções intimistas, funk e grooves brasileiros e afro-cubanos. “Uma reflexão, uma reação a tudo que vivemos”, enfatiza Lilian, exaltando a química natural do grupo e a capacidade de se reinventarem e buscarem novas aventuras musicais.

Zuco 103 está apenas começando a turnê do “Telenova”, que foi oficialmente lançado em abril. Por enquanto, uma passagem pelos Estados Unidos não está na programação.

“Não sei o que está acontecendo com esse disco, mas a gente está chegando a muitos lugares. Voltar a Nova York é um sonho”, completa Lilian.

Para saber mais sobre Zuco 103 e o último álbum do grupo, visite o site: https://zuco103.com ou o Instagram @zuco103music.

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