Em uma entrevista coletiva um tanto quanto desconexa na terça-feira (7), o presidente eleito Donald J. Trump se recusou a descartar o uso de coerção militar ou econômica para forçar o Panamá a abrir mão do controle do canal que os Estados Unidos construíram há mais de um século e pressionar a Dinamarca a vender a Groenlândia aos Estados Unidos.
Trump repetidamente retornou ao tema do sacrifício americano na construção do canal e acusou a China, falsamente, de operá-lo hoje. Quando pressionado sobre a questão se ele poderia ordenar que os militares forçassem o Panamá a desistir dele — em violação aos tratados e outros acordos firmados durante o governo Carter — ou fazer o mesmo com a Groenlândia, ele disse: “Não, não posso garantir nada sobre esses dois.”
“Precisamos deles para a segurança econômica — o Canal do Panamá foi construído para nossos militares”, ele disse. Questionado novamente se ele descartaria o uso de força militar, ele disse: “Não vou me comprometer com isso. Você pode ter que fazer alguma coisa.”
As declarações de Trump confirmam seus repetidos apelos para expandir o território americano a um novo nível, um que está fadado a perturbar três aliados americanos — Panamá, Dinamarca e Canadá, o qual ele já zombou ser o “51º estado” da América. Na terça-feira, ele deixou claro, porém, que não estava brincando, sugerindo que se o Canadá permanecesse um estado soberano, o custo financeiro para sua relação comercial com os Estados Unidos poderia ser esmagador.
As novas declarações mostram que o presidente eleito aborda a política externa americana com a mente de um empreendedor imobiliário com uma propensão a tomar território.
As ameaças, vagas como de costume, foram apenas parte da série de declarações que Trump fez sobre seus planos quando assumir o cargo em menos de duas semanas. Ele disse que o Golfo do México será renomeado como “Golfo da América”, embora não tenham ficado claro o quão sério ele falou sobre o assunto.
Trump também reiterou sua ameaça de que “o inferno vai explodir no Oriente Médio” se os reféns mantidos pelo Hamas não forem libertados até o dia da posse, repetindo a ameaça quatro vezes.
Como os líderes mundias respondem as ameaças de trump?
O ministro das Relações Exteriores do Panamá, Javier Martínez-Acha, disse aos repórteres na terça-feira (7) que o país nunca entregaria o Canal do Panamá a nenhum país.
“A soberania do nosso canal é inegociável e faz parte da nossa história de luta e uma conquista irreversível”, disse ele. “As únicas mãos que controlam o canal são panamenhas e continuarão assim.”
O primeiro-ministro da Groenlândia, Mute B. Egede, rejeitou os projetos de Trump para o território. “A Groenlândia pertence ao povo da Groenlândia”, disse ele. “Nosso futuro e luta pela independência são nossos negócios.”
Já a liderança do Canadá reagiu com raiva à ameaça do presidente eleito de usar “força econômica” contra o país para adquiri-lo, com o primeiro-ministro Justin Trudeau dizendo em uma postagem nas redes sociais que “não há a mínima chance de o Canadá se tornar parte dos Estados Unidos”.
Fonte: The New York Times