Sindicatos de funcionários federais e advogados estão pedindo aos funcionários do governo que não aceitem uma oferta do governo Trump para renunciar aos seus empregos até 6 de fevereiro e receber seus salários até o final de setembro.

A oferta veio em um e-mail que dizia aos funcionários que eles tinham até 6 de fevereiro para aceitar o acordo. Chamando-o de “programa de demissão diferida”, qualquer um que desejasse renunciar era instruído a responder ao e-mail com a palavra “Resign” e clicar em “Enviar”.

Quase imediatamente após o memorando chegar às caixas de entrada, os funcionários federais começaram a compartilhar sua falta de entendimento, raiva e descrença em mídias sociais.

Vários funcionários federais disseram à NPR que, antes da semana passada, nunca tinham recebido nenhuma comunicação diretamente do Office of Personnel Management (OPM). Alguns até questionaram se o e-mail era real.

E muitos deles não entenderam se no caso de renunciarem terão que continuar trabalhando até setembro.

“Representamos pessoas que fazem segurança cibernética na NASA e em outros lugares. Representamos cientistas, engenheiros. Nos estaleiros da Marinha, representamos pessoas que preparam esses submarinos e esses porta-aviões para irem ao mar para dar suporte ao nosso pessoal da Marinha”, disse Matthew Biggs, presidente da Federação Internacional de Engenheiros Profissionais e Técnicos (IFPTE) à NPR. O IFPTE representa cerca de 30 mil funcionários federais, incluindo funcionários da NASA, do Corpo de Engenheiros do Exército, do Departamento de Defesa e do Departamento de Justiça.

“E se todas essas pessoas aceitarem a oferta? O que as suas saídas significariam para a capacidade do governo de cumprir com suas responsabilidades?

“A qualidade vai cair”, disse Everett Kelley, presidente da Federação Americana de Funcionários do Governo, o maior sindicato de funcionários federais, ao The New York Times. “Porque essas são as pessoas que têm o expertise. E quando a qualidade começa a cair, o que mais você pode fazer além de dizer: ‘O governo federal falhou conosco.’”

Ela e outros temem um êxodo de trabalhadores experientes: mais de um quarto dos funcionários federais tem 55 anos ou mais, de acordo com o Pew Research Center. Mais da metade tem bacharelado ou pós-graduação. Na Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional, que tem sido um alvo particular nos últimos dias, dois terços dos mais de 4.600 funcionários têm doutorado, mestrado ou outra pós-graduação, de acordo com o Pew.

Os aliados de Trump rejeitaram tais preocupações. A Casa Branca disse que espera que 5 a 10 por cento da força de trabalho federal, cerca de 200.000 pessoas, aceitem a oferta.

Repressão ao trabalho remoto

Embora alguns funcionários federais sejam totalmente remotos, a maioria em um determinado dia está trabalhando pessoalmente em um escritório, de acordo com um relatório de 2024 do Office of Management and Budget. Ainda assim, dezenas de milhares têm trabalho remotamente pelo menos vários dias por semana durante os últimos anos, e o governo Trump tem sido direto ao dizer que quer que todos os funcionários trabalhem em um escritório em tempo integral.

“Não queremos que eles trabalhem em casa, porque, como todos sabem, na maioria das vezes, eles não estão trabalhando, não são muito produtivos”, disse Trump na quarta-feira (29).

Com o fim do teletrabalho, ele acrescentou, “Achamos que um número muito substancial de pessoas que não aparecerá para trabalhar e, portanto, nosso governo ficará menor e mais eficiente, e é isso que temos procurado fazer por muitas e muitas décadas.”

Legalidade da oferta

Líderes sindicais, autoridades eleitas e advogados trabalhistas dizem que a oferta do governo pode nem ser legal, em parte porque contorna a discrição da agência individual e os acordos sindicais já em vigor. Alguns disseram que o Office of Personnel Management provavelmente não tem autoridade para fazer tais ofertas. Além disso, atualmente não tem orçamento para respaldar a oferta, já que o governo só tem orçamento aprovado até meados de março.

Fontes: NPR e The New York Times 

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