Na quinta-feira (9), o Departamento de Justiça apresentou acusações criminais federais contra o ex-presidente Donald J. Trump, acusando-o de manipular documentos confidenciais que ficaram em sua posse ao deixar o cargo e, em seguida, obstruir os esforços do governo para recuperá-los.
Trump confirmou em sua plataforma de mídia social “Truth Social” que ele havia sido indiciado. As acusações contra ele incluem: reter intencionalmente segredos de defesa nacional em violação da Lei de Espionagem, fazer declarações falsas e conspirar para obstruir a justiça.
É a primeira vez que um ex-presidente enfrenta acusações federais. Isso coloca o país em uma posição extraordinária, dado o status de Trump não apenas como ex-comandante-em-chefe, mas também como o atual favorito para a indicação presidencial republicana de 2024.
Espera-se que Trump se entregue às autoridades na próxima terça-feira, de acordo com uma pessoa próxima a ele e seu próprio post em sua plataforma Truth Social.
“A administração corrupta de Biden informou a meus advogados que fui indiciado”, escreveu Trump, em uma das várias postagens por volta das 19h de quinta-feira, depois que ele foi notificado das acusações. Em um vídeo divulgado mais tarde, Trump declarou: “Sou um homem inocente. Eu sou uma pessoa inocente.”
A acusação argumenta que Trump passou mais de um ano consistentemente obstruindo os esforços dos Arquivos Nacionais e da Administração de Registros e do Departamento de Justiça de recuperar centenas de registros governamentais confidenciais que ele levou consigo quando saiu da Casa Branca.
Embora a natureza de alguns dos documentos encontrados na posse de Trump seja conhecida – ele tinha cartas do ditador norte-coreano Kim Jong-un, por exemplo – ainda não está claro quais outros materiais confidências foram encontrados em Mar-a- Lago, sua propriedade na Flórida, e se houve algum dano à segurança nacional.
Trump foi gravado dizendo que sabia que tinha documentos confidenciais
Trump repetidamente caracterizou a investigação como uma caça às bruxas com motivação política. Contudo, ele foi gravado dizendo que sabia que tinha documentos confidenciais.
O ex-presidente declarou em uma reunião em julho de 2021, seis meses depois de deixar a Casa Branca, que um documento à sua frente era “classificado” e “altamente confidencial”. Essa reunião já havia sido relatada, mas novos detalhes dos comentários específicos de Trump parecem demonstrar explicitamente que ele estava ciente de que os materiais que ele havia levado da Casa Branca incluíam informações confidenciais. A gravação pode tornar-se peça-chave no caso contra ele, já que ocorreu em julho de 2021, quando funcionários do Arquivo Nacional já haviam passado pelo menos dois meses pressionando os representantes de Trump a devolver os documentos que acreditavam que ele possuía.
As acusações contra Trump
• Retenção não autorizada de documentos de segurança nacional – É crime reter documentos de segurança nacional sem autorização e deixar de entregá-los a um funcionário do governo autorizado a ficar com eles.
• Conspiração – É crime concordar com outra pessoa para infringir uma lei.
• Obstrução – É crime ocultar registros para bloquear um esforço oficial.
• Declaração falsa – É crime prestar declaração falsa a um policial sobre fato relevante para uma investigação.
• Manuseio impróprio de documentos oficiais – Quer os documentos se relacionem ou não com a segurança nacional, é crime ocultar ou destruir documentos oficiais.
Outras investigações em andamento
A acusação, apresentada pelo escritório do procurador especial, Jack Smith, ocorre cerca de dois meses depois que promotores de Nova York apresentaram mais de 30 acusações criminais contra Trump em um caso relacionado a um pagamento clandestino feito a uma atriz pornô antes das eleições de 2016.
Trump continua sendo investigado pelo Departamento de Justiça por seus amplos esforços para manter o poder após a sua derrota nas eleições de 2020 e como esses esforços levaram ao ataque de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio por uma multidão pró-Trump. Ele também está sendo investigado por possível interferência eleitoral pelo escritório do promotor distrital em Fulton County, Geórgia.
Fonte: The New York Times