Um júri de Manhattan considerou na terça-feira (9) o ex-presidente Donald J. Trump culpado de abusar sexualmente e difamar E. Jean Carroll e concedeu a ela uma indenização de US$ 5 milhões por danos. Mais de uma dúzia de mulheres acusam Trump de má conduta sexual. Por enquanto, este é o único caso confirmado por um júri.
As conclusões são civis, não criminais, o que significa que Trump não foi condenado por nenhum crime e não enfrenta pena de prisão.
No caso, o júri federal composto de seis homens e três mulheres concluiu que Carroll, 79, ex-redatora, havia provas suficientes de que Trump a abusou sexualmente há quase 30 anos em um camarim da loja de departamento Bergdorf Goodman. O júri, no entanto, não considerou que ele a estuprou, como ela havia afirmado.
O júri também considerou que Trump difamou Carroll em outubro, quando ele postou uma declaração em sua plataforma Truth Social chamando o caso dela de “uma fraude completa”. O advogado do ex-presidente disse que pretende recorrer da decisão.
Em uma declaração, Carroll disse: “Abri esse processo contra Donald Trump para limpar meu nome e recuperar minha vida. Hoje, o mundo finalmente conhece a verdade. Esta vitória não é apenas para mim, mas para todas as mulheres que sofreram porque não foram acreditadas”.
Em uma postagem no Truth Social após o veredicto, Trump continuou a insistir que não conhecia Carroll: “Não tenho absolutamente nenhuma ideia de quem é essa mulher. Este veredicto é uma desgraça – uma continuação da maior caça às bruxas de todos os tempos!”, disse.
Durante o julgamento, Carroll, uma ex-colunista da revista Elle, que era bem conhecida nos círculos da mídia de Manhattan, testemunhou que o ataque ocorreu após um encontro casual em uma noite na Bergdorf’. O Sr. Trump, disse ela, pediu-lhe para ajudá-lo a comprar um presente para uma amiga.
Eles foram parar na seção de lingerie, onde ele a direcionou a um provador, fechou a porta e começou a abusá-la. Ele a empurrou contra a parede e, usando seu peso para prendê-la, abaixou sua meia-calça e forçou os dedos em sua vagina e depois, segundo ela, seu pênis.
Ela o empurrou para trás e conseguiu fugir da loja. Na época, ela contou o ocorrido a duas amigas, mas manteve o encontro em segredo por mais de 20 anos, até que o revelou para a revista New York.
Dez testemunhas prestaram depoimento durante o julgamento que levou duas semanas. Duas dessas testemunhas eram outras mulheres que também acusam Trump de tê-las agredido sexualmente anos atrás de maneira semelhante.
O veredicto vem no momento em que Trump enfrenta uma enxurrada de ações legais. Em abril, ele se declarou inocente das acusações de fraude decorrentes de subornos pagos a uma estrela pornô em Nova York, onde ele também enfrenta um processo civil de fraude movido pelo procurador-geral do estado.
Trump também está sob investigação na Geórgia por tentativa de interferência nas eleições de 2020, e um procurador especial federal está examinando a descoberta de documentos confidenciais em Mar-a-Lago, sua residência oficial, bem como seu papel no ataque ao Capitólio, em 6 de janeiro. Trump negou irregularidades em todos os casos e argumentou que os processos e as investigações visam apenas arrastá-lo para baixo.
Fonte: The New York Times