Donald J. Trump, ex-presidente dos Estados Unidos e atual candidato do partido republicano para a presidência, foi condenado na quinta-feira (30) por falsificar registros de suas empresas para encobrir um caso extraconjugal que ameaçou inviabilizar a sua campanha presidencial de 2016. A decisão fechou um julgamento extraordinário que testou a resiliência do sistema de justiça americano e que, além de entrar para a história, provavelmente repercutirá nas eleições de novembro deste ano.
Trump foi condenado por todas as 34 acusações de falsificação de registros comerciais por um júri de 12 nova-iorquinos, que deliberou durante dois dias para chegar a uma decisão. O ex-presidente permaneceu praticamente inexpressivo depois que o júri emitiu seu veredicto.
Sua sentença será anunciada em 11 de julho.
O júri concluiu que Trump falsificou registros para ocultar a finalidade do dinheiro dado a seu ex-advogado, Michael D. Cohen. Os registros falsos disfarçaram os pagamentos como despesas legais comuns quando, na verdade, Trump estava reembolsando Cohen por um acordo secreto de US$ 130 mil que o advogado fechou com a estrela pornô Stormy Daniels para silenciar seu relato de uma ligação sexual com Trump.
A condenação criminal pode levar a uma pena de até quatro anos de prisão, mas Trump poderá nunca ver o interior de uma cela de prisão. Ele poderá receber liberdade condicional quando for sentenciado e certamente apelará do veredicto – o que significa que pode levar anos até que o caso seja resolvido. Ainda assim, a decisão do júri é um momento único na história do país.
Trump ainda pode ser presidente
Nada na Constituição dos Estados Unidos impede um criminoso de concorrer à presidência ou de servir na Casa Branca. Espera-se que Trump – que há muito afirma que o caso contra ele tem motivação política – tente aproveitar o veredicto a seu favor durante a campanha, apresentando-se como vítima de uma conspiração democrata.
Celebração e indignação
A reação ao veredicto histórico foi imediata. Um manifestante do lado de fora do tribunal levantou uma grande placa “Trump Condenado”. Por outro lado, a campanha de Trump enviou por e-mail um apelo para arrecadação de fundos, chamando-o de “prisioneiro político”. E a campanha do presidente Biden convidou seus apoiadores a não ficarem parados, dizendo nas redes sociais que a única forma de manter Trump fora da Casa Branca era votando.
Uma odisseia de 8 anos
O primeiro indício dos crimes cometidos por Trump surgiu há oito anos, com uma denúncia ao The Wall Street Journal sobre outro acordo secreto: US$ 150 mil para uma modelo da Playboy que disse ter tido um caso com o homem que estava então à beira da presidência.
A resposta de Trump
Trump parecia sombrio durante breves comentários fora do tribunal, nos quais repetiu reclamações sobre o caso, incluindo que o juiz, Juan M. Merchan, era tendencioso contra ele. “O verdadeiro veredicto será dado em 5 de novembro, pelo povo”, disse ele aos repórteres, sem responder a uma pergunta sobre por que os americanos deveriam votar em um criminoso. É isto que ele tinha a dizer.
Fonte: The New York Times