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Alimentos ultra processados, como pizza congelada e refeições prontas facilitam muito as nossas vidas super ocupadas. Além disso, eles podem ser muito saborosos e tentadores. Quem não é chegado a cachorros-quentes, hambúrgueres, batatas fritas, refrigerantes, biscoitos, bolos, doces, rosquinhas e sorvetes, para citar apenas alguns?

No entanto, se mais de 20% de sua ingestão calórica diária for de alimentos ultra processados, você pode estar aumentando o risco de ter demência, segundo um novo estudo.

Essa quantidade equivale a cerca de 400 calorias por dia em uma dieta de 2.000 calorias diárias. Para efeito de comparação, um pequeno pedido de batata frita e um cheeseburger normal do McDonald’s contém um total de 530 calorias.

A parte do cérebro envolvida na capacidade de processar informações e tomar decisões – é especialmente afetada, de acordo com o estudo publicado na segunda-feira, 5 de dezembro, no JAMA Neurology.

O resultado da pesquisa mostrou que homens e mulheres que comeram mais alimentos ultra processados tiveram uma taxa 28% mais rápida de declínio cognitiv e uma taxa 25% mais rápida de declínio da função executiva do cérebro, em comparação com pessoas que comeram uma menor quantidade de alimentos excessivamente processados.

“Embora este seja um estudo de associação, não projetado para provar causa e efeito, há vários elementos para fortalecer a proposição de que alguma aceleração na deterioração cognitiva pode ser atribuída a alimentos ultra processados”, disse o Dr. David Katz, especialista em medicina preventiva e de estilo de vida e nutrição, que não participou do estudo.

“O tamanho da amostra é substancial e o acompanhamento extenso. Embora sem provas, isso é robusto o suficiente para concluirmos que os alimentos ultra processados provavelmente são ruins para o nosso cérebro”.

Mas há um ponto interessante a ser destacado: se a qualidade da dieta em geral do participante era alta – o que significa que a pessoa também comia muitas frutas e vegetais integrais não processados, grãos integrais e fontes saudáveis de proteína – a associação entre alimentos ultra processados e declínio cognitivo desaparecia, disse Katz.

O estudo, apresentado durante a Conferência Internacional da Associação de Alzheimer de 2022 em San Diego, acompanhou mais de 10.000 brasileiros por até 10 anos.

“No Brasil, os alimentos ultra processados representam de 25% a 30% do total de calorias ingeridas. Temos McDonald’s, Burger King e comemos muito chocolate e pão branco. Não é muito diferente, infelizmente, de muitos outros países ocidentais”, disse a coautora do estudo, Dra. Claudia Suemoto, professora assistente da divisão de geriatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

“Cinquenta e oito por cento das calorias consumidas pelos cidadãos dos Estados Unidos, 56,8% das calorias consumidas pelos cidadãos britânicos e 48% das calorias consumidas pelos canadenses vêm de alimentos ultra processados”, disse Suemoto.

Alimentos ultra processados são definidos como “formulações industriais de substâncias alimentícias (óleos, vitaminas, açúcares, amido e proteínas isoladas) que contêm pouco ou nenhum alimento integral e geralmente incluem aromatizantes, corantes, emulsificantes e outros aditivos cosméticos”, segundo o estudo.

Não é só o cérebro que é prejudicado

Além do impacto na cognição, os alimentos ultra processados já são conhecidos por aumentar o risco de obesidade, problemas cardíacos e circulatórios, diabetes, câncer e redução da expectativa de vida.

Alimentos ultra processados são geralmente ricos em açúcar, sal e gordura, todos os quais promovem inflamação em todo o corpo, que é “talvez a maior ameaça ao envelhecimento saudável do corpo e do cérebro”, disse o Dr. Rudy Tanzi, professor de neurologia em Harvard. Medical School e diretor da unidade de pesquisa em genética e envelhecimento do Massachusetts General Hospital, em Boston. Ele não estava envolvido no estudo.

“Como eles são convenientes como uma refeição rápida, eles também substituem a ingestão de alimentos ricos em fibras vegetais, importantes para manter a saúde e o equilíbrio das trilhões de bactérias em seu microbioma intestinal”, acrescentou Tanzi, “o que é particularmente importante para a saúde do cérebro e redução do risco de doenças cerebrais relacionadas à idade, como a doença de Alzheimer”.

O que você deve fazer?

Se você incluir alimentos ultra processados em sua dieta, tente combatê-los comendo também alimentos integrais de alta qualidade, como frutas, vegetais e grãos integrais.

“A conclusão sugerida aqui é que os alimentos ultra processados são, de fato, um ‘ingrediente’ importante, mas a exposição que deveria ser o foco dos esforços de saúde pública é a qualidade geral da dieta”, disse Katz.

Ou seja, o segredo chama-se equilíbrio e bom senso.

Fonte: CNN

 

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