Uma reportagem da emissora britânica Channel 4 revelou detalhes sobre as condições de trabalho e práticas comerciais da gigante da moda chinesa, Shein.
Em uma fábrica, a rede de notícias descobriu que os trabalhadores ganhavam um salário-base de 4.000 yuans por mês – aproximadamente US$ 554.00 – para fazerem 500 itens de vestuário por dia. Em uma outra fábrica, os trabalhadores recebiam o equivalente a cinco centavos por item.
Em ambas as fábricas, os funcionários trabalhavam até 18 horas por dia e recebiam apenas um dia de folga por mês. As condições de trabalho e as horas relatadas violam diretamente as leis trabalhistas da China.
“Não existem domingos aqui”, disse um funcionário da Shein durante a filmagem.
A Shein já foi criticada por suas condições de trabalho, produtos químicos tóxicos encontrados em roupas, manuseio incorreto de dados de clientes, e por copiar itens de designers independentes.
Ao comentar a reportagem, a Shein disse ao Business Insider que eles estão “extremamente preocupados” com o material mostrado na investigação, que “violaria o Código de Conduta acordado por todos os fornecedores da Shein”.
“Qualquer não conformidade com este código é tratada rapidamente e encerraremos as parcerias que não atendem aos nossos padrões”, acrescentou a empresa. “Solicitamos informações específicas ao Channel 4 para que possamos investigar, concluiu.
O problema do fast-fashion
As críticas a Shein não param por aí. A empresa tem sido constantemente alvo de comentários negativos por causa do impacto ambiental das suas práticas.
De acordo com o Environment by Impact, Shein lista algo entre 2.000 e 10.000 itens em seu site por dia. Portanto, se a Shein produzir entre 50 a 100 produtos por listagem de itens, mais de um milhão de peças são criadas em apenas um dia.
Além disso, a Shein rapidamente descarta peças, de modo que apenas cerca de 6% dos designs permanecem no site por mais de 90 dias. No reino da fast-fashion, é justamente a grande quantidade de roupas produzidas em massa que têm um impacto negativo no planeta. Estima-se que 100 bilhões de peças de vestuário são feitas anualmente e 92 milhões de toneladas acabam em aterros sanitários. Isso é o equivalente a um caminhão de lixo a cada segundo.
Além da grande quantidade de resíduos em aterros sanitários, a indústria da moda é responsável por 10% das emissões globais de CO2 a cada ano, segundo a Ellen MacArthur Foundation.
Em meio a tudo isso, a Shein está lançando um programa de revenda, no qual compradores poderão comprar e vender produtos usados. O projeto-piloto aborda o “compromisso da empresa em abordar os problemas contínuos de resíduos têxteis e construir um futuro da moda que seja mais circular”.
Fonte: Yahoo.com