Protestos Contra Restrições Por Causa Do Covid Se Espalham Na China

No último fim de semana, protestos contra as rígidas restrições do Covid se espalharam na China em um raro caso de agitação civil em todo o país.

Alguns manifestantes, liderados pela geração mais jovem, chegaram a pedir a renúncia do Partido Comunista e de seu líder, Xi Jinping. Muitos estão fartos de Xi, que em outubro garantiu um terceiro mandato, e a permanência da sua política de “Covid-zero”, que continua a perturbar a vida cotidiana, prejudicar os meios de subsistência e isolar o país.

Os mais de 1,4 bilhão de residentes da China permanecem à mercê da política rigorosa contra o Covid. A política foi projetada para eliminar infecções, contando com isolamento instantâneos de prédios de apartamentos e, às vezes, até de cidades ou regiões inteiras, além de forçar longas quarentenas e uma série de testes nos residentes.

Fora da China, o resto do mundo se adaptou ao vírus e está vivendo próximo da normalidade. Veja a Copa do Mundo, principal evento esportivo do planeta. Milhares de pessoas de todo o mundo se reúnem no Catar e estão torcendo por seus times, ombro a ombro, sem máscaras, em estádios lotados.

A abordagem rigorosa da China contra o Covid ganhou elogios durante o início da pandemia e, sem dúvida, salvou vidas. Mas agora essa abordagem parece cada vez mais desatualizada. Quase três anos após o surgimento do coronavírus, o contraste entre a China e o resto do mundo não poderia ser maior.

Incêndio mortal enfurece população

O estopim para eclosão dos protestos foi um incêndio que ocorreu na quinta-feira, 24 de novembro, na cidade Urumqi, capital de Xinjiang, e deixou 10 pessoas mortas. A região estava isolada há mais de três meses.

Muitos chineses suspeitam que as restrições para conter o Covid – que incluem barricadas improvisadas e saídas de emergência bloqueadas para manter as pessoas dentro de casa – dificultaram o resgate ou impediram os residentes de buscar abrigo contra o incêndio.

Depois desse episódio muitos residentes de Urumqi foram às ruas, cantando “fim dos bloqueios”.

A economia da China é prejudicada pelas restrições

As interrupções na vida cotidiana têm atingido empresas grandes e pequenas, desde a empresa que fabrica iPhones até lojas e restaurantes de bairro.

Um bloqueio em uma instalação da Foxconn (maior fabricante de tecnologia do mundo), em Zhengzhou, no centro da China, mostrou como a política pode ter ramificações globais. Depois que os trabalhadores foram retirados de seus empregos para limitar um surto de Covid, a produção caiu. Isso, por sua vez, forçou a Apple a avisar que suas vendas ficariam aquém das expectativas.

Para evitar problemas semelhantes, outras empresas multinacionais têm buscado expandir a produção para fora da China.

Nas principais ruas das cidades da China, os bloqueios reduziram o tráfego de pedestres, prejudicando negócios vitais para o emprego urbano.

De acordo com dados mais recentes, a economia chinesa cresceu 3,9% nos três meses encerrados em setembro. Mas isso ficou a baixo da meta do governo de 5,5% para 2022, e alguns economistas estão prevendo que cairá ainda mais nos últimos meses do ano.

Fonte: The New York Times

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