Os Estados Unidos e pelo menos 13 dos seus aliados retiraram financiamento para a Agência das Nações Unidas de Assistência e Obras aos Refugiados da Palestina (UNRWA) após alegações de Israel de que alguns dos funcionários da instituição estariam envolvidos no ataque do Hamas à Israel em 7 de Outubro.
Embora os detalhes permaneçam escassos, Israel alega que 13 dos 13 mil funcionários da UNRWA em Gaza estavam associados ao ataque do Hamas, participando de formas diversas, desde envolvimento no sequestro de reféns até ordens para montar uma sala de operações, de acordo com um resumo da inteligência compartilhada com a CNN por um oficial israelense.
A UNRWA despediu vários funcionários após as alegações e lançou uma investigação, prometendo que qualquer pessoa envolvida nos ataques de 7 de outubro será responsabilizada “incluindo através de processo criminal” se for considerada realmente responsável.
Vale ressaltar, contudo, que Israel tem problemas de longa data com a UNRWA, acusando-a de ajudar o Hamas, e pedindo pelo seu desmantelamento total na Faixa de Gaza.
Eis o que isso pode significar para os milhões de palestinianos que dependem da UNRWA para o seu sustento:
A UNRWA fornece uma gama de ajuda e serviços aos refugiados palestinos e aos seus descendentes. É uma importante fonte de emprego para os refugiados, que constituem a maior parte dos seus mais de 30 mil funcionários em todo o Oriente Médio. A agência tem escritórios de representação em Nova York, Genebra e Bruxelas. Mais de 13 mil dos seus funcionários estão estacionados na Faixa de Gaza. Além disso, é a única agência da ONU dedicada a um grupo específico de refugiados em áreas específicas.
No ano passado, a agência teve um orçamento de 1,6 bilhões de dólares, a maior parte dos quais destinados à educação e à saúde, seguidos de outros serviços, como infraestrutura e melhoria dos campos de refugiados.
Desde o inicio da guerra em Gaza, a UNRWA lançou um apelo urgente de 481 milhões de dólares em financiamento adicional para necessidades humanitárias críticas.
A UNRWA é o principal grupo de ajuda humanitária em Gaza. Cerca de 2 milhões de habitantes de Gaza dependem da agência para serviços básicos e 1 milhão de pessoas utilizam abrigos da UNRWA para obter alimentação e cuidados de saúde durante os combates no enclave.
A agência tem fornecido tudo aos habitantes de Gaza, desde alimentos e cuidados de saúde até educação e apoio psicológico, durante décadas.
O que a suspensão de fundos poderá provocar?
A ONU alertou que o financiamento atual é insuficiente e que a UNRWA poderá ficar sem fundos já em fevereiro. E aí não somente a população de Gaza vai ficar serviços básicos, mas também outros milhões de refugiados palestinianos que vivem em países vizinhos como a Jordânia, a Síria e o Líbano, e dependem da ajuda da agência.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou no domingo aos países que suspenderam o financiamento à UNRWA, incentivando-os a reconsiderar as suas decisões.
“Apelo veementemente aos governos que suspenderam as suas contribuições para, pelo menos, garantirem a continuidade das operações da UNRWA”, disse ele. “As terríveis necessidades das populações desesperadas que eles (funcionários da UNRWA) atendem devem ser atendidas”.
Os EUA são há muito tempo o maior doador individual da UNRWA.
Em 2018, os EUA, sob a administração do Presidente Donald Trump, encerraram todo o financiamento da agência a pedido de Israel, com o Departamento de Estado na época descrevendo o organismo como “irremediavelmente falho”. Quando Joe Biden se tornou presidente em 2021, reverteu a decisão do seu antecessor e restaurou o financiamento da UNRWA.
Fonte: CNN