Nenhum ser vive só em seu ambiente, todos eles, quer sejam animais, vegetais ou microorganismos, mantêm diversos tipos de relações entre si. Eles dependem das plantas abrigo, refúgio e alimento. As plantas, por sua vez, estão sujeitos a ações benéficas ou nocivas dos animais. Os seres vivos, além de manterem relações entre si, mantém também relações com o meio em que vivem. É o meio que fornece aos animais e plantas a luz, o ar, a água e o solo que necessitam para viver.
A importância do estudo da ecologia é necessária para que todas as áreas da ciência ou não preocupem-se com os seres vivos de um modo geral e suas relações recíprocas com o meio, procurando orientar o conhecimento humano, a fim de garantir a sobrevivência das espécies em seu meio ambiente e em perfeito equilíbrio.
A ecologia ganhou importância social no século 20, em razão da preocupação planetária com a degradação do ambiente. Um acontecimento que marcou a história da defesa do embiente ocorreu em 1967, na França, quando ocorreu um grande acidente com o petroleiro Torrey Canion que provocou o derrame de 120 mil toneladas de “crude”. As primeiras organizações de defesa ecológica já havia começado a surgir na década de 40. Entre as
primeiras e mais importantes organizações estão a União Internacional para a Conservação da Natureza, O Fundo Mundial para a Natureza (WWF) e o Greenpeace. Não tardou, o movimento ganhou caráter político com o nascimento dos partidos verdes.
No dia 5 de Junho de 1972, a Organização das Nações Unidas (ONU) promoveu a conferência de Estocolmo (Suécia), para debater questões relacionadas à ecologia e ao meio ambiente. Pela importância de suas recomendações e pela repercussão internacional que o encontro teve, a Assembléia Geral da ONU declarou a data de “5 de Junho” como “ Dia Internacional do Meio Ambiente”.
Essa data visa a proteger a diversidade genética e de hábitat de animais, vegetais e microorganismos. No planeta, conhecem-se cerca de 874 mil espécies de insetos, 248 mil plantas altas, 116 mil invertebrados, 73 mil plantas baixas, 36 mil microorganismos, 19 mil peixes, 9 mil pássaros, 4 mil mamíferos, e 8 mil répteis e anfíbios. No total de seres vivos conhecidos, cerca de 1,40 milhões. Há, no entanto, uma estimativa de que, somando-se aos ainda não conhecidos, a biodiversidade terrestre abrange 30 milhões de seres.
A palavra Ecologia tem origem no grego “oikos”, que significa casa, e “logia”, estudo, reflexão. Logo, seria o estudo da casa, ou de forma mais genérica, do lugar onde se vive. Foi o cientista alemão Ernst Haeckel, em 1869, quem primeiro usou este termo para designar a parte da biologia que estuda as relações entre os seres vivos e o ambiente em que vivem, além da distribuição e abundância dos seres vivos no planeta.
Para que possamos delimitar o campo de estudo em ecologia devemos, em primeiro lugar, compreender os níveis de organização entre os seres vivos. Podemos dizer, que o nível mais simples é o do protoplasma, que é definido como substância viva. O protoplasma é o constituinte da célula, portanto, a célula é a unidade básica e fundamental dos seres vivos. Quando um conjunto de células, com as mesmas funções estão reunidas, temos um tecido. Vários tecidos fomam um órgão e um conjunto de órgãos formam um sistema. Todos os sistemas reunidos dão origem a um organismo. Quando vários organismos da mesma
espécie estão reunidos numa mesma região, temos uma população. Várias populações num mesmo local formam uma comunidade. Tudo isto reunido e trabalhando em harmonia forma um ecossistema. Todos os ecossistemas reunidos num mesmo sistema como aqui no Planeta Terra temos a biosfera.
Da evolução destes conceitos e da verificação das alterações de vários ecossistemas, principalmente a sua degradação pelo homem, levou ao conceito da Ecologia Humana que estuda as relações entre o Homem e a Biosfera, principalmente do ponto de vista da manutenção da sua saúde, não só física, mas também social.
Por outro lado, apareceram também os conceitos de Conservação e do Conservacionismo que se impuseram na actuação dos governos, quer através das ações de regulamentação do uso do ambiente natural e das suas espécies, quer através de várias organizações ambientalistas que promovem a disseminação do conhecimento sobre estas interações entre o Homem e a Biosfera.
Dicotomia
Por um lado, cientistas, ecologistas e celebridades defendem que o homem é o responsável pela degradação ambiental e aquecimento do planeta, sendo nossa responsabilidade reavaliar nosso desenvolvimento com o objetivo de salvar o planeta e garantir condições de vida para as geracões futuras. Por outro lado, uma outra corrente que o aquecimento do planeta é uma ilusão e que o
ser humano não tem o poder de influenciar o clima nem o planeta a este nível.
A ecologia do fim do mundo
A indústria do medo que gera os negócios ambientais se apóia na ciência pré-darwinista. São reais as perspectivas de fim do mundo
humano se não controlarmos riscos como o aquecimento global? A alta freqüência dos furacões pode ser atribuida a danos irreparáveis que o homem produziu no clima?
Supondo que a teoria de colapso global via aquecimento do planeta tenha alguma utilidade, as estratégias atuais para que escapemos dele indicam que, através do controle e diminuição da emissão de carbono, o aumento de temperatura da Terra poderá ser inferior a 0,1º C por década, em média, entre 1990 e 2100, permitindo que vários ecossistemas se adaptem. Paralelamente deve-se perseguir o desenvolvimento tecnológico no sentido da “desmaterialização” dos processos de produção para diminuir a pressão sobre o meio ambiente através do consumo de recursos físicos. Em outras palavras, a estratégia para se evitar o aquecimento traz o propósito de influir, ao mesmo tempo, no que os biólogos modernos chamam de “macroevolução” e “microevolução”.
Curioso é como algo que possa ser visto como ameaça real à humanidade tornou-se, rapidamente, uma espécie de moeda que resulta na financeirização da natureza. A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima assume, por exemplo, uma redução de 30% no ritmo de desflorestamento da Amazônia. O pacto que representa a Convenção de Kyoto reconhece que as florestas tropicais oferecem “ampla gama de serviços ambientais: diversidade biológica, conservação do solo e do lençol freático e retenção de carbono” e, portanto, “os países em desenvolvimento (todos tropicais) deveriam ser remunerados pelos serviços ambientais que prestam a todo o planeta”.
O que conhecemos de fato sobre as grandes leis que movem a natureza? Ao presenciar um terremoto no sul do Chile, em 1835, Darwin se deu conta de que a Terra não estava “acabada” e que
seus processos de mudança eram tão grandiosos que seria impossível conhecer-lhes as leis da perspectiva limitada do tempo histórico humano. O que determina as eras glaciais? Qual a periodicidade das acomodações nas placas tectônicas? A pretensão de se conhecer os “ciclos térmicos” de modo a afirmar categoricamente que vivemos um aquecimento global e progressivo por conta da poluição é algo que Darwin, modestamente, se recusaria a subscrever. Restaria ainda saber se seríamos capazes de intervir na natureza de modo a mudar-lhe o curso.
O homem é capaz de destruir o planeta ou inviabilizar a sua própria vida nele ou, inversamente, salvá-lo, ao mudar de atitude face aos recursos naturais.
Estas “domesticações” da natureza criam a ilusão de que toda ela possa ser submetida, contornando-se a noção de finitude.
O problema ecológico é uma crise de percepção
Se uma nave extraterrena invadisse o espaço aéreo terrestre, com certeza, seus tripulantes diriam que neste planeta não habita uma civilização inteligente tamanho é o grau de destruição dos recursos naturais. São palavras de um renomado cientista americano. Eu diria que, apesar de os avanços tecnológicos obtidos, a humanidade ainda não descobriu os valores fundamentais da existência.
O que chamamos orgulhosamente de civilização nada mais é do que uma verdadeira agressão às coisas naturais. A grosso modo, a tal civilização significa a devastação das florestas, a poluição dos rios, o envenenamento das ter- ras e a deterioração da qualidade do ar. O que chamamos de progresso não passa de uma degradação deliberada e sistemática que o homem vem promovendo, há muito tempo, uma autêntica guerra contra a natureza.
Esta é a herança que recebemos, que colocou o homem como o rei da Terra e ignorou que todas as espécies são igualmente importantes no trabalho de manutenção da teia da vida. É necessário que surja uma nova era de crescimento convincente e ao mesmo tempo duradouro do ponto de vista social e ambiental. Se nos frustrarmos na transmissão dessa mensagem de urgência aos pais e administradores de hoje, arriscamonos a comprometer o direito fundamental de nossas crianças a um meio ambiente saudável que promova a vida.
Como despertar o sentimento ecológico para deter a destruição da natureza e reintegrar o homem ao seu habitat? Para a ecologia profunda, é uma crise de percepção. Nossa noção confortadora da
permanência de nosso mundo natural, a confiança de que só mudará de forma gradativa e imperceptível, se é que vai mudar, é, portanto, o resultado de uma perspectiva sutilmente distorcida. Essa percepção está ligada a uma revisão de vida, de conceitos e valores, a um encontro de cada um de nós com as profundezas do nosso eu. Enfim, está conectada a valores espirituais e religiosos.
Crise
No evento de dois dias discursaram representantes de países de língua portuguesa, como o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, a líder do Conselho Indígena de Roraima, Sinéia do Vale, e o ministro do Ambiente e da Ação Climática de Portugal, João Pedro Matos Fernandes.
Em mensagem sobre o Dia Internacional, Guterres disse que o planeta “ está num ponto crítico” e apela as pessoas a fazerem as pazes com a natureza.
O chefe da ONU afirmou que “a Humanidade continua a abusar da natureza”, pilhando descuidadamente os recursos da Terra, esgotando sua vida selvagem e tratando o ar, a terra e os mares como depósitos de lixo.
Segundo ele, “ecossistemas e cadeias alimentares cruciais estão à beira do colapso.” Para o secretário-geral, esse comportamento “é suicida.” O secretário-geral ressalta que o mundo precisa “acabar com a guerra contra a natureza e cuidá-la para que volte a ser saudável.”
O chefe da ONU destacou depois os passos que precisam ser dados, como limitar o aumento da temperatura e uma adaptação às mudanças que virão. Ele pediu também medidas mais firmes para proteger a biodiversidade, uma redução da poluição e mais contribuições para economias circulares que reduzam os resíduos.
Segundo Guterres, estes passos irão salvaguardar “a única casa” da população mundial e “criar milhões de novos postos de trabalho.”
Recuperação
Para o secretário-geral da ONU a recuperação da pandemia da
Covid-19 “é uma oportunidade para pôr o mundo num caminho mais limpo e mais sustentável.”
A mensagem termina pedindo que todos se comprometam “com o árduo trabalho de restaurar o planeta e de fazer as pazes com a natureza.”
Mudanças climáticas, provocadas pelo homem na natureza, bem como crimes que afetam a biodiversidade e o crescente comércio ilegal de animais selvagens, podem aumentar o contato e a transmissão de doenças infecciosas de animais para humanos, como a Covid-19.
Segundo a ONU, uma nova doença in-fecciosa surge em humanos a cada 4 meses. Cerca de 75% dessas infecções vêm de animais, mostrando as relações entre a saúde humana, animal e ambiental.
Os ecossistemas sustentam toda a vida na Terra. Para a organização, restaurar ecossistemas danificados ajudará a acabar com a pobreza, combater as mudanças climáticas e prevenir a extinção em massa.
Para incentivar essa missão, a ONU lança no Dia Mundial do Meio Ambiente, a Década das Nações Unidas para a Restauração do Ecossistema.
Apesar dos esforços, a biodiversidade está se deteriorando em todo o mundo a taxas sem precedentes na história da humanidade. Estima-se que cerca de 1 milhão de espécies animais e vegetais estão ameaçadas de extinção.
Um novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, diz que as crises da mudança climática, perda de biodiversidade e poluição são interligadas e colocam sob “risco inaceitável” o bem-estar das gerações atual e futura.
O estudo diz que uma ação ambiciosa e coordenada por governos, empresas e pessoas pode prevenir e reverter os piores impactos do declí-nio ambiental, transformando rapidamente os principais sistemas, incluindo energia, água e alimentos, para que o uso da terra e oceanos se tornem sustentáveis.
Segundo a pesquisa, “ações fragmentadas e descoordenadas sobre mudanças climáticas estão muito longe do necessário para prevenir o declínio ambiental.”
Nos últimos 50 anos, a economia global cresceu quase cinco vezes, em grande parte devido a uma triplicação na extração de recursos naturais de energia que impulsionou o crescimento da produção e do consumo.
A população global duplicou, para 7,8 bilhões. A prosperidade também dobrou, mas cerca de 1,3 bilhão de pessoas continuam na pobreza e 700 milhões passam fome.
O Pnuma diz que essa falha está ameaçando o futuro da humanidade colocando os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS, fora de alcance.
No ritmo atual, o mundo caminha para um aquecimento de pelo menos 3°C acima dos níveis pré-industriais até 2100, o que descumpriria a meta do Acordo de Paris, de manter o aquecimento bem abaixo de 2°C.
Nenhum dos objetivos globais para a proteção da vida na Terra e para travar a degradação da terra e dos oceanos foi totalmente alcançado. O desmatamento e a pesca predatória continuam, e 1 milhão de espécies de plantas e animais estão ameaçadas de extinção.
A pesquisa nota que a camada protetora de ozônio da Terra está sendo restaurada, mas afirma que há muito a ser feito para reduzir a poluição do ar e da água e gerenciar produtos químicos com segurança.
Consequências
O fardo ambiental afeta, desproporcionalmente, os mais pobres e
vulneráveis, com os países ricos exportando alguns dos impactos para as nações mais pobres.
Também existem consequências para saúde, com cerca de um quarto das doenças decorrendo de riscos relacionados ao meio ambiente. A poluição do ar causa até 7 milhões de mortes prematuras por ano.
Riscos ambientais, como ondas de calor, inundações, secas e poluição, dificultam os esforços para tornar as cidades e outros assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis.
A pandemia de Covid-19 mostrou os riscos da degradação do ecossistema, bem como a necessidade de cooperação internacional e maior resiliência social e econômica.
Segundo o Pnuma, “garantir que os investimentos desencadeados pela crise apoiem mudanças transformadoras é a chave para alcançar a sustentabilidade rapidamente.”
A pesquisa propõe medidas como taxas de carbono e eliminação gradual de subsídios prejudiciais, investimento anual para áreas como combustíveis fósseis, agricultura e pesca não sustentável assim como para os países em desenvolvimento que também precisam de mais apoio para enfrentar os desafios ambientais, incluindo financiamento de juros baixos.
Fontes: “A ecologia do fim…” por Carlos Alberto Dória, “O problema ecológico…” por Afrânio Primo & “Líderes Globais…” & “Crises” e “Consequências” por https://news.un.org