A Advogada Monica Vieira Eisenberg e a nova Diretora de Desenvolvimento da Brazil Foundation. A organizacao fundada em Nova York ha 20 anos e pioneira em filantropia no Brasil, tendo apoiado mais de 655 organizações nao governamentais. Nesta entrevista Monica nos conta sobre o seu envolvimento com a fundação e os projetos de apoio ao empreendedorismo feminino.
The Brasilians: O que é a Brazil Foundation?
Monica Eisenberg: É uma organização binacional fundada há 20 anos pela Leona Forman e uma das pioneiras na filantropia brasileira, fazendo a ponte entre doadores e organizações sociais que promovem igualdade, justiça social e oportunidades para jovens no Brasil. Seus dois principais objetivos são capitar recursos e investir em programas sociais selecionados. Desde 2019, quando assumiu a nova presidente e CEO, Rebecca Tavares, fortaleceu-se uma nova era para a Fundação em sua terceira década de apoio à transformação social no Brasil.
TB: Como você se envolveu com a Brazil Foundation?
ME: Eu conheci a Leona Forman, fundadora da BF, quando ela havia acabado de se aposentar da ONU, depois de uma longa e bem-sucedida carreira trabalhando com o terceiro setor. Ela me contou dos seus planos de fundar a Brazil Foundation visando capitalizar recursos aqui em Nova York para investir em organizações sem fins lucrativos no Brasil. A ideia era criar uma ligação com a diáspora de brasileiros que, apesar de morarem fora, queriam contribuir para um país mais justo, como uma espécie de “give back”. Imediatamente me voluntariei para ajudar no que pudesse. E assim, com efeito multiplicador, começamos a envolver mais e mais amigos nessa ideia ainda embrionária. Na primeira reunião com o grupo de voluntários, organizada pela Leona, foram tratados assuntos de área de atuação, política pública e, claro, como cada um de nós poderia ajudar. Esse foi o início da longa jornada.
TB: Qual foi a ideia básica para a criação da Brazil Fundation?
ME: O fundamental era dar condições a que as organizações apoiadas pudessem, depois do aporte financeiro inicial, se capacitar e se autossustentar. A ideia básica era não dar o peixe, mas ensinar a pescar. Um momento marcante nessa jornada foi quando, em uma das reuniões na casa da Leona, ela me levou ao seu quarto e mostrou uma foto minha amamentando o meu bebê recém-nascido, e que ela mantinha na porta de seu armário. Ela me disse: “Monica, veja aqui a sua foto, o André e o primeiro bebê da Brazil Foundation”. Eu nunca vou me esquecer desse momento. Leona já pensava no longo prazo e no futuro das próximas gerações. E foi assim que tudo começou e que me envolvi integral e profissionalmente na BF, como Diretora de Desenvolvimento. O círculo tinha fechado.
TB: Como a Brazil Foundation seleciona as organizações a serem ajudadas e como é efetivado esse auxílio?
ME: São mais de oitocentas mil organizações registradas no Brasil. A seleção é feita através de um critério rigoroso. A Fundação apoia iniciativas que focam em problemas urgentes, como o desmatamento da Amazônia, a educação e o desenvolvimento de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, e mais recentemente, com a pandemia, o apoio humanitário. Além disso, a BF desenvolveu uma metodologia para medir os resultados e o nível de impacto social através de vários indicadores. Avaliação dos resultados e responsabilidade fiscal são fatores importantes para a transparência.
TB: Como diretora de desenvolvimento da Brazil Foundation, quais as suas responsabilidades?
ME: Como somos uma equipe pequena e temos de fazer de tudo um pouco, a função da diretoria não se limita somente a determinadas funções específicas. A minha principal responsabilidade é trabalhar no planejamento, execução e organização, que incluem campanhas para doações individuais ou corporativas para potenciais parcerias ou patrocínio de nossos eventos. Eu me reporto diretamente à Presidente & CEO Rebecca Tavares e trabalho em colaboração com a Vice-Presidente Monica de Roure e com os Diretores do Conselho para alavancar a capitalização recursos e desenvolver parcerias estratégicas. Minha área de atuação inclui também comunicação e marketing.
TB: Cite algumas organizações ajudadas pela Brazil Foundation.
ME: Os Expedicionários da Saúde, equipe de médicos voluntários para atendimento a comunidades indígenas em locais remotos da Amazônia. Por meio de um Complexo Hospitalar Móvel, leva atendimento médico especializado a populações indígenas em regiões isoladas. Com a marca de um ano com pandemia, diante do aumento expressivo de casos de contaminação e colapso nos serviços de saúde em vários estados, especialmente em Manaus, eles levaram atendimento médico gratuito às populações indígenas nas áreas mais remotas da região.
Também, a Associação Ballet Paraisópolis, que utiliza a dança clássica e contemporânea na ajuda para crianças e adolescentes alcançarem melhores oportunidades de vida. Oferece um curso de formação gratuito para 200 alunos e tem mais de 2.000 na fila de espera. Paraisópolis é a segunda maior favela de São Paulo e a quinta no Brasil. O apoio da Associação possibilitou a ampliação do espaço das aulas e aumento do número de alunos. Além das aulas, a organização oferece atendimento em fisioterapia, realiza palestras e atividades culturais.
TB: Quais os eventos da Brazil Foundation para comemorar o mês da mulher?
ME: A Fundação é comprometida com as questões das mulheres, com a igualdade de gênero, o empreendedorismo e a liderança das mulheres na sociedade civil. Durante o mês de março a nossa CEO, Rebecca Tavares, participou de vários webinars, lives e salas do Club House, organizados pela nossa Embaixadora, a atriz Flávia Alessandra. Realizamos um evento, em parceria com a Brazil American Chamber of Commerce, para abordar o impacto da pandemia no mercado de trabalho das mulheres. No dia 27 de março vamos realizar o nosso primeiro fundraising do ano com a nossa embaixadora Flávia Alessandro, uma espécie de programa de TV, pelos canais do YouTube, filmado em estúdio e onde reconheceremos mulheres protagonistas em filantropia, com show de música das cantoras Roberta Sá e a Malía.
TB: Houve algum momento emocionante, que você queira destacar, durante seu trabalho com a Fundação?
ME: Um dos momentos mais emocionantes para mim foi ver os violinistas treinados pela organização Orquestra da Grota do Rio de Janeiro, tocando música clássica e brasileira em um dos Galas da Brazil Foundation em New York. Pude assistir, na prática, ao resultado do nosso trabalho, transformando a vida de muitos jovens e contribuindo para um Brasil mais justo e com menos desigualdade. Ver o fruto desse trabalho foi muito gratificante, um momento inspirador e razão maior para esse amor pela Brazil Foundation.
TB: Como podemos ajudar a Brazil Foundation?
ME: Há várias maneiras de ajudar. A mais efetiva e prática é como doador recorrente da BF. Não há doação pequena ou grande. O apoiador pode fazer uma doação mensal por cartão de crédito, e ainda obtém benefício fiscal 100% dedutível como doador recorrente. Além disso, pode colaborar participando dos nossos eventos, apoiando as nossas iniciativas e chamando outras pessoas para fazer parte da Brazil Foundation.
Para ajudar, você pode acessar o link e ser uma semente da mudança: www.brazilfoundation.org/pt-br/#
ILANA LIPSZTEIN
Jornalista & Empreendedora
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Instagram: @ilana_wip