Ele nasceu em uma fazenda no sul da Bahia. Aos 15 anos de idade foi morar com os tios, em Feira do Santana, para se preparar para as provas do vestibular. Queria estudar medicina, mas acabou classificado para a segunda opção e foi estudar biologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Enquanto fazia a faculdade, fez um curso de cabeleireiro e foi trabalhar, como assistente, em um salão de beleza da cidade.

Um dia recebeu uma chamada telefônica de um amigo, convidando-o para vir tentar a sorte em Nova York. Não pensou duas vezes, interrompeu o curso de biologia no último ano, tirou o passaporte e desembarcou no aeroporto JFK com um visto de turista. Na mala pequena, apenas duas mudas de roupa e 700 reais na carteira. Não se tocou que a moeda aqui era o dólar.

Ficou de boa na primeira semana mas sabia que precisava ganhar algum dinheiro fazendo alguma coisa até conseguir uma licença da cidade para poder cortar cabelo em algum salão. Na semana seguinte saiu cedo com o amigo para conhecer seu novo trabalho, em uma pequena empresa de dog walkers. Aceitou o trabalho de caminhar com cachorros pelas ruas de Manhattan, na parte da manhã e, na parte da tarde ganhava dinheiro extra limpando o apartamento do patrão, pois este hospedava cães enquanto os donos viajavam. Nos finais de semana estudava em um cursinho para o teste, em espanhol, que o habilitaria para ser cabeleireiro em Nova York.

Ao final de três meses, com o certificado nas mãos, saiu em campo para encontrar um salão brasileiro que o aceitasse como iniciante. Habilidoso, em menos de seis meses já tinha sua própria clientela, trabalhando em Astoria, um dos bairros de Queens. Um ano depois, o dono do salão, que estava para se aposentar, ofereceu-lhe uma participação de 50% e, daí para a frente, de empregado passou a ser patrão. Dois anos depois, conheceu um americano em uma festa de brasileiros, iniciou um namoro, casou-se e conseguiu sua legalização.

Esta entrevista aconteceu em uma agradável tarde de primavera, no apartamento localizado no Central Park West, onde o casal vive há doze anos, na companhia de Lili, uma linda cachorrinha branca, da raça poodle.

Este é um pequeno resumo de uma de muitas histórias que fazem parte dos meus livros de entrevistas com brasileiros, que se reinventaram em Nova York.

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