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Já ​houve um tempo em que o acumular conhecimentos técnicos, tradições de uma cultura, línguas e outras informações pontuais garantiam um status de uma certa intelectualidade, até mesmo para aqueles que atingiam essas metas por meio de “cola”, “leitura de rodapés de livros e revistas” ou mesmo repetição de “expressões sábias” de diferentes autores, conhecidos ou não. Uma boa frase de efeito era capaz de impressionar e angariar seguidores ávidos a aplaudir e recomendar aquele que a proferia.“- Conversei ontem com fulano de tal. Ele fala muito bem!

”Por outro lado, quanto aos valores sociais, filosóficos e afetivos, era

Foto: shutterstock-Iakov Filimonov

o “berço” se ocupava de ser o grande mestre. Em casa se aprendia o compartilhar, o respeitar limites, os direitos e os deveres. Dessa forma, mesmo pessoas “não letradas” tornavam-se peças importantes dentro da engrenagem social, com funções aparentemente​ menos sofisticadas que as de hoje, em muito agregando aos mais diferentes grupos sociais, com suas colocações a respeito do viver e deixar viver.

Os diálogos, sempre recheado de opiniões e debates quanto ao certo e errado, costumeiramente sem hora certa para acabar, despertavam uma sensação de que sempre havia algo mais para aprender. Pessoas não se bastavam. Pessoas admitiam precisar de outras, especialmente pelas diferenças e novas interpretações que traziam. Mas, esse retrato, nem tão antigo quanto alguns possam pensar, feliz ou infelizmente vem sendo ofuscado por uma espécie de cultura da autovalorização em detrimento do exercício de se manter constantemente aprendendo com a mesclagem de pessoas e propostas ainda não vivenciadas (simples e temerosamente tentando preservar as próprias ideias e raízes). Aquelas raízes que se formavam a partir do referido “berço”.

Desprezar conceitos e valores, somente porque “o mundo mudou” ou “isso é coisa do passado” tem se tornado uma postura tão simplista que chega a soar ignorante. Nesse sentido, é interessante observarmos um fenômeno que começa a tomar corpo na educação dessa segunda década do século XXI.

Se por um lado as escolas de Educação Básica, especialmente no ensino Fundamental II e Médio, continuam a valorizar o indivíduo em sua luta contra prováveis ini-migos que desejam suas vagas em instituições de Ensino Superior, (que acreditam irá garantir um futuro seguro e estável) muitas dessas mesmas instituições universitárias começam a se ocupar com atividades capazes de despertar aqueles conceitos, que grande parte das famílias deixou de apresentar e alimentar, por acreditarem-se ultrapassados ou sem tempo para tanto.

A inclusão de atividades socioemocionais tanto no currículo formal como no complementar dessas instituições, tem possibilitado a aproximação dos estudantes das mais diferentes áreas profissionais

Foto: shutterstock-Africa Studio

com “gente”; com pessoas, culturas e até mesmo necessidades (crianças, idosos, portadores de necessidades especiais e outros) viabilizando a descoberta de novas e fundamentais atitudes com relação ao mundo em que estão envolvidos.

A proposta, ainda que em seus primeiros passos, parte do conceito de que somos simples e tão somente mordomos de nossos objetos, capacidades e conhecimentos e que deveríamos sentir prazer toda vez que tomássemos esse tipo de atitude. Satisfação, todas as vezes que estivéssemos oferecendo e compartilhando aquilo que possuímos, a começar pelas ideias e ideais.

Na mesma vibração, muitas empresas, organizações sem fins lucrativos, igrejas e mesmo grupos de redes sociais vem se propondo a esse desabrochar dessa característica humana que apesar do desuso, não se apaga nos seres humanos.

Com certeza a prática de atitudes éticas, o convívio com o novo, sem a necessidade do desprezo às tradições, e a coragem de se envolver com novas pessoas e conhecimentos, é um excelente caminho na profilaxia de tantas dores abraçadas por nossa alma, pois não existe o “fazer pelo outro”. O que existe é o fazer por todos nós.

E aí?

Você é daqueles que precisam relembrar o “berço” ou construir-se a partir de um renovo em suas rotinas vivências e convivências?

GUILHERME DAVOLI
Psicólogo, psicoterapeuta, professor, consultor empresarial e educacional, palestrante e escritor.
www.guilhermedavoli.com.br

GUILHERME DAVOLI

By GUILHERME DAVOLI

- Psicólogo, psicoterapeuta, professor e consultor empresarial e educacional. Autor de vários livros de auto-ajuda. Ministra cursos, palestras e oficinas em empresas, orgãos públicos e instituição de ensino.

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