O Museu Paraense Emílio Goeldi lançou os primeiros resultados de um estudo sobre a flora na Serra de Carajás, no Pará, uma das maiores províncias minerais do mundo. O projeto, desenvolvido em parceria com o Instituto Tecnológico Vale (ITV), começou em 2015 num esforço científico que reúne 74 botânicos e mais de 22 instituições do Brasil e do exterior. Até o final do ano, as pesquisas devem abranger quase 10% das 7.071 espécies do estado.

As cangas são ecossistemas vegetais associados a locais onde ocorre o afloramento de rochas ferruginosas. Por estarem associadas às jazidas de ferro, representam desafios para a pesquisa e as ações que conciliem a conservação da biodiversidade e a exploração dos recursos naturais.

Imersas na floresta amazônica, as cangas de Carajás são consideradas a grande lacuna de conhecimento da flora do Brasil. O projeto visa suprir parte dessa lacuna e também contribuir o diálogo entre a ciência, o setor produtivo e órgãos responsáveis pelo licenciamento ambiental na região, trazendo informações detalhadas sobre taxonomia (que classifica os seres vivos), morfologia e distribuição das espécies ocorrentes nas cangas de Carajás.

Esforço Científico

O Museu Goeldi é a instituição pioneira na investigação científica sobre a flora de Carajás, com a primeira expedição de coleta na região realizada em 1969. Há dois anos um passo decisivo foi dado para ampliar o trabalho: o Mu-seu e o ITV uniram esforços para desenvolver o mais recente e sistematizado estudo botânico sobre os campos ferruginosos da Floresta Nacional de Carajás e da região em seu entorno. A pesquisa conta com apoio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Os coordenadores do projeto, os botânicos Pedro Viana (Museu Goeldi) e Ana Maria Giulietti (ITV), estimam que, até a conclusão da pesquisa, em 2017, serão monografadas mais de 600 espécies vegetais. A informação gerada é resultado de coletas de campo em Carajás e em outros pontos do Pará, levantamento bibliográfico e consulta a coleções botânicas de várias partes do mundo, que detém dados sobre a vegetação de canga.

Todo o material coletado desde 2015 já está incluído em banco de dados, com 8.800 amostras depositadas no herbário do Museu Goeldi, em Belém. “Com os trabalhos de campo do projeto, o acervo botânico de Carajás praticamente dobrou e novos materiais foram coletados”, conta o pesquisador Pedro Viana, curador do herbário do Museu Goeldi.

Com esses dados, os pesquisadores esperam organizar informações muitas vezes dispersas ou incompletas sobre as espécies. “O trabalho permitiu atualizar e sistematizar os dados sobre a flora desta importante região que é a canga de Carajás. Espécies que não apareciam nas lis-tas anteriores foram encontradas, e espécies consideradas como ameaçadas e raras foram coletadas”, explica Ana Maria Giulietti.

O estudo também contribuirá para o projeto Flora do Brasil 2020, em construção, que reúne mais de 700 colaboradores preparando um acervo online com objetivo de cumprir a meta 1 da Estratégia Global para Conservação das Plantas, assinada pelo governo brasileiro.

Fonte: Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações do Brasil

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