O governo chinês lançou uma ambiciosa estratégia nacional que rompe todas as barreiras entre pesquisas civis e militares – levantando enormes desafios para universidades, empresas privadas e países do mundo todo.
Por meio de uma estratégia chamada “fusão civil-militar”, o Partido Comunista Chinês está se aproveitando das liberdades que impulsionam a inovação e está roubando a tecnologia de terceiros, disse o secretário de Estado dos EUA, Michael R. Pompeo, em uma conferência em 13 de janeiro sobre inovadores do Vale do Silício. Quase todas as mil investigações abertas do FBI sobre roubo de propriedade intelectual estão ligadas à China, acrescentou.
“No âmbito da lei chinesa, empresas e pesquisadores chineses devem — repito, devem — sob as penas da lei, compartilhar tecnologia com as forças militares chinesas”, afirmou Pompeo.
A seguir, algumas razões pelas quais os EUA estão preocupados:
Ocultação de Afiliações Militares
Dezenas de cientistas do Exército de Libertação Popular da China ocultaram suas afiliações militares a fim de viajar para Austrália, Canadá, Estados Unidos, Nova Zelândia, Reino Unido e União Europeia. Esses pesquisadores chineses trabalham em centros de pesquisa estrangeiros para realizar pesquisas em áreas sensíveis, como mísseis hipersônicos e tecnologia de navegação, de acordo com o Instituto Australiano de Políticas Estratégicas (Aspi, na sigla em inglês), um think tank em Canberra.
As forças armadas da China também enviaram 2.500 cientistas para universidades estrangeiras desde 2008, revelou o Aspi em um relatório de outubro de 2018. Os EUA e o Reino Unido receberam cerca de 500 desses pesquisadores, enquanto 300 foram enviados para a Austrália e o Canadá, e a Alemanha e Cingapura receberam aproximadamente 100.
“Alguns dos que viajam para o exterior têm usado ativamente identidade falsa para disfarçar suas afiliações militares, alegando pertencer a instituições acadêmicas inexistentes”, disse o Aspi.
Exploração do Sistema Aberto do Ocidente
Investigadores do Senado dos EUA concluíram que a China está explorando a transparência, a reciprocidade e a competição ba-seada no mérito que impulsiona a pesquisa americana há décadas. “Esses valores promovem uma livre troca de ideias, incentivam os resultados mais rigorosos da pesquisa e florescem e garantem que os pesquisadores recebam o benefício de seu capital intelectual”, de acordo com o relatório do Senado publicado em 19 de novembro de 2019.
“A China usa injustamente a pesquisa e as experiências americanas que obtém para seu próprio ganho”, disseram os investigadores do Senado.
Por exemplo, em 2019, a Corporação Geral de Energia Nuclear da China, que opera as usinas nucleares civis da China, foi adicionada à Lista de Entidades do governo dos EUA por seus esforços para adquirir tecnologia nuclear avançada dos EUA e desviá-la para uso militar na China.
As entidades listadas são suspeitas, com base em fatos específicos, de se envolverem em atividades que representam um risco para a segurança nacional dos EUA.
Há uma diferença distinta entre a estratégia de fusão civil-militar da China e as políticas de outras nações. Muitos países, incluindo os Estados Unidos, alavancam o setor civil para avançar na modernização militar. Mas os Estados Unidos e parceiros em todo o mundo garantiram, através de acordos internacionais, que a tecnologia de uso duplo não será desviada para uso militar.
A estratégia de fusão civil-militar faz exatamente o oposto.
Risco de Comprometer os Valores Fundamentais
Pompeo, em suas declarações no Vale do Silício, alertou que o roubo de pesquisas do Partido Comunista Chinês apoia não apenas as Forças Armadas da China, mas também suas políticas cada vez mais repressivas.
“Mesmo que o Partido Comunista Chinês dê garantias de que sua tecnologia está limitada a usos pacíficos, vocês devem saber que há um risco enorme”, afirmou Pompeo. “Precisamos garantir que os princípios americanos não sejam sacrificados em prol da prosperidade.”
Fonte: share.america.gov