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A organização não governamental (ONG) brasileira, Central Única das Favelas (CUFA), trará uma série de eventos para a primavera/verão em Nova York direcionado para a comunidade, na sua sede, em Nova York, no bairro The Bronx.

Uma das mais conhecidas ONG brasileira desembarcou em Nova York, EUA, em 2015 para testar o desafio num escritório global e interagir com outras 16 representações fora do Brasil.

Tudo começou na semana global da ONU, quando o criador da CUFA, Celso Athayde, trouxe cerca de 100 pessoas para o evento, Semana Global Cufa, e apresentou uma série de atividades que fazem parte do DNA da instituição, gerando reflexões, debates, intervenções artísticas e culturais.

O diretor da CUFA de Nova York, Luis (Eli Efi) Da Silva, foi responsável por iniciar, em 2017, o “Artist Movement”, que proporciona artes para crianças, cursos de DJ e “open mic” para futuros MC’s. Ele diz que já está confirmada as datas para os programas de 2019, que começa em abril.

Um dos projetos mais esperados para esse ano é o “Saturday Program”, que leva o nome de “Ode to the Bronx” uma parceria entre a CUFA e a ONG do Harlem chamada Wham.

O programa é realizado no centro cultural Andrew Freedman Home e conta com vários professores voluntários, a maioria brasileiros que já conhecem a organização do Brasil.

As atividades não são apenas para crianças, mas para toda família, com atividades que vão desde capoeira, dança, artes até grafite e música. “A nossa ideia sempre foi ter os pais presentes com os filhos. Eu percebo que o problema não é só com o jovem, mas abrange a família. A distância que os pais têm da necessidade do jovem de se expressar é muito grande e às vezes os filhos são reprimidos dentro de casa”, observa Luís.

Todos os participantes ganham certificados na conclusão dos cursos. O projeto que vai para sua terceira edição, começou em 2017 com 85 participantes. A maioria africanos e latinos, moradores do The Bronx e arredores.

No entanto, o programa do ano passado teve um gosto especial. Luís conta que tiveram como participantes crianças vindas do Foster Care – que é uma entidade que cuida de crianças afastadas dos pais, na maioria presos pela imigração.

“Algumas crianças já estavam meses sem ver os pais. Por isso, as elas criaram um apego com o programa e quando falamos que íamos terminar elas choraram tanto que decidimos estender o programa até cinco meses. O término foi bem difícil e me tocou muito.

O segundo projeto agendado para este verão é o campeonato infantil de futebol. A princípio será realizado no jardim do centro cultural, onde funciona o escritório da Cufa. Porém, o plano é que, se der certo, continue o ano inteiro.

“Pretendo no futuro fazer intercâmbio com crianças daqui e do Brasil. E realizar a Taça das Favelas – que é um projeto que funciona na Cufa do Brasil – aqui com a final no Yankee Stadium”, sonha o diretor da Cufa NY, que quando chegou nos EUA foi professor de futebol numa escola pública e seu time ganhou três vezes.

O principal desafio na Cufa de NY agora é conseguir fazer com que esses projetos de verão se tornem permanentes. Para isso eles ainda correm atrás de suporte de alguma fundação ou uma resposta de um sponsor em potencial.

Segundo Luis, a ONG não recebe nenhuma ajuda de custo do Brasil, e todos os programas no momento são feitos por voluntários e doações. As famílias participantes trazem comidas feitas por elas como pagamento das aulas.

O sonho do diretor da Cufa, Luis da Silva, é um dia poder oferecer um programa de música para crianças com aulas de violino, piano e produção musical, exigindo em troca, que elas tenham notas boas na escola.

“O evento é uma oportunidade para a Cufa exportar e democratizar o acesso internacional à sua tecnologia social única no mundo. Além disso, será possível importar novas idéias e gerar debates sobre o papel da cultura popular, do esporte comunitário, do empreendedorismo social e do empoderamento de moradores de favelas e periferias como armas poderosas contra o preconceito social e a discriminação racial”, declara.

Antes da Cufa, Luís, que já tem cinco álbuns de hip hop lançados no Brasil com grupo DMN, já fazia um trabalho social dando aula de percussão e futebol para crianças. Com o convite da Cufa Brasil viu a oportunidade de fazer o mesmo em Nova York.

A CUFA está presente em 27 países e hoje se consolida como uma das maiores organizações de jovens, oriundos das favelas no mundo, mobilizando de forma direta cerca de 80 mil pessoas por ano. Entre eles crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos.

VIVIANE FAVER
Jornalista
vfaver@gmail.com

VIVIANE FAVER

By VIVIANE FAVER

Jornalista radicada em NYC. Estagiou e trabalhou no Jornal do Commercio por 10 anos na editoria de economia. Mudou-se para NY em 2014, onde começou a colaborar para o jornal The Brasilians, o Extra, O Dia, CNN Style (Londres), New York Beacon, entre outros. Também trabalha com documentários, o mais recente foi o 'Queen of Lapa', que ganhou o prêmio no festival LGBT, NewFest, em NYC, em 2019.

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