Em maio passado, o brasileiro Hélio Castroneves disputou a prova mais famosa e tradicional do automobilismo mundial em busca de uma vitória que poderia ter lhe garantido um triunfo histórico. Chegando em primeiro lugar na 103rd edição das 500 Milhas de Indianapolis, o piloto iria igualar-se a AJ Foyt, Al
Unser e Rick Mears como um dos maiores vencedores da história desta prova, com quatro títulos conquistados. Infelizmente, não aconteceu. Hélio terminou em décimo-oitavo lugar.
Com mais de 20 anos de carreira, inúmeras vitórias e uma reputação impecável nas pistas, você pode até pensar que já está de bom tamanho. Não para Hélio. O incansável piloto continua em busca de desafios e considera disputar mais uma vez as 500 milhas de Indianapolis no próximo ano se houver oportunidade.
Hélio não faz mais parte do time fixo da Penske (sua equipe desde 2000) na fórmula Indy. Em 2018, ele juntou-se ao Acura Team Penske (com Juan Pablo Montoya e Dane Cameron) para disputar o IMSA WeatherTech SportsCar Championship. Contudo, disputou as 500 Milhas de Indianapolis em 2018 e 2019 como quarto piloto da mesma equipe.
Em entrevista exclusiva ao The Brasilians, Hélio fala sobre os seus sucessos e desafios dentro e fora das pistas. Confira a seguir.
The Brazilians: Com mais de 20 anos de uma carreira de sucesso, você não aparenta querer sair das pistas. O que você ainda gostaria de ganhar?
Hélio Castroneves: A intenção é não parar tão cedo. Enquanto houver combustível, amor por essa carreira, não quero parar. Mas também não quero ser dessas pessoas que não sabem o limite. Eu agora, sendo contratado da Penske em carros esportivos, estou diante de corridas de longa duração e também das famosas corridas, como Daytona. São corridas que têm história no automobilismo, então você tem desafios novos com isso.
TB: Depois de tantos anos correndo, você ainda sente um friozinho na barriga antes da corrida?
HC: A adrenalina faz parte e o friozinho na barriga também. Se você perder esse sentimento, você não deve continuar. Isso te prepara para ir um pouco para briga. Tem que ter uma faisca. Se não tiver não é o momento.
TB: Como é a sua rotina profissional? Consegue ter vida social ou leva aquela vida regrada de atleta?
HC: Agora que eu estou no carro esportivo, a temporada começa em janeiro e vai até outubro. Agora é uma pouco mais programado. Você corre somente uma vez por mês. Estou ainda me adaptando por ser o segundo ano. Mas dá para aproveitar um pouco, como viajar no spring break com a minha filha.
TB: Qual é a parte chata da profissão?
HC: As viagens. Viajamos muito por causa de patrocínio e para expor a categoria. Além disso, a minha equipe fica em Charlotte e eu moro na Flórida.
TB: O que você pensa em fazer depois que se aposentar das pistas?
HC: Procuro possibilidades de negócios. Mas eu adoraria continuar envolvido com corrida, como consultor ou de alguma outra forma. É uma coisa que eu fiz por tantos anos e é algo que eu posso levar a outras pessoas.
TB: Uma carreira na televisão talvez? Você já mostrou que tem muito carisma a frente das cameras.
HC: Não sei (risos). Acredito que não. Eu tento ser espontâneo. Quando as coisas são mais relaxadas sai tão bem. Mas eu adoro, me diverto muito.
TB: E depois de vencer “Dacing With the Stars”, você ainda dança?
HC: Qualquer lugar que vou, de boate, discoteca a festa de casamento, eu tenho que dançar. Mas já faz tempo, eu não lembro mais.
TB: Você mora na Florida há muito anos. Como é a sua vida como imigrante nos Estados Unidos? Pretende voltar a morar no Brasil?
HC: A Flórida é um lugar com o clima muito parecido com o do nosso país. E tem uma comunidade (brasileira) muito grande. A tecnologia hoje faz com que você possa assistir a muitas coisas do Brasil. A minha vida está aqui. Eu não tenho mais nada lá. Meus pais estão no Brasil, mas moram parte do ano aqui. Minha mulher é colombiana, então eu acabo indo muito para lá (Colombia). Não sei o que vai acontecer. Minha filha tem 9 anos, talvez quando ela for para a faculdade. Mas por enquanto não está nos planos (retornar ao Brasil).