2020 começou como um furacão de dimensões globais e avassaladoras. A chegada da pandemia da Covid-19 “contaminou” todos os países de forma inédita e forçou as pessoas a se isolarem dentro de suas casas e a encarar novos hábi-tos e formas de convivência social e profissional. Milhares de empresas, lojas e restaurantes fecharam as portas e milhões de trabalhadores agora estão desempregados.
No Brasil, grande parte da mídia elevou a doença a condição de um apocalipse, transformando seus noticiários em algo bem próximo de um informe funerário, indigesto de assistir. Infelizmente, politizaram a doença e muitos governadores e prefeitos estão sendo investigados por desvios e fraudes cometidas com os recursos federais liberados para salvar vidas e impedir a falência de empresas e a fome das famílias.
O momento atual é tenso. Mas, como será o amanhã? O que será de nós após a pandemia? O que será de nossas finanças e da economia? Será que as pessoas vão se lançar às ruas como faziam antes da pandemia?
Com certeza, nada será como antes e teremos um mundo bem diferente daquele que conhecíamos até uns meses atrás. As pessoas perceberam que nosso bem-estar depende de uma ação coletiva. Cada um é peça fundamental para a sobrevivência de todos. E, por isso mesmo, o uso da máscara facial será o novo normal, mesmo depois que a doença estiver controlada, seja com terapias e medicamentos ou com vacinas. Teremos novos hábitos de higiene, com o uso de álcool gel e a lavagem das mãos de forma recorrente.
O e-commerce ou comércio online vai deixar definitivamente de ser uma mera alternativa de compras. As lojas físicas serão repensadas e podem se transformar em meros espaços de experimentação das marcas, como um showroom. As vendas tendem a migrar para o universo online. O comércio tradicional deve encolher, se não for feito um bom trabalho de comunicação e de marketing. A comunicação pode ser o diferencial entre a loja que vai sobreviver, na rua ou no shopping, e a que vai migrar para o e-commerce ou mesmo se extinguir.
Muitos restaurantes, lanchonetes e cafeterias terão redução radical de clientes, que deixarão de fazer o consumo no local e optar por fazê-lo em casa. Essas lojas terão que reduzir o espaço das mesas ou adotar o exemplo que veio da Europa, do uso de cabines em formato de estufas, para poucas pessoas. Os restaurantes self-service vão precisar se reinventar para não fechar. A tendência é que os clientes não mais manuseiem a comida nas gôndolas. A área das comidas deve ficar isolada por vidro ou acrílico e apenas um funcionário, devidamente protegido, é quem a colocará no prato do cliente, sob sua orientação.
Um dos segmentos que mais cresceram com a pandemia foi a educação online. Eu mesmo aproveitei o período de confinamento para aperfeiçoar meus conhecimentos em marketing digital e em design gráfico. Este setor tende a crescer exponencialmente, pois muita gente terá receio de dividir o espaço de uma sala de aula com 30, 50 pessoas.
A pandemia deixou claro que o globalismo será substituído pelo protecionismo. A pandemia mostrou para o mundo que a China detém a maioria dos insumos, inclusive para produção de medicamentos e vacinas. Os países vão buscar mais autonomia em produtos essenciais, pois há quem acredite que uma nova pandemia não vai demorar para surgir.
O setor de turismo é outro que precisará se reinventar. Haverá uma redução significativa nas viagens de negócios, que deverão ser substituídas por videoconferências. Por um longo tempo, as viagens de lazer serão dentro do Brasil e as pessoas vão buscar mais o interior, a natureza, longe da concentração de gente. As empresas de bicicletas e patinetes compartilhadas vão sofrer, porque as pessoas terão mais receio de dividir as unidades com quem não conhece e não sabe se tem alguma doença. Passeios físicos podem ser substituídos por tour virtuais a cidades turísticas, monumentos e museus. Casas noturnas, cinemas e teatros vão sofrer e os grandes shows podem ser substituídos por lives, que cresceram muito durante a pandemia.
O mundo esportivo também não deverá ser o mesmo. Provavelmente, haverá receio de as pessoas frequentarem estádios de futebol e ginásios. As academias devem sofrer muito após a pandemia, porque as pessoas vão optar por atividades ao ar livre, longe de ambientes confinados e aparelhos que podem estar contaminados.
No mundo profissional, a tendência é que as pessoas façam mais home office, videoconferências e trabalho remoto. Vão procurar mais qualificação, principalmente em cursos online, e investir em novas áreas e em novas tecnologias. As pessoas, provavelmente, vão estar mais antenadas sobre medidas tomadas pelos governantes, expectativas para determinados segmentos e novas tendências. Elas estarão mais preparadas para acompanhar grandes mudanças em curtos períodos.
Possivelmente, as pessoas vão planejar mais a organização do seu dinheiro quando a pandemia acabar. Elas vão reavaliar despesas, cortar gastos e só comprar o essencial, preferindo os pagamentos à vista, criando limites de gastos e negociando dívidas.
O importante, diante de tanta mudança no horizonte, é que teremos que aprender a viver em um “novo normal”. A vida será diferente, ninguém sabe exatamente como, mas temos que estar abertos e preparados para nos adaptar com agilidade ao que vier pela frente. E, com certeza, as pessoas vão dividir a história em “Antes da Covid-19” e “Depois da Covid-19”.
FÁBIO PAIVA
Jornalista & Designer Gráfico
fabito.df@gmail.com