O Pink Floyd tem uma história secreta, conturbada e fascinante, que começa em Cambridge, na Inglaterra, nos tempos da Segunda Guerra Mundial, quando seus integrantes ainda eram crianças, e se estende até recentemente. A vida e a música de Roger Waters, David Gilmour, Nick Mason, Richard Wright e Syd Barret, assim como seus conflitos, neuroses, medos, paixões e vitórias, são esmiuçados, em um relato que impressiona pela riqueza de detalhes. Contendo entrevistas com dezenas de pessoas próximas aos músicos – amigos, namoradas, parceiros de trabalho, testemunhas, críticos musicais -, bem como depoimentos dos próprios membros da banda. Nos Bastidores do Pink Floyd, acompanha passo a passo a gênese do Pink Floyd e toda a sua carreira.
A história da banda Pink Floyd tem seu início na metade dos anos 60 quando um bando de amigos formaram uma banda que teve diversos nomes e formações, mas foi somente em 1965, quando ainda se chamavam “Tea Set”, descobriram que precisavam mudar de nome, pois já existia uma banda com o mesmo nome. Foi então que Syd Barrett deu a ideia de se chamarem The Pink Floyd Sound, em uma clara homenagem aos músicos Pink Anderson e Floyd Council, ambos músicos de blues. Durante um tempo, ficaram usando aquele nome, mas logo mudaram para The Pink Floyd e logo depois apenas Pink Floyd.
Com o nome resolvido era hora de galgar novos caminhos no mundo da música e entre muitas dificuldades e até uma certa “oposição” de Syd Barrett, o Pink Floyd lança seu primeiro álbum em 05 de agosto de 1967. The Piper At the Gates Of Dawn teve críticas de todos os tipos, mas ao longo da história, o disco foi um marco do art rock e do rock psicodélico. Para a banda, chamou a atenção e deu um certo status no meio underground. Porém, se The Piper Gates of Dawn foi um bilhete de ingresso da banda no mundo da música comercial, para Syd Barrett, que capitaneou praticamente todo o disco, foi o começo de sua vertiginosa queda, da qual jamais se reergueu.
Se por um lado a saída de Syd Barret foi um baque para os fãs do Pink Floyd psicodélico, por outro deu a chance que Roger Waters estava esperando para tocar como bem entendesse a sonoridade da banda, o que por sua vez também deveu-se o mérito a David Gilmour, Richard Wright e Nick Manson. Começa alí a grade e meteórica subida ao estrelato da banda mais icônica do Rock Progressivo.
O Pink Floyd foi e ainda é uma das maiores bandas de todos os tempos no meio do Rock Progressivo Mundial. Uma das bandas que mais influenciou outras bandas, sejam do mesmo gênero ou não, e que, mesmo com sua “parada”, ainda continua influenciando dezenas, centenas e até milhares de pessoas pelo mundo afora.
Nos Bastidores do Pink Floyd de Mark Blake, nos mostra como uma carreira de sucesso não é fácil; e mesmo quando se chega ao topo, as coisas ficam ainda mais difíceis. Blake disseca cada membro do Floyd em cada fase da banda através de seus lançamentos fonográficos.
É, também, por meio de amigos, roadies e pessoas que foram intimamente ligadas à banda que o desenvolvimento do livro se desenro-la nos mostrando a faceta de cada músico. Talvez para alguns a personalidade demonstrada no livro possa chocar, pois uma coisa é você ser um fã da plateia e outra é você adentrar na história de cada um e perceber que seus ídolos não eram, não foram e nunca serão os modelos de perfeição que, em nossa função de fã, pensávamos que eram.
As brigas, intrigas e desavenças, são todas relatadas minuciosamente ao longo do livro, principalmente aquela relacionada a disputa jurídica entre Roger Waters e David Gilmour pelos direitos do uso do nome. As drogas também são largamente demonstradas ao longo da história e, como no caso de Barret, as suas consequências.
É extremamente interessante e muitas vezes frustrante, saber que músicos do quilate de Richard Wright e Nick Mason, muitas vezes eram relegados a segundo plano e em certas ocasiões sequer eram relegados a coisa alguma. Não que ambos não tiveram culpa pelos acontecimentos de cada um dentro e fora da banda, mas descobrir certas coisas que o livro relata, chega a ser frustrante.
Mark Blake conseguiu mostrar também a grande importância que a banda teve no mercado musical mundial, relatando como foram as sessões de gravações, criações, ensaios, shows e muito mais, de clássicos absolutos como Animals, Wish You Were Here, The Final Cut e dos gigantescos The Dark Side Of The Moon e The Wall.
Blake também nos mostra como Rogers Waters se tornou o grande compositor da banda e também o grande ditador dela. Sua fixação pela morte do pai na guerra, seus engajamentos políticos e seu desprezo pela imprensa são demonstrados incansavelmente em todo o seu “reinado”, que devido a suas frustrações acabou resultando em sua ruptura com o Floyd e uma disputa jurídica cheia de picuinhas com David Gilmour.
O autor também traz à tona todas as dificuldades que Gilmour teve com a saída de Waters e da grande pressão que teve que enfrentar para mostrar que poderia ser o novo, e único, frontman do Floyd, o que ao longo da história se mostrou exatamente isso. Mas é muito interessante ver pelo que ele teve que passar para conseguir se firmar como o “chefe”.
Mas de qualquer forma o Pink Floyd conseguiu sobreviver após todos os percalços que a banda sofreu, deixando sua marca na história, hoje ainda capitaneada pelo simpático Gilmour, e trazendo muita emoção aos fãs, sejam eles antigos ou os novos que a cada dia ainda descobrem o poder dessa espetacular banda.
O autor Mark Blake é escritor, jornalista e crítico musical apaixonado pelo rock. Foi editor da revista Q, publicação de música mais vendida no Reino Unido, e atualmente é o editor-chefe das edições especiais das revistas Q e Mojo. Há anos escreve sobre as grandes bandas de rock para importantes revistas de música, e já entrevistou personalidades como Roger Waters, Paul McCartney, Kurt Cobain, Bono, Ozzy Osbourne e Robert Plant. O primeiro show que assistiu foi do Pink Floyd, em Londres, em 1980. (Bio retirada da orelha do livro Nos Bastidores do Pink Floyd).
Jeffa Koontz
Crítico Literário
www.sagaliteraria.com.br