Quando se fala de thrillers de mistério e com toques históricos, não tem como não lembrar de escritores como James Rollins e o aclamado Dan Brown, que fazem sucesso nessa linha editorial há bastante tempo. E é justamente por essa comparação que a “vida” de O Fogo Invisível fica um tanto complicada. Não tem como negar que a escrita de Javier é muito boa, envolvente e o autor conhece muito bem daquilo que fala em seus livros, pois fica claro o nível de pesquisa que foi necessário para se finalizar O Fogo Invisível. Porém, a trama parece um pouco truncada para um thriller policial histórico que, supostamente, envolve mistério, informações históricas e ação. Tudo isso, a trama tem, mas o que realmente me incomodou foi sua distribuição que pendeu mais para o lado descritivo.
Javier foi mestre em escolher e dissecar detalhes sobre um dos mistérios que os criadores de conteúdo como livros, filmes e afins, adoram se utilizar: O Santo Graal. Mas, pelo fato de ser um assunto já extensamente abordado por anos, em diversas plataformas e mesmo com toda a pesquisa sobre o assunto realizada pelo autor, certas “revelações e conclusões” escolhidas e apresentadas na trama, simplesmente, não me convenceram. É obvio que o objetivo da história de Sierra foi uma extensa “explicação” e busca pelo sagrado objeto. Tanto que a narrativa que versa sobre documentos, livros e reuniões são realmente bastante descritivas e isso, em certo ponto do livro, cansa. Para mim, o grande erro de Javier, foram as poucas cenas de ação que o livro apresenta, pois isso, aliado a um clima de mistério, que também poderia ser maior, faria uma grande diferença no final das contas. Também não posso deixar de falar do clássico “casal” da trama que em momento algum me trouxe qualquer empatia, mesmo depois de conhecer e ver o andamento da história de ambos. Isso sem falar de uma determinada cena, que foi a mais fria e “técnica” que eu já li em toda minha vida de leitor.
Infelizmente, não deu certo. Outra coisa que me deixou bastante irritado com esse livro, foi a imensa falta de habilidade, pelo menos nesse quesito, em inserir na trama um personagem com toques “sobrenaturais”, que se revela mais “natural” do que “sobrenatural”, propriamente dito; principalmente com a sua resolução final que chega a “doer os olhos” de tão simples e inequívoca que foi. Aliás, sem cometer o crime de spoiler, preciso dizer que poucos livros me deixaram irritados em suas resoluções, mas O Fogo Invisível foi um deles, infelizmente.
Nada me deixa mais triste, meus caros leitores e leitoras, quando um livro o qual queria muito ler me traz uma surpresa negativa, mas, infelizmente, isso acontece. Quero lembrar que, obviamente, a minha opinião negativa sobre O Fogo Invisível de Javier Sierra, é exatamente isso: minha opinião. O que, de forma alguma, o impede, meu caro leitor e leitora, de descobrir por si só se minha opinião é igual a sua. Arrisquem-se, pois o que seria do vermelho se todos gostassem somente do azul.
Javier Sierra é o único autor espanhol contemporâneo que conseguiu situar seus romances no top ten dos livros mais vendidos nos EUA. Suas obras já foram traduzidas em mais de quarenta idiomas. Além de A ceia secreta, é autor de A dama azul (publicado em 20 países) e O anjo perdido, acolhido com enorme entusiasmo pelos leitores. A ceia secreta foi finalista do Prêmio de Romance Cidade de Torrevieja, e desde sua publicação se transformou em um fenômeno editorial sem precedentes, hoje lido em 43 países.
JEFFA KOONTZ
Crítico Literário
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