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Rádio ONU: Quais as prioridades do Brasil nestes debates da Assembleia Geral para este ano de 2016.

Ministro José Serra: Olha, as prioridades amplas do Brasil em relação às Nações Unidas é o quadro internacional. Se confundem com a própria missão da ONU. Primeiro, promoção da paz; segundo, os direitos humanos; terceiro, o desenvolvimento sustentável. Este é o tripé em relação ao qual se constrói, digamos, a política internacional do Brasil. Nestes tempos, mais do que nunca. Agora, nesta Assembleia, a questão dos refugiados, que combina dois destes três objetivos, vai ser um tema importantíssimo. Aquele que envolve o tema da paz de um lado, já que os conflitos no Oriente Médio e na África geram deslocamentos em massa de pessoas, e o tema da proteção e promoção dos direitos humanos porque os refugiados e migrantes têm direitos inerentes a sua condição de populações mais vulneráveis.

RO: E o Brasil deve fazer alguma promessa nesse Encontro de Cúpula dos Refugiados, de abrigar mais refugiados, uma vez que o país tem uma grande tradição de receber refugiados?

JS: Nós recebemos sempre porque o drama dos refugiados e migrantes não é alheio a nossa história. Nós somos um país cuja diversidade e riqueza resultou justamente da contribuição que as populações de origem estrangeira deram ao nosso desenvolvimento. Alguns através de imigração normal e alguns também através de refúgios, de chegar ao país refugiados por motivos de diferentes naturezas em outros lugares do mundo.

RO: Agora, vamos falar do Acordo de Paris ainda dentro deste debate da Assembleia Geral. O Brasil acaba de ratificar o tratado. Como vai ser a implementação deste Acordo agora no Brasil?

JS: No Brasil, estamos já pondo mãos à obra. Estamos no começo. Eu diria no começo do começo. O mundo também está nesta posição, mas nós estamos mais adiante. Agora, as metas que fixamos são ambiciosas. E parecem, para alguns, impossíveis. Mas eu acho que a missão na política é ultrapassar os limites conhecidos do possível. E nós vamos fazer isso, não tenho dúvida.

RO: O Brasil tem uma sólida parceria com a Organização das Nações Unidas. O próprio secretário-geral, Ban Ki-moon, emitiu uma nota dizendo esperar que essa cooperação “histórica e estreita”, como ele definiu, siga com o presidente Temer. Como o Sr., como novo ministro das Relações Exteriores, pretende introduzir algumas mudanças ou estreitar essa parceria ainda mais. Qual é a sua proposta?

JS: Nós vamos estar mais presentes, temos interesse inclusive de voltar ao Conselho de Direitos Humanos da ONU.

RO: Mais alguma coisa que o Sr. gostaria de acrescentar a essa entrevista?

JS: Só um apêndice a respeito do idioma português é que nós somos um firme apoiador do Instituto Internacional de Língua Portuguesa, que coordena entre os países lusófonos as políticas de promoção do idioma. Só para lembrar a existência desse instituto que é uma coisa muito importante.

O Presidente Temer dá a maior prioridade à organização. Paz de um lado, desenvolvimento sustentável do outro, e direitos humanos para fechar o triângulo. Estes são nossos critérios prioritários e por eles vamos continuar batalhando no cotidiano. Como, aliás, temos feito, inclusive em matérias de direitos humanos, aqui na própria América do Sul.

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