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O embaixador do Brasil junto às Nações Unidas, Mauro Vieira, conversou com a ONU News sobre as prioridades do país em 2018 na organização. Mauro Vieira falou ainda sobre a presidência rotativa do Brasil na Cplp, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, e o encerramento da Missão da ONU no Haiti, Minustah, que teve durante os 14 anos de existência o comando de um general brasileiro. Ele conversou com a chefe da ONU News Português, Monica Grayley.

ONU News: Embaixador, a nossa pri-meira pergunta é sobre as prioridades do Brasil nessa cooperação com a ONU, já para 2018.

Mauro Vieira: O Brasil tem todo o interesse em estar presente e ter uma atuação intensa na ONU. No ano de 2018, a primeira grande iniciativa é o Pacto Global de Migrações, que será negociado no primeiro semestre e depois aprovado numa grande conferência no Marrocos, que terá lugar em Marrakesh. Essa é sem dúvida nenhuma uma grande prioridade. Mas o Brasil tem também várias outras oportunidades. O Brasil tem uma atuação intensa na Comissão sobre a Situação das Mulheres, a CSW, em que o Brasil vai continuar atuando como no passado, inclusive, tendo presidido, no exercício anterior, a Comissão, até março do ano passado. E continuaremos não mais na Presidência, mas atuando intensamente. Temos esse ano, um foco especial que é na situação das mulheres rurais ou mulheres no campo, por isso continuaremos atuando nesse aspecto. Outra área em que temos muito interesse é a área das reformas propostas pelo secretário-geral, António Guterres. A reforma nos três pilares é muito importante para o Brasil. A reforma no pilar do desenvolvimento, paz e segurança, direitos Humanos, e também na área administrativa.

ONU: São 25 anos de debate, como o senhor mencionou, o que é que falta para esse debate avançar então?

MV: É um tema muito complexo. A reforma do Conselho não é um tema simples, se não já tinha teria ocorrido. Eu acho que o importante é conscientizar todos os Estados-membros de que há a necessidade de se reformar o principal órgão das Nações Unidas responsável pela manutenção da paz e segurança internacional. E acho que, como toda a mudança de grande profundidade como essa, precisa de tempo para amadurecer. E acho que chegamos nesse momento, porque, segundo os levantamentos feitos pelos distintos grupos de interesse na reforma, já 164 países se manifestaram pela necessidade de uma reforma urgente do Conselho de Segurança.

ONU: Embaixador, vamos continuar nesse tema da segurança, que é um tema importante para as Nações Unidas e para o Brasil, como o senhor já mencionou. O país comandou durante 13 anos a Minustah, a operação das Nações Unidas no Haiti, com um general brasileiro como chefe das forças. O que se pergunta agora é se o país vai assumir uma outra missão, se o país vai assumir um papel de liderança, um papel importante em qualquer operação de paz da ONU num futuro próximo?

MV: O Brasil, efetivamente, esteve durante mais de 13 anos, quase 14, à frente da Minustah, a Missão no Haiti, com grande número de tropas. No total, com a rotação regular das tropas, tivemos alguma coisa como 40 mil homens no Haiti, sempre sob comando de um general brasileiro, e nos orgulhamos muito do desempenho das forças brasileiras e do comando nesse período. Acho que é uma posição de todo o Governo Brasileiro e da sociedade que foi uma contribuição importante à estabilização e reconstrução de um pais tão próximo ao Brasil. Aliás, o Brasil tem uma tradição de participação em operações de paz desde 1956. Temos participado em muitas e temos militares e policiais em muitas operações. Já tivemos no Timor-Leste, na República Democrática do Congo, em praticamente todas estamos presentes, ou quase todas, estamos presentes com maiores ou menores contingentes, mas estamos presentes, e temos muito interesse nessas operações. Agora, terminada a operação no Haiti, as autoridades brasileiras envolvidas, os Ministérios envolvidos estão analisando possibilidades futuras que são oferecidas pelas Nações Unidas. Terão de ser submetidas à aprovação do Presidente da República, depois enviada uma mensagem ao congresso, para que o Congresso Nacional dê autorização para o deslocamento e desdobramento das tropas brasileiras. Mas é um tema que está em estudo ainda.

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