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Seguindo a tendência da retomada das atividades turísticas no Brasil, que aponta para a preferência por viagens curtas e com natureza, o segmento de enoturismo está em plena recuperação. E otimista. O turismo associado à cultura, tradição e apreciação de vinhos tem se fortalecido no país, juntamente com a estrutura de atendimento ao turista com hotéis, pousadas, bares e restaurantes. O cenário fica ainda mais promissor com a chegada da vindima, que é a época de colheita das uvas. E, em homenagem ao Dia do Enólogo, celebrado no dia 22 de outubro, a Agência de Notícias do Turismo conversou com representantes de um dos segmentos que mais crescem no país.

Foto: Kleyton Kamogawa/shutterstock.com

Os números mostram que o enoturismo foi responsável por muitas viagens pelo Brasil. De acordo com a Uvibra (União Brasileira de Vitivinicultura), antes dos impactos da pandemia de coronavírus, o número de “enoturistas” vinha crescendo de 10% a 15% ao ano. Apenas a cidade de Bento Gonçalves (RS) recebeu mais de 1,5 milhão de turistas em 2019, sendo 500 mil somente no Vale dos Vinhedos. A expectativa é que em 2021 o setor possa retomar a mesma performance.

O presidente da Uvibra, Deunir Argenta, destaca que grande parte das vinícolas são pequenas e familiares, com uma dependência muito significativa do enoturismo. “A venda direta ao consumidor no próprio varejo da vinícola, o contato do produtor com o turista, as experiências em torno da cultura da uva e do vinho são fundamentais para o desenvolvimento do setor”, disse. Argenta explica também que, a partir do crescimento do enoturismo, surgiu também uma estrutura para atender os visitantes. “Um exemplo é o Vale dos Vinhedos, única região do país com Denominação de Origem (DO) de vinhos”, afirmou.

O presidente da União Brasileira de Vitivinicultura ressaltou ainda que, com o turismo de proximidade, que deve aumentar muito em razão das viagens para o exterior ainda estarem distantes, o enoturismo só tem a ganhar. “O que será ótimo para recuperar as perdas do período em que as vinícolas precisaram estar fechadas, o que impactou também todo o trade turístico”, declarou. “Estamos às vésperas de mais uma vindima, período que vem ganhando maior procura por parte dos turistas. A expectativa é grande”, apostou.

Dependendo da época do ano, o turista pode viver experiências diversas no enoturismo, mas é só de janeiro a março que ele vive a vindima no Sul do país. É possível participar da colheita numa programação turística pensada especialmente para esta finalidade. As experiências contemplam, ainda, piqueniques, almoços e jantares harmonizados, cursos rápidos de degustação, visitas guiadas com degustação, passeios de trator no meio do vinhedo, colheita noturna, cinema entre os vinhedos, entre outras opções.

E a retomada já começou. Bento Gonçalves (RS), por exemplo, foi pioneiro no Selo Ambiente Limpo e Seguro que capacitou e avaliou os estabelecimentos do segmento. A iniciativa é do governo local baseada nos protocolos de segurança do Ministério da Saúde que prevê a disposição de com álcool em gel 70%, uso e disponibilização de máscaras, distanciamento controlado, diminuição da capacidade de atendimento, limpeza geral a cada 3 horas, sinalização para conscientização, treinamentos.

Uma das mais famosas opções de enoturismo no Brasil, o Vale dos Vinhedos se localiza no centro do triângulo formado pelas cidades de Bento Gonçalves, Monte Belo do Sul e Garibaldi. O roteiro, que recebeu meio milhão de turistas no ano passado, ganhou um guia completo, elaborado pelo site Vida Sem Paredes, que relata experiência de viagens e turismo consciente e de qualidade.

O Vale dos Vinhedos é a primeira região brasileira oficialmente reconhecida como Indicação Geográfica e a ter Denominação de Origem (DO), uma classificação exclusiva e que garante que os vinhos e espumantes produzidos ali tenham qualidades únicas.

Foto: Lisandro Luis Trarbach/shutterstock.com

Nange Sá, jornalista e co-fundadora do site Vida Sem Paredes. Nange Sá, jornalista e co-fundadora do site Vida Sem Paredes salientou as vantagens de curtir esse tipo de turismo para, também, conhecer a história do nosso país. “Tanto para quem ama vinhos, quanto para quem não tem o hábito de consumir a bebida, visitar o Vale do Vinhedos é uma imersão à história do vinho, à história dos imigrantes e, de certa forma, à nossa própria história”, opinou. “Para mim, é muito válido conhecer vinícolas famosas, mas algo imprescindível é visitar também as vinícolas familiares, conversar com as pessoas e conhecer suas histórias. Só assim você vai conseguir entender a importância do vinho, o que vai muito além de ser uma bebida deliciosa e romântica”.

O enólogo é o profissional capaz de transformar a uva em vinho, espumante e suco de uva. Ele é um profissional que conhece todos os procedimentos relacionados ao processo de produção da bebida com um determinado padrão. O seu trabalho de elaboração de vinhos está intimamente ligado à ciência e à tecnologia. Tudo para compreender o terroir de cada região (solo, clima) extraindo dele o que tem de melhor para fazer o melhor vinho de sua vida.

Para o presidente da ABE (Associação Brasileira de Enologia), Daniel Salvador, o enólogo também ocupa outras posições nos dias de hoje, atuando no marketing do vinho, no turismo e na gestão. “Ao abrir uma garrafa de vinho ou espumante e degustar, não nos damos conta de que por trás dele tem sempre um enólogo, independente de marca comercial. Afinal, a bandeira do enólogo brasileiro é o vinho brasileiro”, explanou.

Fonte: Ministério do Turismo

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