Geralmente, não toco em temas políticos simplesmente porque sinto enorme respeito por diferentes pontos de vista, e sempre tento buscar conhecimento e informações para tomar minhas própria decisões. Esta reflexão não tem intuito político, trata-se apenas de uma visão ampla de uma cidadã com amor ao mundo em que vivemos.
Entretanto, estamos vivendo momentos intensos e determinantes no mundo. Onde sentimentos fortes estão se aflorando nos quatro cantos da terra, tanto no ocidente como no oriente. E todos os dias a mídia nos bombardeia com alertas e atualizações de tantos tópicos importantes e cr-ciais que estão transcorrendo com uma rapidez incrível. E refletindo sobre cidadania e patriotismo com todas as suas definições, torna-se inevitável não perceber e pensar que ambas deveriam estar sempre juntas, visto que uma complementa a outra em termos de afinidade e sintonização.
Uma definição simplificada é que a “cidadania seria o exercício de seus direitos e deveres e patriotismo o sentimento que você sente em referência à pátria”. Lembrando que ser patriota não quer dizer que você concorda com o tipo de governo vigente, mas sim amor a sua terra de
origem ou o seu país de escolha. Muitos acabam deixando seu país e se aventuram imigrando para outros por diversos motivos. Ainda assim, é importante que como filhos de uma mesma pátria, independente de todas as nossas diferenças e diversidade, que nossa admiração, respeito e senso de união nos conectem de uma maneira única e valiosa. Uma união por um amor em comum.
Somos sim diferentes uns dos outros devido aos nossos sonhos, propósitos e projetos pessoais que nos tornam pessoas únicas. E é nessa nave de sonhos e projetos pessoais que embarcamos para longe de nosso país de origem. Longe fisicamente, porque de uma forma muito especial e única, a distância é incapaz de separar os sentimentos e apagar as boas experiências vivenciadas e que nos acompanham na bagagem e que nunca ficam para trás. No meu caso, sendo cidadã de dois países extraordinários ainda com culturas tão diferentes desde o idioma até maravilhas naturais deslumbrantes e, ainda assim, mesmo com tantas distinções, atravessam por problemas diferentes com algumas dificuldades semelhantes. Brasileira de origem e norte-americana por cidadania, acompanho de perto as águas turbulentas que ambos os meus países navegam. Costumo mencionar a alguns amigos próximos que, ao ter sobrevivido ao maior ataque terrorista em solo americano, e ver o desabamento das Torres Gêmeas sobre meu próprio corpo, foi como parte de mim tivesse morrido e algo nascido naquele dia naquele lugar.
Algo difícil de explicar em poucas palavras essa experiência única e impactante, que partindo de uma sensação passou a gerar um sentimento. Independente da forma de descrever esse sentimento, eu me sinto honrada com essa ligação especial e única. Devo admitir que passei a ver o mundo através de uma perspectiva mais ampla e abrangente em vários sentidos.
Ao ver a América do Norte e a do Sul unidas em mim, é quase como ver o mundo ocidental e oriental unidos na Terra e separada apenas por água, como devem observar os astronautas na Estação Espacial. No entanto, ao ter sobrevivido a tantas circunstâncias adversas, o destino me mostrou emoções e experiências pessoais tanto negativas como positivas de que não há como negar que o amor, o carinho e o respeito que tenho ao país que vivo é enorme. Com o tempo a decisão de me tornar cidadã fluiu naturalmente com o florescer desses sentimentos. Que todos possam sentir esse sentimento especial com os países que irão escolher e que consigam unir o presente com o passado como um todo para que suavizem qualquer sensação de ruptura. É algo incrível de sentir, é sem sombra de dúvida uma honra.
Então, que não seja preciso chegar a hora certa para que nossa atitude apenas reaja como um simples processo de ação e reação diante das atualidades. Mas que o nosso patriotismo seja demonstrado como aquele amor único e especial de nós mesmos para com a nossa pátria, a cada dia que passa e nos pequenos detalhes. Que não seja necessário perceber que necessitamos de algumas curas, mas a importância de manter nossos checkups sempre atualizados. Como um amor recíproco e ainda correspondido, preservar e manter essa relação são tão importantes quanto tê-las. Que sejamos mais vigilantes e abertos a opiniões a atualizações para o bem comum da pátria e com nossos compatriotas. Nao necessitamos concordar com nenhum politico para sermos ou demonstrar nosso patriotismo.
Portanto, independente da situação e dos motivos pessoais que levam ou não uma pessoa a obter uma dupla cidadania, ou ainda em manter o orgulho pela sua pátria de origem, que seja com amor, respeito, orgulho e honra sempre. Abraçar a nova pátria que lhe acolheu com a mesma honra e amor.
Então termino com uma frase famosa de um ilustre doutor que passou por muitas situações na pele e ainda teve energia para inspirar mudanças para que possamos refletir: “O que me preocupa não é o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem éticas… O que me preocupa é o silêncio dos bons”. – Martin Luther King
Sorria sempre para o mundo com fé no coração.
ADRIANA MALUENDAS
Autora & escritora
www.alemdasexplosoes.com.br