A virada para 2021 foi, sem dúvida, um misto de emoções. Todo reveillón é tempo em que nos despedimos de um ano na busca pela renovação no ano seguinte. Isso não foi diferente, mas vale lembrar que sentimentos eram esses colocados em jogo.
No Brasil, nos Estados Unidos, no mundo, as restrições às aglomerações mexeram com o sentimento de todos. Como não se unir à família ou aos amigos mais queridos num momento que, durante toda sua vida, você fez isso? Com restrições, como não comemorar o Dia de Ação de Graças, o Natal e a virada de ano?
A resposta é única. Calma, paciência, foco. Felizmente, mesmo que com calendários e fluxo de vacinação diferentes, o mundo todo começou o processo para que todos se recuperem dos efeitos causados pela contaminação pelo COVID-19.
O momento é de pensarmos que todos os planos, todas as festas, não foram interrompidas e proibidas, pelo bem da saúde global, mas sim porque iremos daqui a pouco comemorar em dobro, cada uma delas.
As marcas e as perdas são irreparáveis. Por isso, é melhor adiarmos momentos de alegria e aglomeração, para evitar mortes. Só que a medida que o mundo se vacina, conseguiremos afastar gradativamente esse fantasma que nos assola.
Não teve uma família que não sofreu com a pandemia. Fomos todos afetados, em maior ou menor escala, mas fomos. Mudamos nossas rotinas, aumentamos a relação com os demais via internet e passamos a trabalhar e estudar de forma remota. Ao mesmo fomos atingidos, principalmente pelo lado psicológico, com a perda de pessoas queridas ou pela falta da sociabilização de forma presencial. O brasileiro principalmente, tão conhecido pelos abraços e beijos, pelo calor humano.
Reforçando: é hora de adiarmos projetos ou adaptá-los, para melhor fazê-los assim que pudermos, de forma segura, sem desistir de realizá-los.
Reunir a família em menos quantidade, unir os demais por videoconferência, é um cuidado, um carinho e respeito com os demais. Tudo para que em breve possamos ver a Times Square lotada, a Avenida Paulista repleta de gente, a São Silvestre acontecendo e sendo visto para o mundo todo em 31 de dezembro (a previsão é que a edição do ano passado seja feita em 11 de julho deste ano), pular ondas na orla carioca ao ver um belo show de fogos no reveillón… e o Brazilian Day NY lotará a Rua 46 com a 5a Avenida. Poderemos em breve fazer o Carnaval no Sambódromo da Sapucaí ou do Anhembi e botar os blocos nas ruas… Ver o Galo da Madrugada sair junto ao amanhecer ou ter de novo a energia do Cordão da Bola Preta,
como dos blocos na orla de Salvador.
Agora é um momento de espera, de calma, de vacinação. Os sorrisos escondidos nas máscaras valorizam nossos olhos que viram a principal forma de contato com o outro… Olhos que possam demonstrar verdade, exprimir sentimentos. Isso vai passar, na busca de que os mesmos olhos estejam marejados contando que as lágrimas sejam de um alívio, para que possamos dizer: “passou”. Espere mais um pouco, se cuide pensando em você e nos que ama. Nesse novo ano de 2021 adie, mas não desista dos seus planos e projetos. É hora de sermos como borboletas, que do casulo às grandes asas, precisa de muita transformação. Quem 2021 seja um ano para agradecer que continuamos por aqui, mais fortes e esperançosos para um futuro que dá seus primeiros sinais, com a aplicação da vacina. Adie, não desista. Invente, não se bloqueie. O mundo está aí para mostrarmos que o limite é além daquele que você achava que era, mas que com restrições necessárias que são para proteger a todos nós… e continuar. Toda crise é seguida de um tempo duradouro e próspero. Que assim seja, em todos os sentidos. Happy new year, happy new life.
ELMO FRANCFORT
Escritor & Coordenador do Memória Abert
elmo@francfort.com.br