Por volta do Halloween, alguns fabricantes começaram a relatar escassez nas fórmulas líquidas (pediátricas) de amoxicilina, um antibiótico usado para tudo, desde infecções de garganta a infecções de ouvido em crianças.
Nas últimas semanas, surgiram escassez de outros antibióticos, principalmente para formulações pediátricas, como o oseltamivir (Tamiflu) e algumas formulações de albuterol, usado para tratar asma e respiração ofegante.
Alguns médicos estão mandando os pacientes para casa com versões impressas de várias prescrições de antibióticos diferentes, caso a primeira esteja esgotada.
De acordo com o site da Sociedade Americana de Farmacêuticos do Sistema de Saúde, não há uma razão explícita nem uma solução prevista para a escassez de muitos desses medicamentos.
Mas o que está acontecendo então?
A primeira aposta é que esta escassez se deve, em parte, à demanda. Os Estados Unidos têm visto um número sem precedentes de casos dos vírus respiratórios RSV e influenza, e essas doenças virais são frequentemente complicadas por infecções bacterianas sobrepostas.
Adicionado a isto, os profissionais de saúde têm o péssimo hábito de prescrever antibióticos quando não são indicados. Os antibióticos tratam infecções bacterianas específicas, mas não fazem nada contra um vírus e podem causar mais mal do que bem quando prescritos de forma inadequada.
Mas o problema é maior do que as práticas de prescrição e o aumento da demanda. Também envolve muito mais do que medicamentos pediátricos apenas. De acordo com a página da Foods And Drugs Administration (FDA), existem atualmente mais de 120 medicamentos que não estão disponíveis ou estão em escassez nos Estados Unidos.
Esse problema de oferta de medicamentos não é novo. A FDA vem trabalhando nessa questão há anos, tanto que criou a “Equipe de Escassez de Drogas” em 1999. Apesar dos esforços para abordar as causas do problema ao longo das últimas duas décadas, o país ainda tem uma cadeia de suprimentos médicos disfuncional e opaca. Ainda não há uma maneira fácil de aumentar a produção para atender ao excesso de demanda (que é o caso agora). Os lucros limitados, particularmente para medicamentos de baixo custo, como a amoxicilina, não animam os produtores a fazerem melhor.
Quando medicamentos de primeira linha não estão disponíveis, os médicos optam pelos de segunda linha, mas isso pode trazer outros tipos de problemas como, por exemplo, pessoas no Medicaid têm cobertura mais restritiva de medicamentos de segunda linha; asilos e prisões não têm condições financeiras para contratar novos fornecedores; crianças precisam de dosagem precisas, entre outros.
A resposta para o problema é claro que não é estocar antibióticos como fizemos com o desinfetante para as mãos, mas defender e criar sistemas melhores – e cobrar para que governo e empresas privadas o façam.
Enquanto isso, neste inverno, o melhor a fazer é não ficar doente. Tome a vacina contra a gripe e o reforço bivalente do Covid-19. Se se sentir doente, coloque uma máscara quando próximo de outras pessoas e lave sempre as mãos.
Fonte: CNN