Desde o início desta Copa do Mundo, os tradicionais “pesos-pesados” do futebol lutam contra ela… a zebra!
Hoje foi a vez da Espanha. A “La Roja” como é chamada em casa, já havia perdido para o Japão na fase de grupos, o que a deixou na segunda posição da chave. Muitos chegaram a comentar que a Espanha teria perdido de propósito para poder pegar um adversário mais fraco nas oitavas-de-final. Se tivesse ficado com o primeiro lugar, teria jogado contra a Croácia, a vice-campeã do mundo.
Mas se é verdade que a equipe espanhola deixou ser vencida, a tática não a levou muito longe. O Marrocos, adversário das oitavas, formou um paredão, deu aula de retranca, e não deixou a Espanha fazer gol no tempo normal da partida e prorrogação. O jogo foi para os pênaltis e, surpreendentemente, os três batedores da Espanha erraram.
Conclusão: Quem não faz gol (nem de pênalti!), leva. A Espanha foi eliminada nas oitavas-de-final pelo Marrocos, por três a zero, nos pênaltis. Resultado histórico. A seleção africana vai jogar as quartas-de-final de uma Copa do Mundo pela primeira vez. É a melhor campanha da história do Marrocos, que já havia se classificado para as oitavas na Copa de 1986.
Mas na lista das zebras, esse jogo foi só mais um.
A Arábia Saudita venceu a Argentina no que foi considerado a maior zebra de toda a história das copas. Nos dias seguintes, o Marrocos derrotou a Bélgica, a atual número 2 do mundo, e a Austrália ultrapassou a Dinamarca para garantir sua classificação para a fase eliminatória.
No Grupo E, o Japão venceu a Alemanha e a Espanha e acabou na liderança do grupo. A Alemanha foi eliminada na primeira fase.
E o Brasil que perdeu para Camarões? A seleção brasileira era sem dúvida a favorita, mesmo jogando com a equipe reserva.
Já vimos muitos resultados surpreendentes na Copa do Mundo ao longo dos anos, mas a edição deste ano está vendo mais do que a maioria. Na verdade, esta Copa do Mundo é apenas a quarta edição em 92 anos de história da competição em que nenhum time venceu todos os jogos da fase de grupos – e a primeira desde 1994.
Por que tantas surpresas no torneio deste ano?
A Copa do Catar é uma Copa do Mundo como nenhuma outra.
É a primeira a ser realizada no Oriente Médio e a primeira a acontecer no meio do calendário tradicional do futebol europeu.
Por causa da decisão da Fifa de não realizar a Copa do Mundo em julho, como de costume, devido à alta temperatura no Catar durante esses meses, a maioria das seleções teve pouco mais de uma semana de preparação para a principal competição internacional do futebol.
Como resultado, as nações com jogadores atuando predominantemente em um país mostraram melhores resultados no início. Por outro lado, equipes com jogadores em ligas de todos os cantos do globo lutaram por coesão nas primeiras partidas.
Outro fator a ser considerado é a própria natureza do torneio. Para muitos jogadores de seleções como pouca experiência no futebol, estar numa Copa é uma oportunidade única. Eles não sabem se estarão em outra em 4 anos, como acontece com a maioria dos países com mais tradição no futebol. Então, muitas vezes a garra, a dedicação e a vontade falam mais alto do que a habilidade em si.
Nivelamento do campo de jogo?
Mas é importante levar em conta também que o futebol não está mais restrito aos tradicionais focos do esporte na Europa e América do Sul. Mais e mais jogadores talentosos estão surgindo em todo mundo.
O chefe de desenvolvimento global do futebol da FIFA, Arsène Wenger, disse que a fase de grupos “reflete o aumento da competitividade do futebol”.
“Isso é resultado de uma melhor preparação e análise dos adversários, o que também é reflexo de um acesso mais igualitário à tecnologia. Está muito alinhado com os esforços da Fifa para aumentar a competitividade do futebol em escala global”, disse Wenger.
Sim, as seleções europeias e sul-americanas ainda produzem a maioria dos melhores jogadores do mundo. Mas já se foram os dias de vitórias fáceis na fase de grupos.
Já próximo das quartas-de-final, podemos perguntar: será que teremos na Copa do Catar um vencedor não europeu ou sul-americano? Com apenas um representante “do resto do mundo” (Marrocos) a probabilidade é pequena, mas quem vai dizer que isso não poderá acontecer em um futuro próximo?