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Em um caso histórico, comunidades brasileiras afetadas pelo desastre catastrófico da barragem de Mariana em 2015 levaram a gigante mineradora anglo-australiana BHP a um tribunal em Londres. O julgamento começou na segunda-feira (21) e deve durar até 5 de março de 2025. O processo decorre do rompimento da barragem do Fundão, operada por uma joint venture entre a BHP e a mineradora brasileira Vale, que resultou em um deslizamento de terra devastador que ceifou 19 vidas, deslocou milhares e causou ampla destruição ambiental, a maior da história do país.

Histórico do desastre

Em 5 de novembro de 2015, a barragem de Fundão, localizada no estado de Minas Gerais, rompeu, liberando milhões de metros cúbicos de lodo tóxico na região ao redor. O desastre não só levou à perda imediata de vidas, mas também teve efeitos duradouros nos ecossistemas e comunidades locais. Rios foram contaminados, a agricultura foi devastada e os meios de subsistência foram destruídos.

Na sequência, a BHP e a Vale enfrentaram intenso escrutínio sobre suas práticas de segurança e conformidade regulatória. Embora a Vale tenha suportado uma parcela significativa das consequências legais no Brasil, muitas vítimas acreditam que a BHP, como coproprietária da joint venture, também deve ser responsabilizada por seu papel na tragédia.

Ação Judicial em Londres

A ação judicial, movida no Tribunal Superior de Londres, representa um grupo de mais de 620 mil brasileiros que buscam indenização pelos danos extensos causados ​​pelo desastre. Os demandantes incluem aqueles que perderam entes queridos, indivíduos que foram deslocados de suas casas e aqueles cujos meios de subsistência foram irrevogavelmente alterados devido à devastação ambiental.

Representantes legais argumentam que as ações da BHP — ou a falta delas — contribuíram para o fracasso da barragem, apontando para suposta negligência em protocolos de segurança e gerenciamento de risco. Ao levar o caso a Londres, os demandantes visam acessar um sistema legal que eles acreditam que lhes oferecerá uma chance maior de justiça do que o que eles experimentaram no Brasil.

Responsabilidade Corporativa e Justiça Ambiental

O caso levanta questões críticas sobre a responsabilidade corporativa e as responsabilidades de empresas multinacionais que operam em países em desenvolvimento. Os defensores dos autores argumentam que as grandes corporações devem ser responsabilizadas pelos mais altos padrões de governança ambiental e social, independentemente de onde operem.

Este processo não é apenas sobre buscar indenização; é também uma declaração poderosa contra a impunidade frequentemente desfrutada por grandes corporações diante de desastres ambientais. À medida que a conscientização global sobre a má conduta corporativa cresce, este caso pode estabelecer um precedente significativo para futuras ações legais envolvendo violações ambientais e de direitos humanos.

Resposta da BHP

A BHP declarou publicamente que está comprometida em agir de forma responsável e transparente. A empresa expressou sua intenção de se defender contra as alegações e afirma que agiu de acordo com as leis e regulamentações relevantes. No entanto, os críticos argumentam que as ações passadas da empresa contam uma história diferente.

O processo contra a BHP marca um momento crucial para as comunidades afetadas de Mariana e levanta questões mais amplas sobre a responsabilidade corporativa na indústria global de mineração. À medida que os procedimentos legais se desenrolam, os olhos do mundo estarão voltados para este caso, que tem o potencial de remodelar a conversa em torno da responsabilidade corporativa e dos direitos das comunidades impactadas por atividades industriais. O resultado pode influenciar não apenas as operações futuras da BHP e de outras empresas de mineração, mas também a busca por justiça para comunidades em todo o mundo que enfrentam crises semelhantes.

Fonte: The Associated Press e Agência Brasil

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