Nesta quinta-feira (5), o Papa Emérito Bento XVI, um fiel de valores conservadores que chocou a Igreja Católica quando renunciou há uma década, foi sepultado na Basílica de São Pedro, no Vaticano.
O Papa Francisco conduziu a missa de despedida do seu antecessor, um evento inédito na história da Igreja Católica nos tempos modernos.
Enquanto uma fumaça cobria o topo da Basílica de São Pedro, a cerimônia começou com uma oração do Papa Francisco para Bento XVI. Foram feitas leituras em espanhol, inglês e latim. Francisco homenageou Bento XVI em sua homilia, mas não se deteve ao seu legado específico e pronunciou seu nome apenas uma vez, já no final. As orações também foram ditas em alemão, francês, árabe, português e italiano.
Dezenas de milhares de pessoas começaram a chegar para o funeral a partir das 4h local, após três dias de velório, durante os quais cerca de 200 mil pessoas prestaram homenagem ao ex-pontífice. A polícia estimou que entre 60.000 e 100.000 pessoas visitariam a Praça de São Pedro para acompanhar o funeral.
O corpo de Bento XVI foi carregado em um tradicional caixão de madeira de cipreste diante de mais de 100 cardeais, 400 bispos e quase 4 mil padres de todo o mundo.
Bento XVI, que morreu na véspera de Ano Novo, aos 95 anos, chocou a Igreja Católica em 2013, quando tornou-se o primeiro pontífice a se aposentar em 600 anos. Essa decisão marcou o seu legado, assim como o escândalo de abuso sexual que atormentou a Igreja Católica nos últimos anos.
Como Bento XVI não era mais chefe de Estado, apenas dois países, a Itália e sua terra natal, a Alemanha, enviaram delegações oficiais ao funeral. E embora o Papa Emérito tenha solicitado um funeral simples, as despedidas seguiram um protocolo parecido com o que deve ser seguido quando um Papa morre.
A seu pedido também, Bento XVI foi enterrado nas grutas subterrâneas do Vaticano, no nicho onde o primeiro papa, João XXIII, e depois João Paulo II foram enterrados antes de terem os restos mortais transferidos para lugares mais proeminentes na basílica acima.
Nascido em uma pequena aldeia da Baviera, o ex-Joseph Ratzinger ingressou no sacerdócio em 1951 e passou a liderar a Igreja Católica em 2005.
Ele foi amplamente considerado um defensor dos conservadores da Igreja, mas o fim do seu mandato como pontífice foi marcado por escândalos de abuso sexual na Igreja.
Ele continuou a aconselhar seu sucessor – de mentalidade muito mais liberal – em particular depois de renunciar ao papado e foi o papa mais longevo, tendo ultrapassado o Papa Leão XIII.
Sua morte gerou homenagens de todo o mundo.
O presidente Joe Biden, o segundo presidente católico romano dos Estados Unidos, disse em um comunicado que Bento XVI “será lembrado como um teólogo renomado, com uma vida inteira de devoção à Igreja, guiado por seus princípios e fé”.