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Desde que a editora-executiva do Broadway Black e ex-advogada, April Reign, entrou em seu Twitter em 2015 e lançou a hashtag #OscarsSoWhite, muitas coisas mudaram. Seu objetivo era chamar a atenção para a falta de diversidade na premiação, não apenas em relação à representação de negros, mas de todas as minorias.

Reign provavelmente não imaginava a proporção que o movimento ganharia e as mudanças significativas que ocorreriam. Segundo Ava Duvernay, diretora de “Selma”, a hashtag foi um catalisador para uma conversa sobre o que realmente havia sido uma ausência de diversidade e inclusão de décadas.

A Academia, que anteriormente tinha um corpo de membros com 91% de homens e 76% de brancos, começou a repensar em sua própria estrutura. O movimento tem sido uma força motriz na transformação da maneira como Hollywood vê a inclusão em todos os aspectos da produção cinematográfica.

A hashtag continua sendo relevante e incentivando os estúdios a considerar a importância da diversidade, tanto na frente quanto atrás das câmeras. Essa mudança de perspectiva pode ser vista como o início de uma grande mudança no mundo do entretenimento.

Durante a cerimônia do Oscar 2023, assistimos a atriz Michelle Yeoh se tornar a primeira mulher asiática a ganhar a estatueta de Melhor Atriz na categoria, e a primeira não branca desde Halle Berry em 2001. Yeoh declarou que o prêmio era um farol de esperança e possibilidades para todos os meninos e meninas que se parecem com ela e mulheres de qualquer idade.

Essa inclusão tem se tornado cada vez mais uma exigência na indústria, e está provocando uma mudança significativa no mercado bilionário do cinema.

A carioca Isabela Levin, que trabalha na renomada produtora Skydance, responsável por grandes sucessos de Hollywood como Top Gun: Maverick, afirma que tudo começa com a oportunidade.

“Se o mercado proporcionar mais espaço para protagonistas de diferentes origens e perspectivas, teremos mais diversidade sendo reconhecida e valorizada. A verdadeira dificuldade reside em romper com a inércia de conceder oportunidades apenas para nomes já consagrados e se abrir para novos talentos que possam levar uma produção a um patamar excepcional.”

As plataformas de streaming, como a Netflix, tiveram um papel fundamental nessa mudança. Com suas produções independentes, diretores e histórias que, de outra forma, não teriam chance de chegar ao grande público, estão fazendo história. Essa abertura tem permitido uma ampla diversidade de perspectivas e vozes, rompendo com a monotonia das produções convencionais e trazendo novas experiências aos espectadores.

Com uma ampla gama de conteúdos que vão desde séries coreanas até comédias espanholas, o público tem a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre outras culturas e realidades que, muitas vezes, eram inacessíveis. Esse acesso a novos universos tem ampliado nossos horizontes e enriquecido nossa compreensão sobre o mundo.

A pandemia trouxe questionamentos e impulsionou a indústria a passar por mudanças que antes apenas começavam a ser vislumbradas com o crescimento do streaming. De acordo com dados da UCLA presentes no Hollywood Diversity Report de 2021, oito dos dez filmes de maior bilheteria contavam com, pelo menos, 30% de atores não brancos em seus elencos principais. Os próximos anos serão decisivos para avaliar se essa indústria está de fato comprometida com essas mudanças.

Em um mundo cada vez mais plural, a representatividade é crucial para que nos sintamos incluídos e valorizados. A diversidade não é mais uma opção, mas uma necessidade essencial para a indústria audiovisual. É preciso adotar uma nova mentalidade e enxergar a importância de personagens mais autênticos e fiéis à realidade, que reflitam a diversidade da nossa sociedade. Somente assim poderemos avançar rumo a uma indústria mais inclusiva e representativa.

BEATRIZ DIAS
Desenhista Gráfica, Apresentadora de Tv e Fotógrafa
Beatrizgcostadias@gmail.com

Beatriz  Dias

By Beatriz  Dias

Beatriz Dias é designer gráfica com formação pela PUC Rio e artista com paixão pelo mundo criativo. Ao longo de seis anos, ela fez seu nome na indústria da moda como fotógrafa e diretora criativa. Ela trabalhou para os canais BIS e Multishow no Brasil, além de ter produzido campanhas para diversas marcas e revistas brasileiras. Há um ano ela vive em Los Angeles.

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