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O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, está avançando com os seus planos de assumir o controlo de Essequibo, a região rica em petróleo controlada pela vizinha Guiana.

Ele ordenou que a companhia petrolífera do seu país emitisse licenças de extração no local e propôs que a Assembleia Nacional aprovasse um projeto de lei que tornasse a área parte da Venezuela.

A Guiana colocou as suas forças de defesa em alerta máximo em resposta.

Os eleitores venezuelanos aprovaram no domingo (3) um referendo reivindicando direitos sobre Essequibo, o que aumentou as tensões. Embora apenas dois milhões de pessoas tenham votado – o que representa cerca de 10% dos eleitores elegíveis – a reivindicação da Venezuela sobre Essequibo goza de amplo apoio no país.

Num discurso no Facebook criticando os “erros” de Maduro, o presidente da Guiana, Irfaan Ali, disse que está pedindo ao Conselho de Segurança da ONU que considere uma intervenção.

“Esta é uma ameaça direta à integridade territorial, à soberania e à independência política da Guiana”, disse ele. “A Guiana vê isto como uma ameaça iminente… e intensificará as medidas de precaução para salvaguardar o seu território.”

Ele também procurou tranquilizar os investidores do país – principalmente as empresas petrolíferas – de que o seu dinheiro está seguro.

A Venezuela há muito afirma que a decisão de 1899 de conceder a região de 159.500 km2 ao Reino Unido foi injusta.

O assunto está atualmente no Tribunal Internacional de Justiça, embora a Venezuela afirme que o tribunal não tem autoridade para decidir sobre o assunto. O tribunal alertou a Venezuela para não tomar qualquer medida que possa alterar o status quo em Essequibo.

Essequibo está sob a autoridade da Guiana – e antes dela da Guiana Britânica – há mais de um século, mas a Venezuela há muito procura controlá-lo.

A descoberta de petróleo nas águas da costa de Essequibo em 2015 ajudou a acender a disputa atual. As tensões aumentaram ainda mais em setembro deste ano, quando a Guiana realizou um leilão para licenças de exploração nessas águas.

A riqueza da Guiana baseia-se principalmente na produção e exportação de petróleo, o que tornou a sua economia uma das que mais crescem no mundo nos últimos anos.

A Venezuela, entretanto, está tentando sair de uma crise econômica, que foi exacerbada pelas sanções dos EUA impostas às suas vendas de petróleo durante a eleição de Maduro em 2018. O país possui as maiores reservas comprovadas de petróleo do mundo.

E qual a posição do Brasil nessa história? 

O ministro das Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira, declarou que o Brasil deseja uma solução diplomática e pacífica para a controvérsia.

“O Brasil fez uma exortação, como todos os outros países também, para o entendimento, para a discussão diplomática e para a solução pacífica das controvérsias. Eu tive ocasião de dizer, a respeito dos comentários dos dois países, que o Brasil estimulava, como todos os outros países da região, que as controvérsias sejam sempre dirimidas por negociações, por entendimentos, por arbitragem, por recurso a tribunais internacionais como a Corte de Haia”, disse o chanceler brasileiro.

De qualquer forma, o Exército brasileiro vai enviar 28 veículos blindados para a região. O objetivo, segundo uma fonte militar, é evitar que o conflito chegue ao Brasil. Uma eventual incursão da Venezuela na Guiana por terra teria necessariamente que passar pelo Brasil, que faz fronteira com os dois países.

E os Estados Unidos? 

Mas o maior obstáculo para a incursão venezuelana nem de longe será o exército brasileiro, mas sim a presença da empresa americana Exxon Mobil na região, explorando petróleo. Uma invasão da Venezuela acabaria gerando uma reação do governo dos Estados Unidos.

 

para reservas de 11 bilhões de barris de petróleo, o que pode colocar a pequena Guiana entre os vinte maiores produtores do óleo no mundo.

A descoberta de petróleo fez a Guiana dar um salto econômico nos últimos três anos, quando o petróleo começou a ser explorado e vendido de fato. O país cresceu 62% em 2022, uma taxa nunca vista nas estatísticas mundiais. Neste ano, o crescimento do PIB local pode atingir 37%.

Fontes: BBC, Agência Brasil e G1

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