Na manhã seguinte a uma devastadora colisão aérea de um avião da American Airlines e um helicóptero do Exército que matou 67 pessoas, o presidente Donald Trump fez uma conferência de imprensa e, por um momento, disse o que qualquer presidente diria:

Ele chamou o acidente de “uma tragédia de proporções terríveis”. Ele disse “lamentamos por cada alma preciosa que foi tirada de nós tão repentinamente”. Ele consolou a nação dizendo que a jornada das 67 almas terminou “no caloroso abraço de um Deus amoroso”.

Mas aí entrou em cena o Trump que todo mundo conhece, e ele fez algumas das declarações públicas mais extraordinárias que já fez: ele associou o acidente ao programa de diversidade do governo federal, o qual ele encerrou por meio de uma medida executiva na primeira semana do seu segundo mandato.

“Não sabemos o que levou a esse acidente, mas temos algumas opiniões e ideias muito fortes”, começou Trump, com seu tom mudando de consolo para irritação. “E acho que provavelmente declararemos essas opiniões agora.”

Pelos próximos 30 minutos, sem citar nenhuma evidência, Trump culpou os esforços da Administração Federal de Aviação (F.A.A.) para reduzir os padrões para controladores de tráfego aéreo. Ele culpou o governo Obama, alegando que ele considerou a força de trabalho da F.A.A. “muito branca”.

“Devemos ter apenas os mais altos padrões para aqueles que trabalham em nosso sistema de aviação”, continuou Trump. E então: “Temos que ter nossas pessoas mais inteligentes. Não importa a aparência delas, como falam, quem são.”

A F.A.A. não identificou nenhum dos controladores responsáveis ​​por monitorar voos ao redor do aeroporto. O Pentágono não nomeou os pilotos de helicóptero, ou sua raça.

O vice-presidente JD Vance também falou e foi direto ao ponto:

“Se você voltar para algumas das manchetes dos últimos 10 anos, verá centenas de pessoas processando o governo porque gostariam de ser controladores de tráfego aéreo, mas foram rejeitadas por causa da cor de sua pele”, disse ele. “Essa política termina sob a liderança de Donald Trump porque a segurança é a primeira prioridade da nossa indústria de aviação.”

Um repórter da ABC News perguntou então:

O senhor está dizendo que o acidente foi resultado de contratações diversificadas? E que evidências viu para apoiar essa afirmação?

“Pode ter sido”, disse Trump com confiança. “Temos um alto padrão.” Ele acrescentou: “Certamente, para um controlador de tráfego aéreo, queremos o mais brilhante, o mais inteligente, o mais perspicaz. Queremos alguém que seja psicologicamente superior. E é isso que teremos.”

Quando perguntado sobre como ele pôde chegar à conclusão de que a contratação de diversidade causou a colisão Trump respondeu da maneira “Trump”.

“Porque eu tenho bom senso, OK? E infelizmente muitas pessoas não têm.”

Investigações iniciais

Segundo reportagem do New York Times, as investigações preliminares mostram que o helicóptero estava voando fora da rota previamente aprovada. Ele deveria estar em outro ponto do Rio Potamac e deveria estar voando mais baixo.

Para um helicóptero sobrevoar o espaço aéreo onde voam aviões comerciais, ele deve receber permissão dos controladores de voos.

Foi constatado que na hora do ocidente apenas um controlador de voo era responsável pelo tráfico aéreo tanto da rota em que estava o avião, como do helicóptero. O serviço deveria estar sendo feito por dois controladores de voo. Por algum motivo, um funcionário foi dispensado do serviço.

Evidências iniciais indicam que houve erro humano. Mas não há absolutamente evidência alguma de que esse erro foi causado por incompetência de um funcionário que foi contratado sob o programa de diversidade ou mesmo que uma “diversidade” tenha sido a propulsora do erro.

Programa de diversidade da FAA

Trump acusou o governo Obama por contratar controladores de voo sob o programa de diversidade, mas ele esqueceu que durante seu primeiro mandato, seu governo lançou um programa similar para contratar pessoas com deficiência.

A FAA anunciou em abril de 2019 que lançaria um programa piloto para ajudar a preparar pessoas com deficiência para carreiras em operações de tráfego aéreo.

A FAA declarou na época que aqueles treinados sob o programa receberiam a mesma “consideração rigorosa” em termos de aptidão, qualificações médicas e de segurança que aqueles que fazem aplicações de emprego padrão para controladores de tráfego aéreo.

Na quinta-feira (30), Trump assinou uma ordem executiva iniciando a “Avaliação Imediata da Segurança da Aviação” após o desastre no Aeroporto Nacional Reagan, que inclui implementar apenas contratações baseadas em mérito.

A ordem declarou que a administração Biden “rejeitou flagrantemente” a contratação baseada em mérito e recrutou especificamente indivíduos com deficiências “intelectuais graves” na FAA.

Fontes: The New York Time and CNN

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