O espírito consumista do americano vem mantendo a economia dos Estados Unidos relativamente forte, apesar da maior inflação das últimas duas décadas. Mas essa atitude poderá mudar em breve. Alguns especialistas acreditam que a combinação dos custos elevados de habitação, aumento da dívida de cartão de crédito e redução das poupanças pode significar o fim dos gastos pós-Covid. Talvez essa tendência já possa ser sentida na época de compras natalinas deste ano.

Custos de habitação são os mais elevados dos últimos 40 anos

Comprar uma casa está mais caro do que em qualquer momento das últimas 40 décadas. As taxas hipotecárias mais do que duplicaram no ano passado. Agora são necessários quase 41% do rendimento mensal médio de uma família para pagar as mensalidades de uma casa de preço médio, de acordo com uma pesquisa do Intercontinental Exchange (ICE). A última vez que o pagamento de habitação custou tanto foi em 1984.

Os americanos estão com mais dívidas do que nunca

A inflação também impactou os gastos com outros tipos de compras. Os saldos dos empréstimos não habitacionais mais do que duplicaram desde 2003, totalizando cerca de 4,8 bilhões de dólares, segundo dados do Federal Reserve de Nova York. Mais de 500 bilhões de dólares dessa dívida foram acumuladas apenas nos últimos dois anos.

Parte dessa dívida vem da disparada dos preços dos automóveis, mas os saldos dos cartões de crédito são os que crescem mais rapidamente – cerca de 34% desde o outono de 2021.

Acompanhar os preços elevados não só levou a mais dívidas de cartão de crédito, mas também a mais consumidores com pagamentos atrasados. Durante o terceiro trimestre, 5,78% dos saldos de cartões de crédito tornaram-se inadimplentes (90 dias ou mais de atraso nos pagamentos). Desde o primeiro trimestre de 2022, a taxa de dívidas inadimplentes de cartão de crédito aumentou cerca de 90%.

Um estudo divulgado pelo Federal Reserve de São Francisco (SF FED) no início deste ano revelou uma pista importante sobre a razão pela qual os consumidores americanos estão dispostos a pagar preços mais elevados e continuar consumindo: elevados níveis de poupança.

As famílias pouparam bilhões de dólares a mais por mês em 2020 e 2021 em comparação com o período pré-pandemia, de acordo com o SF FED. Uma grande razão pela qual esses cofrinhos ficaram tão cheios foi o “boom de refinanciamento” que ocorreu durante aquela época de taxas hipotecárias historicamente baixas. Do segundo trimestre de 2020 até ao final de 2021, 14 milhões de hipotecas foram refinanciadas, resultando numa extração estimada de US$ 430 bilhões de capital.

Além disso, sob o confinamento causado pelo Covid-19, os consumidores não saiam. Isso significa que todo o dinheiro que teria sido gasto em bens e experiências, foram engordar os cofrinhos das famílias.

À medida que a pandemia diminuía, os consumidores desencadearam uma procura reprimida por experiências que não puderam realizar durante o período do Covid, como viajar. E nos últimos dois anos, os americanos estão gastando toda essa poupança, mesmo com os preços e as taxas de juro subindo cada vez mais.

Durante a pandemia, os consumidores acumularam 2,1 trilhões de dólares em poupanças. Em junho de 2023, eles já haviam gastado US$ 1,9 trilhão desse montante, concluiu o SF FED.

Com poupanças quase esgotadas, os americanos podem ser forçados a finalmente recuar na sua onda de gastos pós-Covid. Isso pode começar a ser sentido já agora no final do ano, com gastos mais contidos nas compras de Natal.

Esperar para ver!

Fonte: CNN

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