O fundador da FTX, Samuel Bankman-Fried, foi indiciado por oito acusações criminais, incluindo fraude eletrônica e conspiração por uso indevido de fundos de clientes, de acordo com a procuradoria do Distrito Sul de Nova York.
Separadamente, os reguladores dos mercados dos EUA acusam Bankman-Fried de fraudar investidores e clientes em sua falida empresa FTX.
Bankman-Fried, de 30 anos, foi preso em sua casa nas Bahamas na segunda-feira, 12 de dezembro. Sua extradição deverá ser solicitada pelos Estados Unidos.
O que é FTX?
Com sede oficial nas Bahamas, a FTX é administrada nos Estados Unidos, com seus maiores escritórios localizados em Chicago e Miami.
A empresa é uma corretora de criptomoedas (moedas digitais), ajudando as pessoas a comprar e vender criptoativos. A FTX é grande e importante porque, junto com sua rival Binance, processa a maioria das negociações de criptomoedas em todo o mundo.
Tanto a FTX quanto a Binance são bolsas “internacionais” pouquíssimo regulamentadas. A maior parte do dinheiro que flui por seus livros é, na verdade, sem restrições por requisitos regulatórios.
O que aconteceu com a FXT?
No primeiro semestre do ano, com o aumento das taxas de juros no mundo, o dono da FTX passou a intervir para salvar outras empresas, emprestando dinheiro. Uma das empresas que recebeu dinheiro da FTX foi a Alameda Research – pertencente ao próprio Bankman-Fried, que recebeu bilhões em FTT (o token da FTX, uma espécie de moeda oficial da plataforma). Aparentemente o executivo utilizou os recursos dos clientes que estavam depositados na corretora para salvar a operação da Alameda, o que é ilegal.
Quando essas informações vieram à tona no começo de novembro, junto a um balanço patrimonial da Alameda que revelava que cerca de US$ 14,6 bilhões eram mantidos em FTT, os clientes da corretora, com medo de perderem seus depósitos, começaram uma corrida para sacar os recursos.
Por não ter recursos suficientes para arcar com todos os saques, a FTX quebrou. A corretora efetivamente se apropriou dos recursos de clientes.
O caso da FXT pode gerar consequências para o resto da indústria?
Desde o início da crise na FTX, o bitcoin caiu de US$ 20 mil por moeda para US$ 16,5 mil, seu valor mais baixo desde 2020. Mas ainda é muito difícil e cedo para mensurar todos os impactos do episódio.
O contágio da indústria cripto nos mercados financeiros tradicionais ainda é improvável porque os investidores institucionais, sempre em busca de altos retornos de seus investimentos, no momento acham mais fácil ganhar com ativos convencionais em um ambiente de altas taxas de juros. Investimentos tradicionais, como títulos, estão se tornando mais atraentes. Isso significa que, por enquanto, a cripto moeda é menos uma ameaça sistêmica.
Fonte: G1 and The Guardian