Eric Adams, um capitão aposentado da polícia que foi eleito o 110º prefeito da cidade de Nova York há cerca de três anos com a promessa de controlar o crime, foi indiciado em uma investigação federal por corrupção em setembro do ano passado. Os promotores, até então do governo Biden, apresentaram um caso forte envolvendo fraude, recebimento de dinheiro de campanha de estrangeiros, suborno de programas federais, entre outros.
Mas assim que Donald Trump assumiu o governo em janeiro deste ano, o curso do indiciamento começou a mudar. Adams, um democrata, andou conversando com Trump, que imediatamente se propôs a acabar com o processo contra o prefeito. Na segunda-feira (10) o responsável pelo Departamento de Justiça enviou um memorando ordenando que os promotores do caso retirassem as acusações contra o prefeito.
Isso aconteceu depois que Adams se encontrou com Thomas Homan, o ‘czar da fronteira’ do governo Trump, e anunciou que a partir de agora a cidade vai permitir a presença do ICE na prisão de Riker Island, numa clara demonstração de que está disposto a colaborar com o com os planos de Trump contra a imigração.
New York City é uma cidade santuário e, por isso, não auxilia, nem colabora com o ICE em suas operações.
A aparente ‘troca de favores’ entre o prefeito e o governo da cidade tem gerado polêmica e muita contestação por parte de muitos políticos da cidade.
Na quinta-feira (13), a procuradora interina dos EUA em Manhattan, Danielle Sassoon, renunciou em protesto contra o que ela descreveu como um ‘quid pro quo’ entre a administração Trump e o prefeito da cidade de Nova York. Cinco autoridades que supervisionavam a unidade de integridade pública do Departamento de Justiça em Washington renunciaram logo depois.
Pressão por renúncia ou desligamento
Muitos políticos locais argumentam que Adams não têm mais condições de representar os interesses dos residentes de New York City e pedem pela sua renuncia.
“Enquanto Trump exercer essa influência sobre Adams, a cidade estará em perigo”, disse a deputada Alexandria Ocasio-Cortez na quinta-feira em um post no X. “Não podemos ser governados sob coerção. Se Adams não renunciar, ele deve ser removido.”
A governadora Kathy Hochul não descartou na quinta-feira (13) o uso de sua autoridade para remover o prefeito do cargo.
Em uma entrevista na MSNBC, Hochul, uma democrata, chamou as alegações de “extremamente preocupantes e sérias”. E quando a apresentadora Rachel Maddow perguntou se ela estava considerando usar seu poder legal para expulsar Adams do gabinete do prefeito, a governadora disse que não faria nenhuma “reação impulsiva e politicamente motivada”.
Mas Hochul deixou a porta aberta para exercer sua autoridade, dizendo que estava “consultando outros líderes do governo neste momento”.
“Isso simplesmente acabou de acontecer”, disse a governadora. “Preciso de algum tempo para processar isso e descobrir a abordagem certa”.
Fontes: Gothamist e The New York Times