Líderes mundiais intensificaram na sexta-feira (Mar.1) os pedidos para que Israel leve mais ajuda a Gaza e forneça mais respostas sobre as mortes de dezenas de palestinos num comboio humanitário em que centenas de civis esperavam por comida.

Muitas questões permaneceram sem resposta enquanto militares e autoridades israelenses ofereciam relatos divergentes sobre um dos desastres mais mortíferos envolvendo civis na guerra que já dura quase cinco meses.

Annalena Baerbock, ministra das Relações Exteriores da Alemanha, pediu aos militares israelenses que “explicassem completamente” as mortes no norte de Gaza na quinta-feira e juntou-se aos apelos por um cessar-fogo que permitiria a libertação de reféns israelenses e a entrada de mais ajuda no território.

O ministro dos Negócios Estrangeiros de França, Stéphane Séjourné, apelou a uma investigação independente e disse que o caos mortal em torno do comboio foi o resultado de uma catástrofe humanitária que deixou os habitantes de Gaza “lutando por comida”.

O presidente do Brasil, que vem acusando Israel de cometer um genocídio no território de Gaza, voltou a criticar Israel após este episódio afirmando que “é preciso parar a carnificina em nome da sobrevivência da humanidade”.

O desastre ocorreu na manhã de quinta-feira (Feb.29), quando milhares de pessoas famintas se reuniram perto de um comboio de alimentos na cidade de Gaza, com tropas e tanques israelenses nas proximidades.

O que aconteceu depois ainda não está claro. Autoridades de saúde de Gaza afirmam que as tropas israelenses dispararam contra a multidão, matando mais de 100 pessoas e ferindo outras 700, no que chamaram de “massacre”. Um porta-voz militar israelense disse que os soldados abriram fogo “quando a multidão se moveu de uma forma que os colocou em perigo”. Os militares disseram que a maioria das mortes foi causada por atropelamentos e que pessoas também foram atropeladas pelos caminhões de ajuda.

Nenhum dos relatos pôde ser verificado de forma independente, e imagens parciais de drones divulgadas pelos militares israelenses, juntamente com vídeos da cena nas redes sociais analisados pelo The New York Times, não explicam completamente a sequência de eventos. Os vídeos mostram pessoas rastejando e se esquivando para se proteger. Um hospital na Cidade de Gaza disse ter recebido corpos de pelo menos uma dúzia de pessoas baleadas e tratado mais de 100 pessoas com ferimentos a bala.

A Refugees International, um grupo de defesa, exigiu uma investigação independente imediata sobre o desastre e apelou aos Estados Unidos para suspenderem a ajuda militar a Israel até que os responsáveis sejam responsabilizados.

“Não há nada que possa justificar o assassinato de civis desesperados para receber ajuda vital para as suas famílias”, afirmou o grupo num comunicado.

Fonte: The New York Times

 

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