A Polícia Civil de São Paulo abriu inquérito para investigar a ameaça de morte feita pelo autointitulado coach de relacionamentos Thiago Schutz contra a atriz e humorista Livia La Gatto.
Schutz faz parte do movimento RedPill, grupo anti-feminista fundado na crença de que a sociedade e a natureza favorecem as mulheres em detrimento dos homens. Eles acreditam que o feminismo é prejudicial e inferiorizam as mulheres a objetos sexuais.
O grupo afirma que, uma vez que você toma a pílula, ou seja, se junta ao movimento, finalmente perceberá que a opressão feminina é inexistente e que os homens são os únicos oprimidos. Os red-pillers acreditam que homens e mulheres são diferentes em termos de evolução e, portanto, devem se submeter aos papéis de gênero. Eles acreditam que as mulheres pertencem ao lar, criando uma família e estando disponíveis para sexo com os homens, enquanto os homens vão trabalhar e sustentá-las.
Livia La Gatto fez dois vídeos nas suas redes sociais usando o humor para evidenciar os absurdos que são proferidos por esses grupos.
Nas redes sociais, Thiago Schutz alegou que suas ameaças – “se a atriz não retirasse conteúdo, ela levaria bala” – eram para ser consideradas de forma figurativa e não literal. Ele disse que não possui e nem tem porte de arma.
Em entrevista a Agência Brasil, a psicanalista Sabrina Arini diz que o surgimento desses grupos é uma reação de alguns homens contra a emancipação feminina e a luta por igualdade de direitos, que tirou dos homens o papel de destaque na sociedade. No entanto, Arini ressalta que é necessário trabalhar e dialogar com essa frustração masculina para que ela não se transforme em violência – seja contra eles mesmos, ou contra toda a sociedade.
Sabrina Arini ainda vê outro perigo no fortalecimento dos grupos misóginos, que é a de negar a realidade a partir do discurso – uma tática amplamente usada pela extrema-direita em todo o mundo.
“Tem o RedPill, que é a pílula vermelha do filme Matrix, que é como se aquilo que você está vendo não é a realidade. A realidade é aquilo que eu vou te contar. Eu vou te contar e eu digo o que eu quiser. É uma estratégia da extrema direita do mundo, que é negociar a realidade. A gente olha no WhatsApp e lê que a economia está super bem, e eu vou no mercado e vejo que o leite está mais caro. É mais importante o que eu li do que eu estou vivendo no concreto. A partir do momento que a gente não compartilha mais uma realidade comum, socialmente, isso é gravíssimo. Eu saio do real e o conceito de sair do real é a loucura”, explica Arini.
Fonte: Agência Brasil
Texto original: http://bit.ly/3y65eAP