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Mauricio Araújo de Sousa nasceu em Santa Isabel, São Paulo, no dia 27 de outubro de 1935. Filho de Antônio Mauricio de Sousa e de Petronilha Araújo de Sou-sa. Mauricio viveu num ambiente cercado de arte, pois seu pai era poeta, compositor e pintor, e sua mãe era poetisa.

Ainda muito pequeno, Mauricio mudou-se com a família para Mogi das Cruzes, cidade vizinha. Segundo o cartunista, ele aprendeu a ler com gibis, quando tinha 5 anos. Ele encontrou que estava sem capa no lixo, e pediu a sua mãe que lesse, ainda quando não sabia ler. Vendo que o filho gostava daquilo, Petronilha deci-diu ensinar o filho a ler, enquanto Antônio Mauricio trazia mais revistinhas para o pequeno Mauricio.

Sua mãe queria que ele se tornasse cantor mirim, mas sua timidez não lhe permitiu seguir. Desde pequeno sua brincadeira favorita era desenhar e assim ele enchia de desnho as páginas de seus cadernos escolares, assim surgiu seu 1º personagem, o Capitão Picolé.

Conforme foi crescendo, Mauricio passou a desenhar cartazes e pôsteres, alguns integraram jornais de Mogi. Quando contou a seu pai sobre querer viver como desenhista seu pai lhe disse: “Mauricio, desenhe de manhã e administre à tarde”.

Nos anos 1950, os gibis foram alvo de perseguição ferrenha no Brasil e em outras partes do mundo. Em 1954, o psiquiatra alemão Fredric Wertham afirmou que a indústria dos quadrinhos era uma das razões pelo desvio de comportamento de jovens e o aumento da criminalidade e delinquência. Sua tese foi documento que motivou a uma caça a essa forma de mídia.

A teoria do médico passou por vários países e originou o código de ética Comics Code Authority, selo que delimitava quais quadrinhos poderiam ser publicados ou não. A notícia também chegou no Brasil e um dos professores do Mauricio pediu para que os alunos levassem seus gibis para serem queimados. “Eu não aceitei essa ameaça, mas como também não queria tirar nota baixa, eu escolhi os gibis que eu não gostava muito e que tinham uns desenhos ruins”, relembra o cartunista.

Mauricio queria viver profissionalmente do desenho e em 1954, procurou emprego de desenhista em São Paulo, mas só conseguiu uma vaga de repórter policial na Folha da Manhã. Passou cinco anos escrevendo esse tipo de reportagem, que ilustrava com desenhos bem aceitos pelos leitores. Mauricio de Sousa começou a desenhar histórias em quadrinhos em 1959, quando uma história do cãozinho Bidu, seu 1º personagem, foi aprovada pelo jornal. As tiras em quadrinhos com o cãozinho Bidu e seu dono, Franjinha, deram origem ao personagem Cebolinha.

Acusado de ser comunista, Mauricio foi despedido pelo chefe de redação do jornal Folha de S.Paulo, retornando para Mogi das Cruzes; nesta época, passou a apresentar um catálogo de suas tiras para fornecer aos jornais locais. Em 1962, foi contratado pelo jornal carioca Tribuna da Imprensa, para o qual criou o personagem Piteco e sua turma.

Ele e alguns outros desenhistas criaram a Associação de Desenhistas de São Paulo (ADESP), da qual foi presidente. Durante sua presidência, Mauricio apoiava a reserva de mercado, devido às dificuldades que os artistas passavam por causa da predileção das editoras em publicarem histórias vindas do exterior, especialmente dos EUA.

Durante a presidência de Jânio Quadros, Mauricio se juntou a Zé Geraldo, líder das uniões da Guanabara e do Rio de Janeiro, no que ficou conhecido como Operação Gibi, para pressionar o presidente a cumprir sua promessa de reservar 60% do mercado à produção nacional.

Em 1963, Mauricio de Sousa criou, junto com a jornalista Lenita Miranda de Figueiredo a Folhinha de S. Paulo. Nesse ano, a Mônica e o Horácio foram criados. Antes dela, já havia criado o Cascão, em 1961. Nessa época, ele também criou a empresa Bidulândia Serviços de Imprensa, mais tarde chamada de Maurício de Sousa Produções (Bidu virou símbolo da Mauricio de Sousa Produções). Ele abastecia o jornal com 3 tirinhas diárias. Foi nessa época que ele criou a Magali e o Anjinho.

Em 1964, muitos cartunistas temeram a censura e as possíveis dificuldades de produção de arte por conta do regime instaurado após o Golpe Militar. Somado a isso, o movimento nacionalista dividiu os ilustradores entre aqueles que queriam criar narrativas brasileiras e outros que não viam problema em incorporar certos padrões norte-americanos. Naquele período, Mauricio decidiu não rumar para nenhum dos dois lados. Fez o oposto: deixou o cargo de presidência e continou escrevendo suas histórias, às vezes, inclusive, dando alfinetadas à censura. Todavia, nenhuma de suas histórias foi reprimida pelo regime ditatorial.

Como decidiu não tomar parte no movimento, Mauricio perdeu seu emprego no jornal Folha da Tarde. O momento foi difícil para ele em questões econômicas, a opção foi ilustrar jornais de paróquias.

Mauricio descreve que funcionava assim: na 1ª semana, a paróquia A recebia uma tira do Bidu, a paróquia B do Piteco e a C do Cebolinha. Na 2ª, a A ficava com o Cebolinha, a B com Bidu e a C com Piteco. Na 3ª semana, a A publicava o Piteco, a B o Cebolinha e a C o Bidu. Agora imagine essa dança das cadeiras com uns 100 participantes. Posteriormente, ele ampliou o sistema usando os correios para vender tiras para jornais que ficavam longe de Mogi. As tirinhas se tornaram um sucesso e passaram a ser republicadas em mais de 100 jornais do país. Em 1987, passou a ilustrar o recém-criado suplemento infantil do jornal O Estado de S. Paulo, o Estadinho, que até hoje publica tiras da Turma da Mônica. Ao mesmo tempo, Maurício criou o Piteco e reformulou o Penadinho e o Chico Bento para estrelarem nas páginas do Estadinho. Ele também criou o Jotalhão, para servir de mascote do caderno de classificados do Jornal Brasil. Mauricio montou uma equipe de desenhistas e roteiristas, e depois de algum tempo passou a desenhar somente as histórias de Horácio, o dinossauro.

De 1970 (lançou a revista da Turma da Mônica, chamada então de Mônica e sua turma, com tiragem de 200 mil exemplares) a 1986, as revistas de Mauricio foram publicadas na editora Abril. A partir de 1987, as revistas passaram a ser publicadas pela editora Globo, em conjunto com os estúdios Mauricio de Sousa. Após 20 anos todos os títulos da Turma da Mônica passaram para a multinacional Panini. O objetivo de Mauricio foi ampliar sua participação no exterior.

Em 2007, pela 1ª vez um personagem de histórias infantis, Mônica foi homenageada “Embaixadora do UNICEF”. Na mesma cerimônia Maurício de Sousa foi homenageado “Escritor para Crianças do UNICEF”. Em 2008, o Ministério do Turismo nomeou Mônica “Embaixadora do Turismo Brasileiro”.

A publicação da “Turma da Mônica Jovem”, uma linha de personagens com 15 anos de idade, vendeu mais de um milhão e meio de exemplares dos quatro primeiros números da revista de 2008.

Nas comemorações do centenário da Imigração Japonesa para o Brasil, ele criou os personagens “Tikara” e “Keika”, que foram incorporados à Turma da Mônica.

Hoje, entre quadrinhos e tiras de jornais, suas criações chegam a cerca de 50 países. O autor já chegou a 1 bilhão de revistas publicadas. Os quadrinhos se juntam a livros ilustrados, revistas de atividades, álbum de figurinhas, CDs, livros tridimensionais e livros em braile.

Mais de 100 indústrias nacionais e inter-nacionais são licenciadas para produzir quase 2.500 itens com os personagens de Mauricio de Sousa, entre jogos, brinquedos, roupas, calçados, decoração, papelaria, material escolar, alimentação, animação, filmes, além das revistas e livros. Em 2013, a “Turma da Mônica” comemorou 50 anos.

Em 2014 o escritor lançou um livro da Turma da Mônica com temática espírita, “Meu Pequeno Evangelho”, inspirado no livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, uma das cinco obras básicas do Espiritismo.

Os quadrinhos de Mauricio de Sousa têm fama internacional, tendo sido adaptados para o cinema, para a televisão e para os vídeo-games, além de terem sido licenciados para comércio em uma série de produtos com a marca das personagens. Há inclusive o parque temático da Turma da Mônica, o Parque da Mônica, aberto em 1993, que, inicialmente era localizado no Shopping Eldorado, em São Paulo.

O parque permaneceu nesse local até 2010, quando suspendeu temporariamente as suas atividades, sendo reaberto em 2015 no Shopping SP Market, São Paulo, ocupando uma área maior do que o espaço anterior. Já existiu também o Parque da Mônica de Curitiba, aberto em 1998 e fechado em 2000, e o do Rio de Janeiro, fechado no início de 2005. Está prevista a abertura de uma nova unidade do Parque em Gramado (RS), que deverá ocorrer no segundo semestre de 2020.

Seu estilo de desenho lembra um pou-co o de Osamu Tezuka, um famoso mangaká japonês e seu amigo pessoal. Atualmente, é considerado por muitos o maior cartunista da história brasileira e o mais premiado também.

Vida pessoal

Mauricio de Souza foi casado durante 12 anos com Marilene Spada, mãe de suas filhas: Mariângela, Mônica e Magali e do filho Mauricio Spada. De seu 2º relacionamento, com Vera Lúcia Signorelli, nasceram Wanda e Valéria. Do 3º relacionamento, com Alice Keiko Takeda, nasceram Marina, Mauro e Mauricio Takeda. Por último nasceu Marcelo de Sousa, fruto de uma relação existente num período em que Maurício e Alice estiveram separados.

Em março de 2008 seu filho mais novo, Marcelo e mais duas pessoas foram sequestrados em São José dos Campos, por uma quadrilha. Foram levados para São Sebastião, litoral paulista, e libertados pela polícia civil em abril.

Em 2 de maio de 2016, morreu Mauricio Spada, seu filho de 44 anos, de ataque cardíaco enquanto estava em casa.

Família e personagens

Mauricio criou personagens baseados em todos os seus filhos, seis homônimos (Mônica, Magali, Marina, Vanda, Valéria, Marcelinho) e mais Maria Cebolinha (inspirada na Mariângela), Nimbus (em Mauro), Do Contra (em Mauricio Takeda), e Professor Spada\Dr. Spam (Maurício Spada). Titi e Franjinha são personagens inspirados em seus sobrinhos. Bidu era um cachorro de sua família, enquanto Cebolinha e Cascão eram amigos de seu irmão. Já Horácio, o dinossauro, é o alter ego do cartunista.

“Mônica, Cascão, Cebolinha, Magali, eles todos são a minha família, são inspirados na minha vida, então eles são parte do que eu sou”, conta Mauricio de Sousa.

Alguns de seus filhos passaram a trabalhar com ele; Mônica é responsável pela divisão comercial de alimentos e produtos licenciados, Magali colabora como roteirista e Marina ajuda na criação de novas histórias.

Entre os outros personagens de Mauricio de Sousa destacam-se: Chico Bento, Rosinha, Penadinho, Anjinho, Piteco, Floquinho, Tina, e outros.

De 1959 até os dias atuais, Mauricio e sua equipe já deram vida a cerca de 250 personagens, alguns que fizeram sucesso enquanto outros até deixaram de existir.

Nesses mais de 60 anos de trabalho, a Mauricio de Sousa Produções já publicou mais de 1 bilhão de revistas. O material também é exportado para cerca de 30 países.

Homenagens

• Agraciado com a comenda da Ordem do Ipiranga pelo Governo do Estado de São Paulo.

• No dia 13 de maio de 2011, Mauricio de Sousa tomou posse na Academia Paulista de Letras, ocupando a cadeira 24, que anteriormente era ocupada pelo poeta Geraldo de Camargo Vidigal, tornando-se assim o primeiro quadrinista a ser empossado por esta Academia.

• Prêmio Gran Guinigi, pela revista Mônica (Itália, 1971)

• Troféu Yellow Kid, o Oscar dos Quadrinhos Mundiais (Itália, 1971)

• Medalha dos Direitos Humanos (Brasil, 1998)

• Prêmio de Literatura Infantil da ABL (Brasil, 1999)

• Doutor Honoris Causa da Universidade La Roche (Pittsburgh, 2001)

• Medalha do Vaticano (Washington, DC, 2004)

• Medalha da Ordem do Mérito Cultural (2004)

• Em 2007 Mauricio de Sousa foi homenageado pela escola de samba Unidos do Peruche com o enredo “Com Mauricio de Sousa a Unidos do Peruche abre alas, abre livros, abre mentes e faz sonhar”.

• Medalha de Vermeil (da França 2008)

• Prêmio Pulcinella, pelo conjunto da obra (da Itália, 2011)

• Em 2019 foi anunciado que o diretor Pedro Vasconcelos dirigirá um filme inspirado pela obra Maurício – A História Que Não Está no Gibi.

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