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Mais de 1.300 pessoas morreram durante a peregrinação islâmica do hajj na Arábia Saudita este mês, a maioria delas não tinha uma licença para participar da ocasião, ou seja, caminharam quilômetros sob um calor escaldante depois de pagar milhares de dólares a operadores turísticos ilícitos ou fraudulentos.

Enquanto os peregrinos com licença são transportados pela cidade sagrada de Meca em ônibus com ar-condicionado e descansam em tendas com ar-condicionado, os não registrados ficam frequentemente expostos ao calor. Nos últimos dias, quando as temperaturas ultrapassaram os 120 graus (F), alguns peregrinos descreveram ter visto pessoas desmaiando e corpos na rua.

No domingo (23), numa entrevista à televisão estatal, o ministro da saúde saudita, Fahd al-Jalajel, disse que 83% das 1.301 mortes relatadas envolviam peregrinos que não tinham autorização.

Hajj é um ritual spiritual árduo que os muçulmanos são encorajados a realizar uma vez na vida se forem física e financeiramente capazes.

Com quase dois milhões de participantes todos os anos, não é incomum que os peregrinos morram por causa do calor ou doenças. Não está claro se o número de mortes este ano foi superior ao habitual, porque a Arábia Saudita não divulga regularmente essas estatísticas. No ano passado, 774 peregrinos morreram só na Indonésia e, em 1985, mais de 1.700 pessoas morreram, a maioria delas devido ao calor, segundo um estudo da época.

Mas como muitos dos que morreram não tinham licença, o número de vítimas deste ano expôs o comércio de operadores turísticos e contrabandistas de todo o mundo que lucram com os muçulmanos desesperados para fazer a viagem.

Cerca de 400 mil pessoas sem licença tentaram realizar a peregrinação este ano, disse um alto funcionário saudita à Agence France-Presse, falando sob condição de anonimato.

O número de peregrinos não registados parece ter aumentado este ano pelo crescente estresse econômico em países como o Egipto e Jordânia. Um pacote oficial de hajj pode custar mais de US$ 5.000 ou US$ 10.000, dependendo do país de origem do peregrino – além das possibilidades financeiras de muitos que desejam fazer a viagem.

Os peregrinos que participaram de forma irregular pagaram em média US$2,000 a US$3,000, segundo familiares dos participantes.

A entrada em Meca é geralmente proibida semanas antes do hajj para visitantes sem autorização. No entanto, muitos peregrinos conseguem escapar às restrições, chegando mais cedo a Meca e escondendo-se, ou pagando contrabandistas para transportá-los para a cidade.

Mesmo para os jovens e em boa forma, o hajj é um evento fisicamente desafiador, e muitos peregrinos já são idosos ou estão doentes quando podem fazer a viagem. Alguns acreditam que o hajj pode ser o seu rito final e que morrer em Meca garantirá grandes bênçãos.

Fonte: The New York Times 

 

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