Em uma entrevista exclusiva à CNN na sexta-feira (10) antes de sua reunião com o presidente Joe Biden na Casa Branca, o presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva disse que as divisões políticas em seu país não eram piores do que a divisão política nos Estados Unidos.
“Aqui também há uma divisão, muito mais, ou tão grave quanto no Brasil – democratas e republicanos estão muito divididos. Ame ou deixe, é mais ou menos o que está acontecendo”, disse ele a Christiane Amanpour, da CNN, em Washington, acrescentando que o Brasil não tem “uma cultura de ódio”.
Tanto Lula quanto Biden viram prédios do governo serem invadidos após suas eleições presidenciais por grupos de extrema-direita, no que representou enormes desafios para suas respectivas democracias.
“Nunca poderíamos imaginar que em um país que é o símbolo da democracia no mundo – alguém pudesse tentar invadir o Capitólio”, disse ele sobre o motim do Capitólio de 6 de janeiro de 2021 nos EUA.
As semelhanças entre os ataques de 8 de janeiro em Brasília e nos EUA em 6 de janeiro de 2021 incluem o estreito alinhamento do ex-presidente Jair Bolsonaro com o ex-presidente dos EUA, Donald Trump.
Ambos os ex-líderes foram repetidamente criticados durante seus mandatos por usarem linguagem racista e misógina. Também são acusados de terem incentivado e participado indiretamente das invasões às respectivas repartições governamentais.
Bolsonaro será extraditado?
Desde o dia 30 de dezembro, quando deixou o governo, Bolsonaro está passando uma temporada em Orlando, na Flórida.
Amanpour perguntou a Lula se ele pediria ajuda a Biden para extraditar Bolsonaro.
“Não sei, não vou falar com o presidente Biden sobre isso, isso vai depender dos tribunais”, respondeu o presidente. “Um dia ele terá que voltar ao Brasil e enfrentar todos os processos contra ele.”
Bolsonaro enfrenta “quase 12 processos contra ele no Brasil, mais casos virão”, disse Lula, acrescentando que acredita que seu ex-rival “será condenado em algum tribunal internacional por causa do genocídio com o Covid (surto) porque metade das pessoas que morreram no Brasil durante o Covid era de responsabilidade do governo federal., completou ele.
Ele também alegou que Bolsonaro poderia ser “punido” pelos tribunais pelo “genocídio contra o povo indígena Yanomami” depois que a mineração ilegal no território protegido disparou durante o mandato do ex-governista.
O Supremo Tribunal do Brasil ordenou uma investigação para determinar se as ações do governo Bolsonaro equivalem a “genocídio” dos Yanomami – que viram doenças e desnutrição devastarem sua comunidade nos últimos quatro anos.
Bolsonaro já havia chamado essa acusação de “farsa de esquerda” em seus canais oficiais do Telegram.
Fonte: CNN