Narges Mohammadi, uma ativista iraniana que cumpre uma pena de 10 anos numa prisão iraniana, recebeu na sexta-feira (6) o Prêmio Nobel da Paz de 2023 “pela sua luta contra a opressão das mulheres no Irã e por promover os direitos humanos e a liberdade para todos”.

O anúncio feito pelo Comité Norueguês do Prêmio Nobel, em Oslo, acontece depois de uma onda de protestos liderados por mulheres no Irã iniciados após a morte, sob custódia policial, de uma jovem de 22 anos, em setembro do ano passado. Centenas de pessoas foram mortas na repressão governamental que se seguiu, incluindo pelo menos 44 menores, enquanto cerca de 20 mil iranianos foram presos, segundo cálculos das Nações Unidas.

“O prêmio da paz deste ano reconhece as centenas de milhares de pessoas que, no ano anterior, se manifestaram contra as políticas de discriminação e opressão do regime teocrático do Irã contra as mulheres”, afirmou o comitê “O lema adotado pelos manifestantes – ‘Mulher, Vida, Liberdade’ – expressa adequadamente a dedicação e o trabalho de Narges Mohammadi.”

Mohammadi prometeu permanecer no Irã e continuar o seu ativismo, mesmo que isso signifique passar o resto da sua vida na prisão. “Ao lado das corajosas mães do Irã”, disse ela, “continuarei a lutar contra a discriminação implacável, a tirania e a opressão baseada no gênero por parte do governo religioso opressivo até à libertação das mulheres”.

Houve 351 candidatos ao prêmio deste ano, segundo o comitê do Nobel, o segundo maior número de todos os tempos. Mohammadi se junta a 137 laureados nomeados desde o início do prêmio em 1901, uma lista que inclui o presidente Barack Obama; Nelson Mandela e Madre Teresa.

A família da ganhadora, que vive a milhares de quilômetros de distância dela em Paris, expressou alegria pela homenagem, mas reconheceu que tudo tem um custo, e a família teme pela segurança dela todos os dias.

Nos últimos 30 anos, o governo do Irã penalizou repetidamente Mohammadi pelo seu ativismo, privando-a de tudo: a sua carreira como engenheira, a sua saúde, o tempo que passa com os pais, o marido e os filhos, em suma, sua liberdade.

Fonte: The New York Times

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