Há uma onda de imigrantes deixando os Estados Unidos e retornando aos seus países de origem. A maioria passou a maior parte de suas vidas como trabalhadores indocumentados. Alguns deles não pretendiam permanecer por muito tempo nos Estados Unidos quando chegaram, mas o alto custo e o perigo de cruzar a fronteira os mantiveram aqui. Eles acabaram construindo uma vida, tiveram filhos e criaram raízes. Mas agora, ainda fisicamente aptos, estão escolhendo voltar para casa.
Essa tendência foi percebida por um estudo recente realizado pela organização Center for Migration Studies.
A pesquisa também concluiu que os mexicanos, que fazem parte da maior onda de imigração para os Estados Unidos na história moderna, iniciaram um retorno gradual há mais de uma década, devido a melhorias na economia mexicana e redução das oportunidades de emprego nos Estados Unidos durante a última recessão.
Mas as saídas aceleraram recentemente, não só de mexicanos como também de outras nacionalidades. Ao lado da repressão aos imigrantes sob o governo Trump, esses imigrantes, já com seus objetivos originais de imigração atingidos, concluíram que podem agora se dar ao luxo de trocar o trabalho muitas vezes pesado nos Estados Unidos por uma vida mais tranquila em seus países de origem.
Além disso, a incerteza quanto a possibilidade de se legalizarem também desanima esse grupo de imigrantes já afastados de suas famílias há décadas. O último programa de anistia aprovado pelo congresso americano foi em 1986. Desde então, democratas e republicanos não conseguiram chegar a um consenso sobre outro projeto de lei de reforma da imigração.
A partida desse grupo de imigrantes é um dos fatores que ajudam a manter o número total de imigrantes indocumentados no país relativamente estável, apesar da enxurrada de pessoas que vêm atravessando a fronteira sul recentemente.
A atual população indocumentada permaneceu relativamente constante em cerca de 10,2 milhões nos últimos anos, após atingir um pico de quase 12 milhões em 2008, mesmo com o grande número de recém-chegados sobretudo pela fronteira.
O número de pessoas sem documentos de cerca de uma dúzia de países, incluindo Polônia, Filipinas, Peru, Coreia do Sul e Uruguai, caiu 30% ou mais de 2010 a 2020.
A população indocumentada do México, a principal fonte de imigrantes para os Estados Unidos, caiu de 6,6 milhões para 4,4 milhões durante o mesmo período.
Essa queda foi registrada em quase todos os estados, caindo 49% em Nova York; 40% na Califórnia, 36% em Illinois; e 20% no Texas. Os dados da pesquisa sugerem que esses residentes não estavam se mudando para outros estados, mas voltando para os seus países de origem.
O estudo mostrou que os brasileiros também voltaram em grande número quando a economia do seu país estava prosperando, graças a um boom na exportação de alimentos e as propostas bem-sucedidas para sediar a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, que estimularam um período de bonança no setor de infraestrutura e construção.
Fonte: The New York Times