Após 13 meses de guerra, o Hezbollah entrou em um cessar-fogo com Israel na quarta-feira (27) que o grupo lutará para convencer qualquer um, além de seus mais fervorosos leais, de que a decisão não é de fato uma derrota.
A trégua de 60 dias, que deve estabelecer as bases para um cessar-fogo mais duradouro, vem após três meses de ataques israelenses devastadores que colocaram a organização em desordem.
A infiltração profunda de inteligência permitiu que Israel assassinasse muitos líderes seniors do grupo, incluindo o secretário-geral do Hezbollah por 32 anos, Hassan Nasrallah. Israel bombardeou as comunidades mais leais do grupo, forçando centenas de milhares de pessoas a fugir e explodindo dezenas de aldeias, deixando muitas pessoas sem casas e sem um local para onde retornar imediatamente.
E a decisão fatídica do Hezbollah de não consultar ninguém antes de disparar foguetes contra Israel, dando início a um conflito que se tornou a guerra mais mortal do Líbano em décadas, o deixou isolado no país e no Oriente Médio em geral, com o Líbano enfrentando uma conta exorbitante para reconstruir.
Muitos dos oponentes do Hezbollah no Líbano e em outros lugares esperam que a guerra o tenha enfraquecido o suficiente para que o grupo não consiga mais impor sua vontade ao sistema político do país.
O Hezbollah ainda tem milhares de combatentes no Líbano e conta com a lealdade de grande parte dos muçulmanos xiitas do país.
Depois que o cessar-fogo foi estabelecido na quarta-feira, milhares deles voltaram aos subúrbios do sul de Beirute para inspecionar os danos. Muitos buzinaram, acenaram bandeiras amarelas do Hezbollah e disseram que o fato de o Hezbollah ter sobrevivido já representou uma vitória.
O cessar-fogo deve ser permanente
O presidente dos EUA, Joe Biden, disse aos repórteres na terça-feira (26) que o acordo foi “projetado para ser uma cessação permanente das hostilidades”.
O acordo de 13 pontos entre os governos de Israel e Líbano – e não o Hezbollah – também diz que ambos os países estão “preparados para tomar medidas para promover condições para uma solução permanente e abrangente”.
O acordo afirma que o governo libanês “impedirá o Hezbollah e todos os outros grupos armados no território do Líbano de realizar quaisquer operações contra Israel”.
Israel, enquanto isso, “não realizará quaisquer operações militares ofensivas contra alvos libaneses, incluindo alvos civis, militares ou outros alvos estatais, no território do Líbano”.
Os EUA e a França se juntarão ao Mecanismo Tripartite existente envolvendo a Unifil, o exército israelense e o exército libanês que foi criado para ajudar a chegar a acordos sobre questões contenciosas.
O acordo de cessar-fogo diz que os EUA presidirão o mecanismo “reformulado e aprimorado”, que “monitorará, verificará e auxiliará a garantir a execução” dos compromissos de ambos os lados.
O primeiro-ministro de Israel Netanyahu disse na terça-feira que Israel “manteria total liberdade de ação militar” no Líbano “com total entendimento dos Estados Unidos”.
“Se o Hezbollah violar o acordo e tentar se armar, atacaremos. Se tentar reconstruir a infraestrutura terrorista perto da fronteira, atacaremos. Se lançar um foguete, se cavar um túnel, se trouxer um caminhão carregando foguetes, atacaremos”, afirmou.
Fontes: The New York Times e BBC News