O governo Trump vai punir a Universidade Harvard após a instituição se recusar a cumprir uma lista de exigências do governo federal.

Harvard se tornou a primeira universidade a se recusar a cumprir as exigências do governo, iniciando um confronto entre o governo federal e a universidade mais rica do país. Autoridades federais anunciaram que congelariam US$ 2,2 bilhões em bolsas plurianuais para Harvard, juntamente com um contrato de US$ 60 milhões.

A resposta de Harvard, que classificou as exigências do governo Trump como ilegais, marcou uma grande mudança de tom na reação das universidades em relação a tentativa de interferência do governo federal e pode servir de incentivo para que outras universidades se posicionem da mesma forma.

Numa carta enviada a Harvard na sexta-feira (11), o governo Trump exige que a universidade reduza o poder de alunos e professores sobre assuntos da universidade; denuncie imediatamente às autoridades federais estudantes estrangeiros que cometam violações de conduta; e contrate uma equipe externa para garantir que cada departamento acadêmico tenha “diversidade de pontos de vista”, entre outras medidas. O governo não definiu o que entende por ‘diversidade de pontos de vista’, mas, de modo geral, se referiu à busca por uma gama de visões políticas, incluindo perspectivas conservadoras.

“Nenhum governo — independentemente do partido no poder — deve ditar o que as universidades privadas podem ensinar, quem podem admitir e contratar, e quais áreas de estudo e pesquisa podem seguir”, disse Alan Garber, reitor de Harvard, em um comunicado à universidade na segunda-feira (14).

Desde que assumiu o cargo em janeiro, o governo Trump tem atacado agressivamente as universidades, afirmando estar investigando dezenas de instituições de ensino em seu esforço para erradicar programas de diversidade e o que considera ser antissemitismo generalizado nos campos. O governo suspendeu centenas de milhões de dólares em verbas federais para pesquisa em universidades de todo o país.

O governo demonstrou interesse particular em uma lista restrita das instituições de ensino mais proeminentes do país. Eles miraram primeiro na Universidade de Columbia e, em seguida, em outros membros da Ivy League, incluindo Harvard. Columbia, contudo, se rendeu às demandas de Trump.

Harvard, por sua vez, tem sofrido intensa pressão de seus próprios alunos e professores para resistir com mais firmeza à invasão da universidade e do ensino superior pelo governo Trump.

No mês passado, mais de 800 professores de Harvard assinaram uma carta instando a universidade a “organizar uma oposição coordenada a esses ataques antidemocráticos”.

A universidade pareceu dar um passo nessa direção na segunda-feira. Em sua carta rejeitando as exigências da administração, Dr. Garber disse que Harvard tinha poucas alternativas.

“A universidade não abrirá mão de sua independência nem de seus direitos constitucionais”, escreveu ele. “Nem Harvard nem qualquer outra universidade privada pode se deixar dominar pelo governo federal.”

A carta do governo a Harvard exige um conjunto extraordinário de mudanças que teriam remodelado a universidade e cedido um grau sem precedentes de controle sobre as operações de Harvard ao governo federal. As mudanças teriam violado princípios prezados nos campus universitários, incluindo a liberdade acadêmica.

Algumas das ações que o governo Trump exige de Harvard são:

• Realizar verificações de plágio em todos os membros do corpo docente atuais e futuros.

• Compartilhar todos os seus dados de contratação com o governo Trump e se submeter a auditorias de suas contratações enquanto “as reformas estiverem sendo implementadas”, pelo menos até 2028.

• Fornecer todos os dados de admissão ao governo federal, incluindo informações sobre candidatos rejeitados e admitidos, classificados por raça, nacionalidade, média de notas e desempenho em testes padronizados.

• Encerrar imediatamente qualquer programação relacionada à diversidade, equidade e inclusão.

• Reformular programas acadêmicos que, segundo o governo Trump, têm “históricos flagrantes de antissemitismo”, incluindo a submissão de certos departamentos e programas a auditoria externa. A lista inclui a Divinity School, a Graduate School of Education, a School of Public Health e a Medical School, entre muitas outras.

Fonte: The New York Times

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