As pesquisas nacionais para a corrida presidencial dos Estados Unidos, mostram que Kamala Harris ganhou cerca de três pontos para os democratas desde que se tornou a indicada, com a desistência do presidente Biden.
Mas, segundo uma análise do The Guardian, ao comparar esse desempenho com eleições anteriores, dados da RealClearPolitics revelam que a liderança de Harris sobre Trump é mais fraca do que a de seus oponentes anteriores. Em 30 de agosto, em suas respectivas campanhas, Hillary Clinton liderava Trump por cinco pontos em 2016 e Biden estava à frente dele por 6,3 pontos em 2020.
Mas as pesquisas nacionais são apenas parte da história. Clinton perdeu a eleição de 2016 apesar de ter ganhado mais votos do que Trump, por causa do sistema eleitoral norte-americano.
A eleição presidencial dos EUA é decidida por disputas individuais nos estados. Isso significa que a disputa é decidida de fato por alguns estados indecisos (os swing states), como Pensilvânia, Arizona e Geórgia.
Observando os dados do RealClearPolitics, o The Guardian constatou que Harris conseguiu pelo menos diminuir a diferença, se não ultrapassar, Trump em alguns estados indecisos. Isso é especialmente evidente na Geórgia e no Arizona, onde Harris ganhou mais de quatro pontos desde que Biden desistiu da disputa.
Os pesquisadores apontam os ganhos de Harris especialmente entre os eleitores de cor e os jovens, que haviam se afastado do partido nos últimos meses com Biden como provável candidato democrata, como a principal razão para os democratas terem trazido esses estados de volta ao jogo.
Estar à frente de Trump por alguns pontos nacionalmente não é o suficiente para dar a Harris uma liderança segura em nenhum dos estados indecisos. Trump e Harris ainda estão a dois pontos um do outro em sete estados indecisos – bem dentro da margem de erro das pesquisas.
E vale lembrar. Erros anteriores em pesquisas pré-eleitorais já deram vantagens errôneas aos democratas. Trump superou as pesquisas tanto em 2016 quanto 2020. E há várias razões para isso: muitas pessoas se decidiram bem tarde em quem votar; muitos eleitores de Trump não disseram às empresas de pesquisa quem estavam apoiando; e também erros metodológicos levaram a uma subestimação fundamental do apoio a Trump.
Então, mais do que nunca, essas eleições prometem muitas surpresas.
Fonte: The Guardian