O índice S&P 500 subiu quase 17% no acumulado do ano e o composto Nasdaq está mais de 30% mais alto. Os americanos continuam gastando dinheiro, o desemprego está baixo e o Federal Reserve pode em breve cessar os aumentos nas taxas de juros, à medida que as taxas de inflação diminuem de forma constante – embora lentamente.
Ou seja, o cenário é de bons ventos soprando.
Mas há quem não esteja tão otimista.
Os registros da Comissão de Valores Mobiliários divulgados na segunda-feira (15) mostram que a Berkshire Hathaway (BRKA) do famoso investidor Warren Buffett vendeu quase US$ 8 bilhões a mais em ações do que comprou no segundo trimestre de 2023. Isso não é muito para os padrões de Buffet, mas um movimento significativo para um mercado que está lá em cima.
Outro investidor famoso, Michael Burry, que ficou conhecido por prever corretamente o colapso do mercado imobiliário em 2008, fez uma aposta no último trimestre em um crash de Wall Street. O fundo de Burry, Scion Asset Management, comprou US$ 866 milhões em opções de venda (que é o direito de vender um ativo a um determinado preço) contra um fundo que acompanha o S&P 500 e US$ 739 milhões em opções de venda contra um fundo que acompanha o Nasdaq 100.
Mas a maioria dos gestores de fundos parecem estar mais otimista em relação ao mercado de ações. O Bank of America divulgou uma pesquisa global com gerentes de fundos na terça-feira (15) e descobriu que eles estão menos pessimistas sobre os mercados. Seus níveis de caixa também caíram de 5,3% para 4,8%, o que significa que eles estão investindo esse dinheiro em vez de segurando-o.
Então, o que Buffett e Burry, dois “papas” no assunto, estão vendo que o resto não sabe?
– Colapso econômico da China: a saúde da economia da China tornou-se uma séria preocupação para os investidores americanos. Os traders temem que a fraqueza na segunda maior economia do mundo possa afetar as perspectivas globais. Os gastos do consumidor, a produção industrial e o investimento em ativos fixos da China desaceleraram ainda mais em julho em relação ao ano anterior, de acordo com o Escritório Nacional de Estatísticas. A China também suspendeu recentemente a divulgação de dados mensais sobre o desemprego entre os jovens, depois que o número atingiu recordes repetidamente.
As tensões entre os EUA e a China, enquanto isso, aumentam à medida que as duas maiores economias do mundo discordam em questões que vão desde política comercial e tecnologia até a invasão da Ucrânia pela Rússia.
– O impacto da Rússia e da Ucrânia na inflação: a inflação global finalmente está caindo, mas as tensões geopolíticas continuam ameaçando elevar os preços dos alimentos e do petróleo em todo o mundo. A invasão da Ucrânia pela Rússia continua a alimentar temores de aumento dos preços das commodities, instabilidade econômica global e incerteza em relação à segurança.
– A economia dos EUA está desacelerando: o desemprego está baixo e as taxas de inflação estão caindo constantemente. Mas a economia americana ainda dá sinais de desaceleração. Os consumidores fecham a carteira diante dos preços mais altos e dos custos dos empréstimos, concentrando-se em gastar com artigos de primeira necessidades como mantimentos, em vez de compras discricionárias, como roupas ou melhorias na casa. Há sinais de alguns varejistas de que a demanda está enfraquecendo.
Os bancos permanecem um risco silencioso: ainda existem temores de contágio em torno da crise bancária regional em março. Os grandes bancos também podem estar em apuros: as ações dos bancos caíram na segunda-feira (14) após relatórios de que a Fitch Ratings alertou sobre um rebaixamento adicional do setor bancário dos EUA que poderia afetar as classificações de vários grandes credores americanos.
Fonte: CNN