O Mês da História Negra é comemorado nos Estados Unidos há quase 100 anos. Mas o que é exatamente e quais as origens dessa celebração?
Em 20 de fevereiro e 1895, morreu Frederick Douglass, o mais importante defensor dos direitos civis da época.
Em 12 de janeiro de 1897, Mary Church Terrell, educadora e ativista comunitária, propôs a ideia de férias escolares para celebrar a vida de Frederick Douglass em uma reunião do conselho escolar das “escolas de cor” da área de Washington. A diretoria da escola concordou em reservar a tarde de 14 de fevereiro de 1897, data em que Douglass comemorava seu aniversário (ele havia nascido escravo e não sabia sua data exata de nascimento) para os alunos aprenderem sobre a vida, escritos e discursos do líder civil.
Em 1915, uma outra figura importante entra na história.
Carter G. Woodson nasceu em 1875, filho de ex-escravos. Ele trabalhou em minas de carvão antes de receber seu mestrado na Universidade de Chicago. Ele foi também o segundo afro-americano a conquistar o doutorado na Universidade de Harvard. No verão de 1915, Dr. Woodson participou da celebração do 50º aniversário da emancipação em Chicago, que apresentou exposições que destacavam as realizações recentes dos afro-americanos. Depois de ver as milhares de pessoas de todo o país que compareceram ao evento, Dr. Woodson pensou em fazer mais para honrar a história e o patrimônio negro.
Em 9 de setembro de 1915, Dr. Woodson formou a Associação para o Estudo da Vida e História dos Negros (ASNLH). Hoje, a organização é conhecida como Associação para o Estudo da Vida e História Afro-Americana, ou ASALH. Em 1916, a associação estabeleceu o The Journal of Negro History, o primeiro jornal acadêmico que publicou as descobertas dos pesquisadores sobre as realizações históricas de indivíduos negros.
Dr. Woodson acreditava que “se uma raça não tem história, se não tem tradição que valha a pena, ela se torna um fator insignificante no pensamento do mundo e corre o risco de ser exterminada”.
Para ele, uma celebração da história negra teria um impacto duradouro nas futuras gerações de líderes. Ele disse a uma platéia de estudantes da Universidade de Hampton: “Estamos voltando a essa bela história e ela nos inspirará a conquistas maiores”. Determinado a liderar o estudo dessa história, Dr. Woodson anunciou a primeira Semana da História do Negro em fevereiro de 1926.
Ele escolheu fevereiro porque foi o mês em que Lincoln e Douglass nasceram. Dr. Woodson viu a Semana da História do Negro como uma forma de expandir a celebração desses dois homens e encorajar os americanos a estudar a história pouco conhecida de todo um povo.
Dr. Woodson frequentemente dava palestras na Virgínia Ocidental, e os cidadãos daquele estado começaram a celebrar o que chamavam de Mês da História do Negro na década de 1940.
Na década de 1960, a crescente consciência política entre os estudantes universitários negros levou a uma pressão por mais oportunidades de estudar a história negra. Em fevereiro de 1969, estudantes e educadores da Kent State University propuseram o primeiro Mês da História Negra – e o celebraram em fevereiro de 1970.
Em fevereiro de 1976, o Presidente Gerald Ford fez uma declaração sobre a importância do Mês da História Negra para todos os americanos.
“O último quarto de século finalmente testemunhou avanços significativos na plena integração dos negros em todas as áreas da vida nacional”, disse ele. “Ao celebrar o Mês da História Negra, podemos nos sentir satisfeitos com este progresso recente na realização do ideal idealizado por nossos pais fundadores. Mas, ainda mais do que isso, podemos aproveitar a oportunidade para honrar as realizações muitas vezes negligenciadas dos negros americanos em todas as áreas de atuação ao longo de nossa história”.
Todos os presidentes desde Ronald Reagan emitiram uma proclamação do Mês da História Negra.
Em 2021, o presidente Biden fez sua primeira proclamação em apoio ao Mês da História Negra:
“Fazemos isso porque a alma de nossa nação será perturbada enquanto o racismo sistêmico persistir. É corrosivo. É destrutivo. É caro. Não somos apenas privados moralmente por causa do racismo sistêmico, também somos menos prósperos, menos bem-sucedidos e menos seguros como nação”.
Fonte: The New York Times
Texto original no link: http://bit.ly/3WPQKPz