Embora as tarifas de Donald Trump e medidas retaliatórias de outros países ainda não tenham afetado o crescimento econômico, empresas americanas não estão esperando para tomar iniciativas. Algumas estão introduzindo “sobretaxas tarifárias”, anunciando novos preços em seus sites e em cartas aos consumidores.
A Labucq, que vende calçados de alta qualidade fabricados na Itália, abordou as tarifas e seu impacto nos preços em uma publicação recente nas redes sociais. A empresa afirmou que uma tarifa americana de 20% sobre as importações da União Europeia, anunciada por Trump em 2 de abril, exigiria que a empresa aumentasse os preços em 10% a partir de 15 de abril. As tarifas foram adiadas temporariamente. No entanto, a Labucq afirmou que seus preços aumentarão em cerca de 10% em 7 de maio, observando que os aumentos são necessários para que a empresa “permaneça sustentável”.
A Dame, uma marca de bem-estar sexual que fabrica brinquedos para adultos e produtos de cuidados pessoais, implementou uma “sobretaxa tarifária Trump” de US$ 5, que é adicionada automaticamente aos carrinhos de compras online dos clientes no momento do checkout.
A CEO da Dame, Alexandra Fine, afirmou que a taxa não cobre todos os custos extras e que a empresa está ainda analisando seus preços, visto que a maioria de seus produtos é fabricada na China. “Toda a nossa indústria está na China, então já sentimos o impacto”, disse ela à CBS MoneyWatch.
Outras empresas também estão se mobilizando para aumentar os preços. A fabricante americana de chips Micron afirmou que planeja “repassar esses custos aos nossos clientes”.
A Honeywell Building Automation, que projeta sistemas de segurança e eficiência para edifícios, anunciou no início de março novos preços relacionados às novas tarifas sobre a China, México e Canadá. A empresa começou a aplicar uma “sobretaxa tarifária” de 6,4% em seus sistemas de gestão predial, excluindo software e serviços de assinatura, afirmando que a medida era necessária “para mitigar o impacto das tarifas”. A Honeywell também afirmou que eliminaria a taxa extra “assim que tais tarifas não estivessem mais em vigor”.
Outras empresas estão usando a situação como ferramenta promocional. Embora seja verdade que os consumidores podem acabar pagando mais se esperarem para comprar móveis, eletrônicos, automóveis e muito mais, as “vendas pré-tarifárias” alimentam o medo dos consumidores de que os preços possam subir e podem ser uma forma eficaz de impulsionar as vendas, de acordo com especialistas.
“As tarifas estão injetando incerteza no mercado e, quando há alta incerteza, os consumidores tendem a superestimar suas perdas, então tentam se proteger delas o máximo possível de uma forma muito irracional”, disse Denish Shah, professor de marketing da Robinson College of Business da Universidade Estadual da Geórgia, ao CBS MoneyWatch.
Grandes redes estão dando seu toque pessoal às promoções relacionadas às tarifas. A fabricante de móveis Raymour & Flanigan está incentivando os clientes a “fixarem os preços pré-tarifários” em um banner em seu site. A empresa, no entanto, não indica que tipo de aumentos de preços poderá implementar no futuro, em decorrência das novas taxas.
Em tempos de incerteza, os consumidores estão propensos a comprar por medo.
Fonte: CBS News