A recuperação econômica dos Estados Unidos ganhou ímpeto na primavera, uma vez que os elevados gastos dos consumidores e o ressurgimento do investimento empresarial ajudaram, mais uma vez, a manter a recessão afastada.
O produto interno bruto, ajustado pela inflação, aumentou a uma taxa anual de 2,4% no segundo trimestre, segundo o Departamento de Comércio. Isso foi acima da taxa de crescimento de 2% nos primeiros três meses do ano e muito mais forte do que os analistas esperavam alguns meses atrás.
Os consumidores são os principais responsáveis pelo crescimento. Os gastos aumentaram a uma taxa 1,6% mais lenta do que no primeiro trimestre, mas ainda de forma sólida. Grande parte desse crescimento veio de gastos com serviços, já que os consumidores desembolsaram boas quantias em viagens de férias, refeições em restaurantes e ingressos para Taylor Swift.
No entanto, o investimento empresarial se recuperou no segundo trimestre, após uma queda nos primeiros três meses do ano, e o aumento dos gastos dos governos estaduais e locais também contribuíram para o crescimento.
A persistência da economia surpreendeu os economistas. Muitos deles pensavam que a alta inflação – e os esforços do Federal Reserve para eliminá-la por meio de aumentos agressivos nas taxas de juros – levariam a uma recessão, ou pelo menos a uma clara desaceleração no primeiro semestre do ano. Por um tempo, parecia que eles estariam certos: as empresas de tecnologia estavam demitindo dezenas de milhares de trabalhadores, o mercado imobiliário estava em profunda crise e uma série de falências de bancos gerou temores de uma crise financeira.
Mas ao invés disso, as demissões ficaram restritas a alguns setores, a crise bancária não se espalhou e até mesmo o mercado imobiliário começou a se estabilizar. O mercado de trabalho permaneceu forte, dando aos americanos dinheiro para gastar: a renda pessoal, após impostos e ajustada pela inflação, aumentou a uma taxa de 2,5% no segundo trimestre.
Juros mais altos dos últimos 22 anos
Depois de mais de 2 anos limitados pela pandemia do Covid-19, as pessoas querem mais é gastar. Mas economia aquecida significa mais aumento de juros.
Na quarta-feira (26), o Federal Reserve (Fed) aumentou as taxas de juros mais uma vez. Onze vezes em 17 meses. A campanha agressiva do Fed visa derrubar a inflação. E pode estar funcionando. Com base na leitura mais recente, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor cresceu apenas 3% em junho. E a medida de inflação preferida do Fed – o principal Índice de Despesas de Consumo Pessoal – caiu para 4,6% em sua leitura mais recente.
Em ambos os casos, os números ainda estão acima da meta de 2% do Fed, o que sugere que o banco central dos EUA pode não ter terminado ainda sua jornada de altas.
Com o aumento de um quarto de ponto percentual para uma meta de 5,25% a 5,5%, é a taxa de juros mais altas desde inicio de 2001.
O que isso significa para o consumidor?
• As oportunidades de poupança são muito boas – finalmente conseguiu fazer aquela viagem de verão? Agora pense em guardar um pouco. Há várias opções de CDs de curto prazo pagando entre 4% e 5%.
• Cartões de crédito estão caríssimos – Em 19 de julho, a taxa média de juros do cartão de crédito era de 20,44%, ligeiramente abaixo dos 20,58% registrados na semana anterior, de acordo com o Bankrate.com. Mesmo assim, ainda é mais de 6 pontos percentuais acima da média registrada no início do ano passado.
• Custo de financiamento de uma casa ainda está alto – A taxa média de uma hipoteca de 30 anos era de 6,78% na semana encerrada em 20 de julho, abaixo dos 6,96% da semana anterior, de acordo com Freddie Mac. Mesmo assim, ainda está bem acima dos 5,54% registrados há um ano.
Fonte: The New York Times e CNN